Descobri recentemente que meu teto tem uma mancha no formato de uma água viva, apelidei carinhosamente de Gary, nada realmente original, mas eu era fã de Bob Esponja quando era criança.
Focar nessa mancha talvez fosse uma forma infantil de ocupar minha mente com algo que não fosse Alexander, eu queria odiá-lo, queria detestá-lo ao ponto de jamais querer vê-lo novamente, mas sempre olho o celular esperando alguma mensagem pedindo pra conversar e pedir desculpa. Mas apesar de sentir que ele não quis dizer aquilo, dói lembrar de cada palavra.
Tudo que eu quero é um amor que dura, é pedir demais? Tem algo errado comigo? Tudo que eu quero é alguém que me ame, minhas expectativas são muito altas?
O rosto de Alexander ainda estava gravado em minha mente de uma forma tão real que era assustador, quando o mundo estava em silêncio eu conseguia ouvir a risada dele. Porque eu amava ele?
A campainha da minha casa toca, meu coração erra levemente as batidas, abro a porta e vejo meu pai com um sorriso singelo e uma caixa de bombons.
— Estava com saudades do meu menino – papai me abraça, sinto um sorriso surgir em meus lábios.
— Também estava com saudades, os meus favoritos – digo olhando para os chocolates.
— Você merece – meu pai entra e começamos a conversar sobre qualquer coisa que venha à mente, futebol, filmes, corrupção e política. Eu não tinha percebido que sentia falta disso até agora, ter esses momentos com ele faz tudo se tornar melhor.
Papai contou sobre o namoro dele, ele estava realmente feliz com ela, eu não o via feliz assim desde quando estava com a minha mãe, ele merecia ser feliz.
Meu celular tocou e quase infartei quando a diretora da escolinha do Anthony informou que ele foi para o hospital depois de uma crise alérgica… eu não sabia que ele tinha alguma alergia.
(...)
A expressão da recepcionista mudou no segundo em que falei o nome do meu filho, a cara de mal humorada logo foi substituída por um sorriso gentil.
Ela mandou um enfermeiro me levar para o quarto do Anthony, eu ainda não havia ido ao hospital desde que mudei o plano de saúde e com certeza a mudança foi gigante.
Minhas mãos estavam suando de nervoso, a moça havia me tranquilizando dizendo que ele estava bem, mas imaginar meu bebê sozinho aqui é um pouco aterrorizante.
Abro a porta do quarto e a primeira coisa que vejo é Alexander deitado na maca com Anthony em seu colo, Alexander acariciava os cabelos dele enquanto cantava uma música de ninar que eu havia ensinado a ele.
Alec me viu e fez sinal de silêncio, Anthony dormia serenamente em seu colo, me aproximo e acaricio levemente o rosto do meu bebê que ronronou e se desgrudou de Alec. Que levantou deixando Anthony sozinho.
— Como ele tá? Você chegou rápido… – é a única coisa que consigo dizer.
— Ele teve uma crise alérgica, o medico ja passou a medicação, e agora ele dormiu… e eu já estava no hospital quando ligaram – ele respondeu vagamente se sentando na poltrona ao lado da cama, cruzou as pernas e me olhou.
— Acho que você não deveria estar aqui… melhor ir embora – Ele não se mexeu, quando ele ia abrir a boca eu completei — Eu quero que você vá embora…
— Assim você fere meus sentimentos – não havia humor em sua voz.
— Eu realmente não me importo com isso…
— Eu machuquei seu coração e você quer vingança…
— Não Alexander, você só vai machucar quando parar de me amar – ele desviou o olhar, olhou na direção de Anthony calado.
— Então você já sabe – sua voz era quase um sussurro.
— O quão idiota você acha que eu sou? olha é melhor você ir – ele permaneceu no mesmo lugar, tentei ignorar sua presença enquanto brincava com os cabelos de Anthony
É difícil decidir se o silêncio era constrangedor ou reconfortante, me arrependi amargamente por não ter aceitado que meu pai vinhesse comigo.
— Você tem que entender o meu lado – Alexander ainda tinha seus olhos presos em Anthony.
— Não, você decidiu por nós dois que era melhor eu te odiar e ficarmos separados. Respeite a sua decisão – meus olhos estavam fixos no cabelo de Anthony que dormia tão tranquilamente que dava inveja.
— Eu sei que não é justo, eu sei que destruí tudo… E não espero que você me perdoe pelo que eu disse, mas eu fiz por você Magnus, você tem uma vida linda pela frente e eu não posso te arrastar pra dentro do armário comigo, você não merece migalhas de amor e atenção, você não tenha medo de gritar ao mundo o quanto te ama, você merece alguém melhor que eu… – Não olhei para ele, eu não podia, eu não queria, eu não conseguia.
— Eu estava disposto a lutar pela gente, eu realmente achei que você era o homem da minha vida, eu confiei a você a pessoa que mais amo nesse mundo… Você me fez me apaixonar por você, fez meu coração bater descompassadamente, fez minha respiração falhar e depois me tirou o direito de escolher se valia a pena ficar com você… Eu abri as portas da minha vida quando tudo me alertava que você partiria meu coração, então você foi lá e fez Alexander, você estragou tudo – o silêncio novamente reinou na quarto, e eu realmente achei que o assunto estava encerrado, Alexander iria embora e levaria meu coração junto.
— Eu não iria suportar ver você lutar por mim… Eu te amo e amo cada pequena coisa em você, suas manias e forma como sorri, e por isso não posso ser egoísta e fazer você sofrer comigo – não respondi, não havia nada a ser dito, nenhuma palavra poderia expressar o que eu sinto, eu só queria que parasse de doer, eu só queria pegar meu filho esquecer que um dia eu amei esse homem.
P.o.v Alec
O seu silêncio feria minha alma, ver seu rosto molhado pelas lágrimas me fazia ter certeza que não o mereço, todas as minhas células imploraram para abraçá-lo, para tomar para mim a dor dele.
Eu deveria ir embora e deixar que ele seguisse sua vida sem mim, mas meu corpo não conseguia ir para longe dele. Magnus limpou as lágrimas que corriam em seu rosto sem tirar os olhos do nosso filho.
— Papai eu quero água – o pedido dele me fez levantar.
— Papai vai buscar – eu disse e antes de sair do quarto beijei levemente sua testa. Fechei a porta do quarto e permiti que as lágrimas escorressem.
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Meu garoto
RomanceAlexander Lightwood um homem rico que possui um grande interesse por rapazes bem mais novos. Magnus, prestes a completar 20 anos, viu sua vida mudar quando descobriu que seria pai e perdeu a mulher da sua vida. A vida dos dois se cruza quando Magnus...