De onde eu estava podia vê-lo perfeitamente, Magnus atendia uma mesa, sorria para um casal, mas aquele sorriso não se parecia em nada com o sorriso de sempre, ele parecia cansado.
Eu precisava escolher, eu com certeza já havia decidido que quero ele, que preciso dele, mas esse é o momento? Porque eu sei que não posso aceitar que ele trabalhe aqui, não se for meu.
Não me lembro a última vez que fui atrás de alguém, sempre era algum garoto que precisava de dinheiro e conhecia a pessoa certa, e agora eu estou aqui com medo de receber um não de um garoto.
Eu entro e ele me vê, e aquele sorriso apareceu, procuro uma mesa mais distante possível, vejo quando uma atendente veio em minha direção, Magnus a para e fala algo para ela, e logo depois ele vem na minha direção.
— Boa noite senhor, gostaria de pedir alguma coisa? – e aqui está ele na minha frente, e por Raziel eu só queria tê-lo em meus braços.
— Eu quero conversar com você, e até que tenha um horário para isso eu aceito uma fatia de bolo de cenoura… mas se não quiser falar comigo eu saio depois do bolo.
— Alexander eu… Eu saio às 20:00, se quiser esperar você pode me levar para jantar – Olhei meu relógio, 19:18.
— Vou lhe esperar aqui então – ele sorriu e saiu, não demorou muito e a outra garçonete trouxe meu bolo, fiquei matando o tempo enquanto via as pessoas entrarem e saírem, não posso dizer que estava profundamente entediado pois sempre gostei de parar e observar as coisas ao meu redor, mas a minha ansiedade em relação a essa conversa deixa o momento um pouco desagradável.
De uma maneira estranha meu nervosismo diminuiu quando eu o vi se aproximar, com roupas casuais e uma pequena bolsa nas costas, ele parou na minha frente.
— Vamos? – assenti e seguimos até onde estava meu carro, abri a porta para ele e depois entrei.
— Quer ir a algum lugar? Não pensei em nenhum – admiti e ele pareceu pensar, eu sinceramente não estava muito preocupado onde teríamos essa conversa.
— Uma lanchonete, quero comer um lanche – levei ele até a lanchonete mais próxima, vi seu sorriso enquanto comia aquele negócio, precisei fazer minha melhor cara de paisagem na hora de recusar.
Para a minha sorte ele come rápido, não gosto de fazer propostas e acordos enquanto alguém come, tenho a péssima sensação de que a pessoa não está prestando a devida atenção.
— Não acho que tenha me chamado apenas para me ver comer – Magnus estava terminando suas batatas — Apesar de que você parece bastante interessado.
— Vou ser direto, eu vim lhe fazer uma proposta – Magnus fez um gesto para que eu continuasse — Eu queria te contratar para ser meu acompanhante fixo, você não precisa me dar uma resposta definitiva agora, pode perguntar e fazer suas exigências.
— Se eu aceitar, seríamos exclusivos, não é? – pelo seu tom estava claro que aquilo era uma exigência, e não me oponho a isso.
— Se assim você desejar – ele parecia satisfeito, e um pouco propenso a aceitar.
— Quando a Vênus me falou sobre tudo isso, ela deixou claro que você tinha preferência em garotos mais jovens, você pode me explicar – esse pedido me ofendeu um pouco, apesar dele não ter falado, estava explícito: você é um pedófilo?
— Eu tenho uma preferência sexual por garotos no fim da adolescência, mas tenho uma exigência pessoal de ficar apenas com meninos maiores de idade. A ideia de me envolver com alguém que a lei não considera perfeitamente capaz de tomar suas próprias decisões não me agrada – ele parecia levemente aliviado, mas se sua dúvida era pelo filho, como eu imagino, duvido que ele tenha se sentido 100% aliviado — Eu também tenho uma exigência. Se aceitar você tem que sair daquele trabalho
— Você enlouqueceu? Você tem noção que eu tenho um filho, né? – assenti sabendo exatamente onde isso iria dar — E deveria saber que eu tenho obrigações, eu não posso deixar meu trabalho por você.
— Eu sei que você tem um filho e tenho ciência das responsabilidades que vem com isso, mas como eu disse eu estou lhe contratando, você receberá por isso. Mas se prefere continuar trabalhando, tudo bem, mas me explica como você vai dividir seu tempo comigo, seu filho e o trabalho porque com certeza vou querer te ver com regularidade.
— Eu…
— Vou querer no mínimo dois encontros semanais, às vezes viajar no fim de semana… não estou falando que você precisa ficar em casa sem fazer nada, mas até onde sei no seu trabalho atual você mal tem tempo de comer, e você pode fazer um curso, se quiser eu mesmo pago.
— Eu preciso pensar – Magnus se levantou e começou a andar até a porta, ele parecia aéreo, fui até ele e segurei seu braço — Eu vou para casa.
— Eu te levo – ele não protestou, apenas entrou no carro comigo e informou que estava morando com a minha secretária, levei ele até lá e o deixei na porta.
P.o.v Magnus
Uma parte de mim diz que eu devo aceitar, tudo ficará bem e sendo bem realista sei que com Alexander eu ganharia muito mais, e com toda certeza não chegaria tão exausto em casa. Mas não posso confiar tanto nesse homem que mal conheço, o futuro do meu filho é algo que com certeza está nas minhas prioridades, mas qual escolha é a melhor para ele.
Abro a porta de casa e Vênus tá jogada no sofá, desde seu estranho rompimento com o loiro ela tem passado bastante tempo em casa, não que eu esteja reclamando, ela costuma cuidar bem do Anthony, tento não sobrecarregá-la, mas ela sempre diz "sou a madrinha dele, segunda mãe", e graças ao anjo ela está aqui porque eu não consigo cuidar dele sozinho.
Mas no segundo que ela me olha eu volto ao meu dilema, aceitar vender meu corpo de forma fixa a Alexander não parece ser tão diferente do que eu já fiz, mas a ideia não parece ser melhor por isso, eu seria sempre o amante sórdido deste homem, nada além disso.
— Alexander foi falar comigo hoje – ela ficou me olhando calada — Me fez uma proposta, ele quer me contratar para ser acompanhante fixo dele – Ela continuou calada — Fala alguma coisa.
— Eu aceitaria sem hesitar, mas você não sou eu – sentei ao seu lado e ela desligou a TV — Porque você quer negar?
— Ele disse que eu teria que me demitir, e quando eu falei que não faria isso ele mostrou que eu não conseguiria equilibrar tudo, mas se eu aceitar…
— Qual o problema de aceitar?
— Eu vou depender dele, e não quero depender dele – Ela me olha confusa.
— Você é idiota? Eu tava esperando algo moral ou sobre como você se sente ao vender seu corpo, mas porra ele vai tá pagando por um serviço. Não tem diferença entre o que você tá fazendo agora – ela deitou no sofá – Ele não tá te fazendo um favor Mags, se ele tá te propondo isso é porque ele te quer, mas é covarde demais para assumir.
— Eu preciso pensar – acho que essa é minha nova resposta favorita.
— Óbvio que precisa, não é uma decisão fácil… Mas pelo menos tenta entender o motivo real de não querer aceitar, porque entrar nesse rolo sem ele tá resolvido pode ser bem pior – logo depois ela manda eu ir banhar, porque segundo ela as melhores decisões são tomadas depois de um banho quente.
Enquanto a água quente cai na minha cabeça tento me concentrar em Alexander e em que significa ter um "caso", nunca fui um homem de me importar com a moral em si, não considero prostituição algo errado é apenas um serviço, mas porque sinto que estou manchando a imagem da Camille… Camille então é por causa dela, eu não estaria traindo ela, não é? Camille se foi a tanto tempo que o som de sua risada quase está sumindo de minha memória.
Mas apesar da saudade e de todo o amor que sinto por ela, não posso tomar decisões na vida colocando ela na equação, Camille foi o quase amor da minha vida, mas infelizmente não pode ser mais.
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Meu garoto
RomanceAlexander Lightwood um homem rico que possui um grande interesse por rapazes bem mais novos. Magnus, prestes a completar 20 anos, viu sua vida mudar quando descobriu que seria pai e perdeu a mulher da sua vida. A vida dos dois se cruza quando Magnus...