Nova Realidade

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Tomei um banho gelado, a água não era quente... A casa era um pouco desorganizada, eu não ia conseguir ficar muito tempo ali. Subi de pressa e me ajeitei, vesti uma roupa simples e desci novamente.

Fui até a porta, coloquei a mão na maçaneta mais não abri. Eu estava tenta, muito nervosa. E se eu me perdesse? E se alguém fosse me sequestrar? Ou pior…

Dei meia-volta e me sentei no sofá, minhas mãos estava suando muito, mais do que o normal... Eu não podia ter uma crise de ansiedade agora, não longe de casa...

Coloquei a mão no pescoço e coloquei meu colar pra fora, ele me acalmava um pouco... Era um Ruby, tinha sido da minha mãe. Ela não tirava ele pra nada, nada mesmo. Acho que ela usou esse colar a vida inteira, antes mesmo deu nascer... Sei disso porque vi algumas fotos antigas dela, já com esse colar no pescoço.

Foi a única coisa dela que eu quis ficar, queria ter algo que me fizesse lembrar dela, sentir ela... E aquilo me fazia lembrar dela.

Coloquei os pés no sofá e me encolhi abraçando os joelhos. Eu queria ir pra casa, não queria esta ali... Talvez isso não ajudasse, se eu tivesse em casa também estaria segura. Se minha mãe ainda estivesse aqui... Se aquilo não tivesse acontecido... Passava tantas coisas na minha cabeça que eu não estava mais suportando aquilo.
Corri de pressa por quarto, fechei a porta e me joguei na cama... Derramei todas as lágrimas que estava acumuladas dentro de mim. Eu estava tentando ser forte mais aquilo tudo já estava me sufocando.
Meu pai tentou várias vezes me convencer a ir conversar com um psicólogo, mais eu não aceitei, eu não conseguia me abrir com ninguém. Nem mesmo com os polícias... Quando ouve o assassinato, eles tentaram de todas as formas me fazer lembrar de algum detalhe que seria útil na investigação. Mais eu não podia falar nada, porque eu não havia prestado atenção em nada quando vi minha mãe naquela situação... Eles estavam vendados, eu não tinha visto nada além dos olhos deles. Eu me sentia inútil sem poder ajudar em nada...

Tentei controlar o choro, mais não consegui. Era difícil parar quando eu começava, e por isso eu tentava me segurar ao máximo pra poder chorar.

Senti minha respiração falhar, eu estava precisando da minha bombinha de asma. Eu raramente precisava dela, mais ultimamente estava precisando cada vez mais, muito mais...

Revirei minhas coisas até encontrar. Respirei um pouco com ela e tentei me acalmar um pouco... Em seguida deitei na cama e peguei no sono.

Não sei quanto tempo dormi, mais acordei com o barulho do meu tio na cozinha, conversando com meu primo.
Me levantei devagar e me olhei no espelho que tinha ao lado da porta, era um espelho pequeno, só dava pra vê o rosto.

E meus olhos estavam inchados de chorar… Mais eu estava com um pouco de fome, e precisava descer.

- Ele precisa de mais equilíbrio, e também se livrar daquele medo. - Falou Bryan enquanto ria.

- Ele tá se saindo bem, já já vai está craque como nós! - Respondeu meu tio.

Eles ouviram eu chegar e olharam pra mim. Bryan estava preparando um sanduíche, e meu tio parecia está fazendo um suco de alguma coisa.

- Ah, você está aí! - Falou tio Sam. - Está com fome?

- Um pouco. - Respondi puxando uma cadeira da mesa.

Meu tio olhou pra mim, e percebeu meus olhos inchados, mais não falou nada.

- Estamos preparando um lanche pra você também. - Falou ele.

- Você vai precisar vê a gente surfando qualquer dia desses. - Falou Bryan. - E quem sabe podemos te ensinar.

Eu rir, aquilo não era pra mim.

- Acho que vê é mais fácil. - Respondi sorrindo. Os dois riram.

- Então... Vou a uma festa hoje a noite, é aniversário de um amigo meu. Você quer ir comigo? - Falou Bryan. - Acho que vai ser bom você fazer algumas amizades por aqui. O pessoal aqui é bacana!

Olhei pra ele e pro meu tio. Tio Sam mastigava um pedaço de presunto enquanto esperava minha resposta. Eu não sei se devia ir ou não... Eu ainda não estava totalmente confortável.

- Não sei... Não curto muito festas, nem lembro a última vez que fui a uma.

- Então acho que é hora de ir e relembrar! - Falou Bryan rindo. - Quanto tempo você vai passar aqui?

- Ainda não sei...

- É por esse motivo que deve ir e aproveitar. Assim você vai querer voltar mais vezes quando for embora.

- Não precisa ir se não quiser. - Falou tio Sam. - Esses jovens fazem festas todas as noites, festas é o que não falta por aqui.

Ele me entregou um prato com dois sanduíches.

- Mais hoje não é só uma festa, em aniversário. Com certeza será mais animado! - Falou Bryan.

- E essas festas... Vem pessoas de fora? - Perguntei enquanto dava uma mordida no sanduíche.

- Não... Acho que não. - Respondeu Bryan meio confuso.

- Não precisa se preocupar com isso Hannah. Você tá segura aqui. - Falou meu tio enquanto se sentava a minha frente.

- Ah... Desculpa, eu esqueci que... - Falou Bryan olhando pra mim. - Mais meu pai tem razão, aqui é um lugar bom e seguro. Um pouco sem graça, raramente temos turistas.

- Acho que vou... - Respondi limpando a boca com guardanapo.

- Tem certeza? - Perguntou meu tio me servindo o suco.

- Não. - Respondi rindo, os dois também riram. - Mais meu pai disse que era pra mim aproveitar essa viagem como se fosse férias. Eu não pretendo ficar o tempo todo aqui dentro.

- Essas é das minhas! - Falou Bryan levantando a mão pra que eu batesse.

- Fico feliz que você se divirta um pouco, tenho certeza que vai te fazer bem! - Disse meu tio.

   A noite chegou depressa, Bryan estava mais animado do que eu. Tio Sam me disse que ele adorava festas, e saia quase todas as noites. Diferente de mim...

- Você vai ficar bem? - Perguntou meu tio enquanto eu esperava Bryan no sofá.

- Vou sim... Se caso eu quiser voltar cedo, acha que ele vai me acompanhar?

- Provavelmente ele vai querer ficar até o fim. - Respondeu meu tio rindo. - Mais ele vai cuidar de você e pode me ligar se precisar, eu posso te buscar.

- Obrigada. - Respondi sorrindo.

- Bora? - Falou Bryan descendo as escadas correndo. - Já estamos atrasados!

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