Capítulo 32 - Quanta corrupção

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Max

Dois dias, faz dois dias que estou aqui e sinto que vou acabar enlouquecendo se as coisas continuaram como estão. Desde que me trouxeram de volta para a cela ninguém mais falou comigo, duas vezes por dia os guardas apenas abrem uma pequena escotilha para me entregar a comida, que eu não faço questão de pegar, e depois para busca-la.

A cela vive constantemente escura, afinal parte da única fonte de luz que possuo é bloqueia por grandes barras de ferro. Na primeira noite eu até tentei dormir, mas além da cama ser extremamente desconfortável, eu sonhei que estava nas ruas de Piltover mais especificamente, na frente da casa dos meus pais.

A rua estava com diversos corpos espalhados, alguns eram de defensores, outros de civis e alguns deles eu até conhecia como o capitão que me prendeu, a Sevika e a Beth. Mas o que realmente importava eram aqueles que estavam pregados no portão da casa.

O primeiro do lado direito era o Silco, que no lugar de seus olhos estava um buraco com uma enorme quantidade de sangue vazando dele e em sua testa havia três balas alojadas. Ao seu lado estava meu pai, com diversos cortes profundos espalhados por todo o seu corpo e metade do seu rosto estava sem pele, mostrando o perfeitamente como o duas caras que ele era.

Já o primeiro do lado esquerdo era a minha mãe, seu braço direito estava todo carbonizado e em seu peito estava cravado uma marca de fogo, feito com cortes. Violet estava ao seu lado, suas mãos estavam em carne viva e sua perna esquerda estava pendurada pela coxa através de uma fina camada de pele.

E no meio de todos estava a Caitlyn e a Jinx, lado a lado. Caitlyn tinha lesões por todo o seu corpo e o meio de seu peito estava totalmente aberto, dando total visão a sua costela e ao seu coração, que estava com uma das minhas adagas cravada nele. E por fim a Jinx estava com ambas às mãos sendo perfuradas por outras duas adagas, e a última adaga que restava se encontrava com o cabo em seu queixo e a ponta dela saindo no meio do seu nariz, sua boca estava ligeiramente aberta permitindo ver assim uma parte da lâmina atravessando sua língua.

Por um momento eu não conseguia para de olhar para aquela visão diante de mim, mas eu me obriguei a olhar para baixo quanto senti algo escorrer pela minha mão. Arregalei os olhos quando vi minhas mãos pingando sangue e que minha roupa se encontrava completamente encharcada de sangue.

Eu havia feito isso? Não! Eu nunca... Eu não posso ter... O que foi que eu fiz? Olhei para a arma da Jinx que estava caída na minha frente e me controlei para não olhar para cima novamente. Meus olhos estavam com lágrimas, mas por algum motivo eu não conseguia derramar elas.

- Olhe! - Uma voz disse, não precisei olhar ao redor para saber de onde vinha e nem de quem era - Vamos, olhe! - Ela estava quase gritando na minha cabeça e seria difícil não reconhecer minha própria voz.

Com mais esforço do que eu pensava ser necessário, eu voltei meu olhar para cima e involuntariamente minha respiração se prendeu quando eu senti uma pontada de satisfação por ter feito isso e uma pontada muito maior de prazer ao ver a cena completa, eu não quero sentir isso! Eu jamais sentiria prazer em ver isso, muito menos em causar isso!

- Papai ficaria desapontado ao nos ver mentir assim - Nego com a cabeça e fecho meus olhos, para não o olhar involuntariamente.

Ouço trovões antes de sentir grossas gotas de água começarem a cair em mim enquanto abaixava minha cabeça novamente, você fez isso, não eu!

- Idiota, eu sou você! - Abro os olhos me deparando com uma poça de água diante dos meu pés. Seu reflexo estava claro, era eu, com meus olhos brilhando em um vermelho claro, destacando uma nova cicatriz de corte em meu olho esquerdo e com a maldita cicatriz em meu braço direito.

Estou com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora