vou nos destruir

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Meu pai dormia tranquilamente, o barulho do  aparelho não me deixava esquecer que ele estava internado no hospital… E tudo que eu consigo pensar é em como isso afeta o meu relacionamento, estou me sentindo um bastardo egoísta dos infernos, mas como eu posso jogar a bomba da minha sexualidade sobre eles, agora que meu pai veio parar no hospital depois de receber uma péssima notícia.

Parecia que os céus estavam determinados a minar qualquer chance de eu ser feliz, agora que eu finalmente tinha uma família para chamar de minha, eu… Eu não deveria pensar nisso, eu deveria estar agradecendo por meu pai estar bem.

— Alec, querido você deveria ir para casa – minha mãe chama a minha atenção, ela estava com os olhos inchados devido ao choro, seu semblante estava apático.

— A senhora deveria ir pra casa, eu fico com ele…

— Eu prometi que estaria com ele na saúde e na doença, vá para casa, amanhã você vem vê-lo – Era esse o futuro que aguardava a Magnus? Idas ao hospital e ficar ao meu lado quando eu adoecer? Quanto tempo eu poderia lhe dar antes de ficar preso em uma cama? — Querido? – Forcei um sorriso, e assenti. Não me restavam forças para contrariá-la

Me despedi dela, e pedi para me avisar caso houvesse alguma mudança significativa, durante todo o caminho dúvidas sobre o futuro da nossa relação rodavam sobre a minha cabeça.

Eu estava a horas ignorando todas as mensagens do Magnus e Jace, não estava com cabeça para conversar, eu só quero que todos os meus problemas se resolvam magicamente.

(...)

Minha cabeça latejava, todos os meus músculos doíam, e mesmo depois de horas de sono eu ainda me sentia cansado, sei que nesse momento a única pessoa que pode me fazer melhorar é a única que não quero ver. Abro meu aplicativo de mensagens, haviam várias mensagens, não leio nenhum.

Não estou bem no momento, prefiro ficar sozinho

Meu pai está melhor… amanhã a gente conversa.

Não esperei pela resposta dele, apenas joguei o celular sobre a cama, eu queria me arrepender de amá-lo, de tê-lo conhecido.

O certo e o errado parecia tão preto no branco, estava óbvio que qualquer resultado disso seria um dos dois – ou os dois – sofrendo, e eu precisava apenas escolher qual final seria menos doloroso.

E mesmo que doa por um final, é bem menos dolorido que uma vida regada de limitações, eu não posso me colocar como prioridade nessa situação, preciso avaliar como isso vai afetar as pessoas que amo – meus pais, Magnus e meu filho – e nesse momento o melhor que posso fazer por eles, e deixá-los seguir em frente.

— Você não pode sumir do mundo – Jace entrou no quarto como se fosse o dono do lugar, Jace fazia isso desde a adolescência — Tecnicamente você pode… mas não deve.

Olhei para ele e voltei para a minha posição, a idade me permitia ser rude e não ser considerado mal educado, ele já passou por muito na vida.

— Não seja idiota, me fala logo o que está acontecendo porque eu sei que ta acontecendo alguma coisa – Jace respirou fundo e sentou ao meu lado —  E nem venha falar que é pelo pai, você não ficou assim nem quando ele sofreu um acidente de carro.

— Vou terminar com Magnus e realmente não sei como fazer isso – as palavras tinham um sabor ácido na boca, falar aquilo doía no fundo da minha alma, como eu iria terminar com ele?

— Você vai fazer o que? Você ia pedi-lo em casamento… O que aconteceu? – Jace parecia transtornado

— Eu ia fazer isso porque queria uma família, e Anthony parece tão perfeito para ser meu filho, eu o vejo como tal, mas não posso me casar com o Magnus apenas por querer uma família… – Uma voz gritava que eu era um mentiroso.

— Alec isso não faz sentido… Você vai destruí-lo – eu vou nos destruir, mas ele terá tempo de se reerguer.

— Jace não venha com isso, eu simplesmente não quero me prender a um homem simplesmente porque me sinto como pai do filho dele…

— Eu desisto, quer estragar a única coisa realmente boa que aconteceu na sua vida, faça isso… mas não conte comigo quando se sentir miserável

Magnus P.o.v

Todos os meus músculos avisavam que algo de errado estava acontecendo, Alec estava estranho a uns dois dias, as únicas vezes que realmente falou comigo foi para perguntar sobre o Anthony. Esse carinho com meu filho me deixa feliz, mas parecia que Alec me queria longe se sua vida e essa sensação estava me matando aos poucos.

Hoje ele me chamou para ir na sua casa, eu sabia que seu pai já havia saído do hospital, e torcia para sua estranheza ser apenas por isso.

Quando o vi pela primeira vez em dois dias, tive a certeza que eu não sairia bem dessa, Alexander evitava meus olhos a todo custo, além de manter distância.

— Você quer jantar primeiro? – sua voz parecia um sussurro, ele aparentava estar triste e cansado.

— Não, eu quero que você me conte o que está acontecendo – ele assentiu e me guiou até o sofá.

A casa estava incrivelmente silenciosa e escura, nenhum dos empregados parecia estar em casa, a casa parecia ter mudado desde a minha última visita.

— Eu estive pensando sobre nós, e sobre o que realmente isso significa para mim… e percebi que me apaixonei pela ideia de família que você me trás, você é lindo e um cara realmente incrível, mas todos os meus sentimentos eram um sonho infantil de ter uma família – Desviei os olhos, eu não conseguia olhá-lo enquanto ele partia meu coração — Então Anthony surgiu, e no primeiro segundo que o vi ele roubou meu coração, e eu sabia que a única forma de ter meu filho era continuar com você – Minha mão voou tão rápido na cara dele, que só percebi o que havia feito quando ouvi o som tapa

— Você disse que me amava – minha voz saiu mais afetada do que eu queria, eu não queria ser fraco agora.

— Eu achava que te amava, e eu realmente podia passar meses fingindo que ainda acredito nisso, afinal não é difícil me divertir com você… – Eu não ouvi nada depois disso, apenas me levantei e saí correndo, não sei como cheguei em casa. A primeira coisa que fiz foi me jogar no colo da Vênus e chorar enquanto sentia meu coração sangrar.

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