Final

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Natal é a época perfeita para comprar uma roupa bonita e ficar na sala de enfeite. Neste ano a festa seria na casa dos Lightwoods, uma exigência de Magnus.

Anthony estava sentado na cama encarando as mãos, o garoto não estava sério, não esboçava nenhuma emoção. 

— Você tá lindo — Magnus falou ao entrar no quarto do filho — Está nervoso? 

— Não, eu só… Ele não vai me ver casar. Não vai ver meus filhos — Magnus abraçou o filho pela cintura do filho que permaneceu no mesmo lugar — Hoje eu preciso focar no Éris, eu preciso pensar no nosso futuro, mas passei o dia inteiro pensando que esse é meu último Natal com o papai. Acho melhor a gente ir descendo.

Magnus não tinha o que responder, não se sentia preparado para confortar o filho quando ele mesmo estava destruído por dentro.

Quando chegaram na sala  Alec estava no sofá com as filhas, elas tentavam adivinhar de quem era casa presente. Quando o mais velho viu Magnus entrando seus olhos assumiram um brilho diferente, um brilho que só pertencia ao marido.

Meia hora depois os convidados chegaram, Magnus havia preparado algo mais íntimo. Apenas a família, Magnus sabia que Alec odiava multidões e estava fazendo de tudo para o marido amar aquela noite.

Anthony não saiu de Éris e do seu pai, ele se sentia forte quando estava segurando a mão de Éris, ele sentia que poderia enfrentar tudo e todos.

A ceia foi servida à meia noite, houve muita conversa, risadas eles estavam confortáveis em sua bolha, vivendo como se aquele momento não fosse incrivelmente frágil, como se o mundo deles não estivesse ruindo.

Depois do jantar iniciaram a troca de presentes, Anthony decidiu começar as atividades. Ele pegou uma pequena caixa azul marinho. 

— Eu cresci vendo o amor, lealdade e companheirismo por toda parte. Eu cresci e sonhei com um amor como os do meus pais, eu sabia que encontraria alguém que eu amaria com todas as forças, que não importa o quão difícil e doloroso pareça ser, enquanto tiver amor, lealdade e companheirismo as coisas se aceitariam. Mas eu não preciso procurar porque ele esteve por tanto tempo, e confesso que eu demorei a perceber, mas quando percebi jurei a mim mesmo que não o deixaria escapar sem lutar… Éris Herondale, não prometo uma vida fácil, não prometo um final feliz porque não quero que tenha fim, não prometo a calmaria, mas te prometo que te amarei a cada batida do meu coração, prometo que farei o possível e o impossível para te fazer feliz… Éris Herondale aceita namorar comigo? — O garoto pulou nos braços do outro e beijou cada pequeno lugar do seu rosto enquanto repita sim.

Os próximos minutos foram de felicitações ao casal e ameaças veladas, mas Anthony não precisava de ameaças para saber o quão errado seria partir o coração daquele garoto.

Logo depois voltaram para os presentes, até que só faltava Alec presentear Anthony. O garoto não viu nenhum presente sobrando então imaginou que o pai não lhe daria, até que Alec foi até seu pequeno escritório e voltou com uma caixa retangular preta.

— Hoje eu parei pra escrever alguma coisa assim sobre você e simplesmente me deixei levar pela emoção de poder lhe falar. Do dia em que eu te conheci você estava tão curioso sobre o meu mundo, você é um lindo presente que o Senhor me deu, você é realidade de um sonho meu. Quando você chorou Deus me ensinou uma nova canção, seus olhos de um anjo pequeno iam se fazendo minha religião, coisas que de mim não saem a  primeira vez que me chamou de pai. Vou lhe confessar agora, meu filho com você eu aprendi que um homem tem que ter família — Alec entregou a caixa para o filho, havia um pequena placa escrito CEO Anthony Lightwood-Bane, o garoto encarou o pai que apenas o abraçou — Isso sempre foi seu por direito, eu sei que você fará o que nunca pude fazer, sei que será melhor. Sei que será perfeito. 

— Pai… 

— Seja feliz, seja você mesmo. Eu confio a minha vida a você e tudo que eu tenho de mais valioso, você é o homem que eu sempre quis ser. Você é uma força da natureza, nunca deixe ninguém te diminuir — Anthony apertou o pai com força. 

Três anos depois 

Alec estava certo, Anthony passou o dia pensando sobre como Alec parecia saber exatamente o que Anthony se tornaria. Ele só não sabia se Alec se orgulharia dele.

Desde a morte do pai Anthony não falou sobre ele, não foi ao velório e não quis participar de nada que fosse relacionado a ele.

Até hoje, algumas semanas Anthony havia sido indicado a um prêmio de empresário do ano, era o homem mais jovem a ser indicado. Prêmio esse que Alec ganhou 8 vezes. Hoje seria a cerimônia de premiação e todos os pensamentos de Anthony estavam focados no pai.

— Me leva até meu pai — Éris encarou Anthony perdido.

— Seu pai já deve está indo pra lá.

— Éris, por favor… eu preciso falar com meu pai, eu não posso fazer isso sem falar com ele — Éris entendeu quase que automaticamente e virou na esquina. 

Todo o percurso e a forma como entrou ali era um borrão, quando percebeu já  estava em frente a lápide. 

— Eu casei, foi ano passado. Foi uma cerimônia na praia — Anthony se sentou no chão, não se importando o quão suja sua roupa ficaria — Eu vou adotar uma criança, é um menino. O nome dele é Azriel. Ele parece com você. Eu sei que não me despedi… Mas eu não queria que fosse real. SÃO A PORRA DE SETE PALMOS e eu tô aqui tendo que lidar com a droga do mundo sem você. Você deveria ter me ensinado a viver sem você… eu não deveria precisar disso. Pai, hoje eu descobri que eu cresci é que, de repente, eu me vi tão sozinho na estrada. Eu não sei o que fazer, eu tenho uma vida… e nada parece fácil, você fazia parecer tão fácil. Pai, o que é que a gente faz quando o sucesso não traz a paz que a gente procura? 

Anthony se levantou e tirou a sujeira da calça, uma brisa suave passou por ele, ele olhou para as estrelas e procurou a mais brilhante no céu e sorriu.

— Obrigado por sempre me dar o colo que preciso — Ele se sentia em paz, como não se sentia a muito tempo. Foi até o marido e o beijou, agora ele estava pronto e Éris sabia disso.

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