Estou morrendo

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Anthony estava atrasado, esse deveria ser seu segundo encontro, eles já deveriam estar no parque. Éris tentava empurrar as inseguranças para embaixo do tapete. 

Ele olhou pela milésima vez para o celular, não havia nada, nada de mensagens ou ligações. Andou de um lado para o outro do quarto. Nada diminuiu seu nervosismo.

— Éris querido — A mãe dele apareceu na porta do quarto, todos os sinais de alerta de Éris dispararam. Ele não sabia se era a voz, a cara de choro ou o leve tremor nas mãos dela, mas algo estava errado. 

— O que aconteceu? 

— Alec ele… ele teve um espasmo coronário. Magnus me ligou e pediu para te avisar que Anthony não está em condições de sair hoje, ele vai ficar com o pai — O mundo pareceu desacelerar. Todos que conhecem Anthony sabem que os pais dele são seu mundo, sua base, a fonte de toda a sua força e genialidade. Éris não conseguia imaginar como ele estava se sentindo — Antes de qualquer coisa, não acho que seja um bom momento você ir lá agora. Magnus só me ligou porque não queria que a notícia chegasse ao seu pai de qualquer forma, Anthony está destruído e precisa ficar a sós com a família.

O garoto concordou e abraçou a mãe, ele também estava mal, Alec era seu padrinho, seu amigo.

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Ouvir alguém dizer que não pode fazer nada pelo seu pai, que a medicina não podia fazer nada para curá-lo, que não importa o quanto dinheiro eles tenham nada vai impedir o coração dele de parar.

— Então você me fez perder o meu tempo para dizer que é inútil? 

— Anthony! — Magnus repreendeu o filho.

— Com licença, vou ficar com meu pai — Ele seguiu até o quarto do pai, Alec dormia serenamente na cama, ele havia insistido em ficar em casa e ninguém o contrariou. 

Milhares de memórias inundaram sua mente, Alexander lhe ensinou a ser um homem, a ser honesto. Anthony nunca sentiu falta da mãe, Alec fez o possível e o impossível para suprir cada necessidade do garoto e fez um trabalho excelente.

— Então seus planos em um domingo é ficar sentando ao meu lado? Sei que sou lindo, mas não acredito que me ver seja um tão especial — Anthony fez um carinho leve na mão do pai. Os olhos azuis estavam atentos, focados em cada detalhe do garoto — Deita comigo? — Quando o garoto se aproximou da cama, Alec o advertiu — Tira o tênis. 

Anthony sorriu suavemente, se sentia uma criança de cinco anos, mas não se importou, na verdade ele queria ser apenas uma criança de cinco anos procurando conforto no colo do papai.

Ele se aconchegou no colo do maior e chorou, Alec abraçou o garoto, Anthony queria dizer algo ao pai, queria melhorar tudo, queria sentar em uma mesa e só sair de lá com algo que garantiria a imortalidade do pai.

Alec acariciava os cabelos do seu bebê, era impossível não lembrar de quando Anthony foi suspenso por brigar com os colegas de turma, um dos garotos havia falado mal de Magnus, disse que seu pai era interesseiro, Anthony deu uma surra no garoto e Magnus quase teve um infarto.

— Eu tô morrendo — a voz de Alec era suave, Anthony apertou o abraço — E você precisa ser forte, precisa continuar sendo esse homem incrível. Anthony eu preciso saber que quando eu morrer você vai ficar bem — Alec olhou para a porta e viu Magnus olhando para os dois com lágrimas nos olhos — Não conta pro seu pai, mas você é o homem da vida, eu nunca amei outro homem como amo você. Eu daria tudo para continuar aqui com você, para ver seu casamento, para conhecer meus netos e te ver conquistando o mundo, mas eu não posso, meu coração não aguenta. 

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