Estou com você

Capítulo 27 - Estou cansada da dor

Max

Meu corpo inteiro se encontrava dolorido e por eu não ter forças nem para abrir meus olhos não tento me mexer, embora não seja preciso fazer isso para sentir as amarras apertadas contra meu corpo. Apesar da falta dos meus esforços, minha respiração se encontra falha e desregulada.

Posso ouvir vozes falando ao fundo, mas elas estão baixas demais para eu entender alguma coisa. Não tenho ideia do que está acontecendo, mas tenho plena certeza que estou em movimento, agora a questão é para onde estou indo.

Neste momento eu já não aguentava mais. Sempre que eu apanhava eu podia simplesmente ir ao banheiro tomar analgésicos e cuidar eu mesma dos meus machucados, mas agora eu não posso fazer nada além de sentir cada latejar de dor de cada machucado, e isso é tão agoniante que não consigo evitar pensar em como morrer seria bom agora.

Mas minhas experiências de vida até agora me dizem que o universo não seria tão piedoso assim comigo. E apesar de tudo não posso dizer que me arrependo das coisas que fiz, quer dizer, eu me arrependo de ter contado com minha irmã para me proteger e de ter sido ingênua o bastante para acreditar que a Jinx queria me ajudar.

Mas de certa forma eu deveria agradecê-las, pois foi graças à "perfeição" da Caitlyn que eu cresci dando o meu melhor em tudo para tentar superá-la de alguma forma, que eu enfim consegui fazer isso com a ajuda dos treinos. E graças a Jinx eu tive a chance de expressar toda a raiva que tenho dos meus pais, que foi reprimida desde sempre, através desses pequenos atos de vingança. Acho que é por isso que não consigo odiá-las, mesmo depois de tudo isso.

Então de repente todas as vozes pararam ao mesmo tempo, será que eu estava alucinando de tanta dor? Obtive minha resposta no momento que um grito foi ouvido junto de um barulho de porta sendo aberta. Sem que eu tivesse percebido nós havíamos parado e eu acho que vou descobrir onde logo.

Sinto que estão me movendo e pelo barulho das rodinhas eu diria que estou amarrada em uma maca. Eu precisava saber o que estava acontecendo, então, sem outra escolha me obrigo a abrir meus olhos, mas apenas um se abriu. Tenho que piscar algumas vezes para conseguir focar minha visão, mas assim que consigo não posso deixar de me surpreender com o fato de eu estar completamente cercada de defensores completamente armados.

Não consigo contar em quantos eles estão, mas pelo menos dez estão com armas apontadas para mim mesmo estando amarrada e ferida, e eu podia sentir que mesmo os que não estavam apontando estavam em estados de alerta e prontos para interferir de alguma forma. Mas o único que não parecia preocupado era um homem alto que se encontrava no centro de todos, seu semblante estava sério, mas eu conseguia ver pequenos traços de satisfação nele.

- Quem poderia imaginar que a pessoa que estava fazendo tamanha atrocidades na cidade, é uma criança! - Apesar da dor me obrigo a dar um sorriso sarcástico, que deve ter ficado um pouco assustador por causa do sangue que ainda se encontrava em meus dentes.

- E ainda assim vocês estão com medo de mim - Sinceramente tem vezes que eu esqueço que eu ainda tenho dezessete anos e acredito que o fato disso ser quase cômico me deu uma leve onda de arrogância e força para fingir que estava tudo bem.

- Não confunda as coisas, jamais sentiríamos medo de um verme como você! - É impossível não notar o tamanho nojo em seu tom de voz - Mas não se preocupe você está indo para um lugar onde a vários como você e eu garanto que você irá apodrecer lá até o fim de seus dias.

- Cuidado capitão, eu não me subestimaria tanto assim - Respondo séria, notando só agora o emblema em seu uniforme.

Ele se aproxima lentamente de mim e dessa vez é ele quem sorri antes de erguer sua mão já fechada e como eu imaginei, ele me acerta um soco em cheio na minha mandíbula e como eu me encontrava completamente fraca, foi o suficiente para me apagar. Mas antes disso tive tempo de pensar em como eu faria questão de matá-lo lentamente.