Meu garoto

Dia, lugar e hora

Três semanas depois 

Anthony estava vendo TV ao meu lado, eu com certeza não estava prestando atenção no desenho, apenas encarava a TV esperando uma solução aparecer milagrosamente.

Não consegui um trabalho, até fui em algumas entrevistas de emprego, mas não deu em nada, simplesmente continuo aqui vendo as dívidas.

As palavras de Vênus não saiam da minha cabeça, eu não precisava fazer nada e Vênus nunca me deu maus conselhos, não é como se do nada ela fosse fazer isso, não é? Mas a ideia ainda parece um pouquinho demais, sair com um homem apenas por dinheiro… eu estaria usando ele, tecnicamente ele também estaria me usando.

Chega, chega dessa ideia maluca, eu vou sair dessa, uma hora ou outra esse emprego vai dar certo.

Olho no relógio, já são 20:32 e nada do meu pai chegar, ele avisou que se atrasaria, mas não achei que seria tanto, normalmente ele está em casa até as 19:00. 

— Amorzinho, vamos dormir – falo enquanto pego Anthony no colo, ele nem tenta resistir, o sono já o pegou de jeito.

Depois de deixar meu pequeno perfeitamente seguro em sua cama, voltei para a sala e coloquei em um canal qualquer, não conseguiria me concentrar em nada mesmo, só preciso esperar o garanhão da vizinhança chegar.

O namoro do meu pai está indo bem, aparentemente está mais sério do que imaginei, mas ele está radiante. 

Meia hora depois ele passou pela porta, um sorriso no rosto, eu queria abraçar ele, estava tão feliz por ele, ele acima de todos merecia encontrar o amor novamente.

Quando me viu ele apenas acenou e foi na direção da cozinha, ouvir ele mexer nas panelas, decido ir atrás dele, sento no balcão da cozinha e ele me repreendeu com o olhar, apenas ignoro.

— Como foi o encontro?– papai colocou comida pra ele — Pela fome percebe-se que gastou muitas energias.

— Me respeita garoto, o encontro foi muito bom… Hera é uma mulher fantástica – e lá estava o sorriso bobo — Ah, o dinheiro já caiu no aplicativo do banco, pega aí para pagar as contas 

Desde os meus 16 anos cuido da parte financeira da casa, meu pai nunca teve paciência com isso, e sempre confiou demais em mim para isso. Quando abri o aplicativo estava os 1.300, a cada ano os descontos ficavam maiores, eu realmente não sabia como ia pagar todas as contas assim.

Respiro fundo, me despeço do meu pai e digo que amanhã resolvo isso, talvez uma noite de sono me dê coragem.

Vênus P.o.v

Mags: Sobre a história do dinheiro… de quanto estamos falando… – Eu realmente não esperava receber essa mensagem 

2.000

Se ele se interessar realmente por você pode dar mais dinheiro.

Mags: É apenas uma vez?

Sim, ele raramente gosta de repetir, e mesmo que faça pagaria novamente se aceitasse.

Mags: a possibilidade de termos esse "Encontro" ainda existe?

Sim, você é o perfil dele…  ou pelo menos quase, ele tem uma quedinha por loiros 

Mas eu teria que falar com ele, para ver se ele quer 

Mags: Faria isso por mim… tô realmente precisando dessa grana.

Vou falar com ele… te passo a resposta mais tarde 

Sei que isso deve está sendo realmente difícil para Magnus, talvez meu conselho/solução tenha sido o melhor, mas foi a primeira coisa que pensei.

Desde que vim trabalhar com Senhor Lightwood, ele tem esses "encontros", nunca se repetiu ou deu problema, e já vi vários garotos heteros nesse barco. Quem reclamaria de receber ou pagar um boquete naquele homem.

Infelizmente eu não possuía os pré-requisitos para isso, mas com toda certeza vontade não faltou.

Me levantei e fui na sala dele, eu poderia dizer exatamente o que ele estava fazendo, precisei aprender cada pequena mania dele, tive que me tornar a sombra dele, coisa que não era exatamente fácil, mas me poupava um certo trabalho.

Bato na porta e escuto o "Entre" de sempre, e lá estava ele como sempre completamente de preto, algumas pessoas falam que ele passou a se vestir assim depois da morte da esposa, outros dizem que o Senhor Lightwood sempre foi assim.

Ele estava de cabeça baixa, encarando alguns papéis, esperei até ele parar de ler e me encarar.

— Tenho um novo garoto – ele sorriu minimamente e fez um sinal para que eu me aproximasse 

— Fale mais 

— Tem quase 20 anos, solteiro, asiático e declarasse heterossexual – eu sabia que esse último detalhe chamaria sua atenção.

— Fotos – odiava quando ele estava em dias assim, não que ele falasse muito, mas às vezes formulava frases.

Abro o perfil do Instagram do Magnus, ele passa uns bons minutos olhando, eu sabia o que tinha ali, eu havia ajudado ele a escolher cada foto.

— Esse garoto é irmão dele? – a pergunta me pegou de surpresa

— É filho dele – Lightwood me encarou, parecia levemente incrédulo, não era de se surpreender, a maioria dos garotos queriam apenas dinheiro para ostentar.

— Dia 08, às 18:00 – ele me devolveu o Tablet — Prepare tudo – eu estava me preparando para sair — Calix, quando Jace chegar pode mandar entrar direito – algo como um sorriso malicioso surgiu em seu rosto, ele assim como quase toda a empresa sabia que tínhamos… esse caso maluco.

Volto para a minha mesa e aviso a Magnus que passo na casa dele a noite para organizar os detalhes, ter que sempre preparar todas as questões burocráticas quando meu chefe vai ter um encontro é exaustivo, mas pelo menos paga bem.

Alexander exige exames de Dst e Ist, além de um acordo de confidencialidade assinado, eu entendo a importância disso, mas custava ter um amante só?

Não demora muito para o Herondale aparecer ali, com seu sorriso fácil que deixa claro que ele não presta, talvez seja por isso que a ex esposa tenha pedido o divórcio depois de 4 anos de casamento, ele nunca se casou novamente, teve apenas alguns casos com alguns modelos, e baseado na fato de estarmos transando acredito que várias secretarias também estejam na lista.

— Olá minha linda – ele disse se debruçando sobre a mesa

— Bom dia senhor Herondale – tento soar profissional e ele revira os olhos. — O senhor Lightwood está lhe esperando na sua sala.

— Espero que me chame de senhor mais tarde, na minha cama – não houve resposta, ele seguiu para a sala e eu voltei ao meu trabalho