FUGA

Surf

- Não cara, eu não posso ir pra casa assim... - Falou Bryan no banco traseiro. Ele estava muito bêbado.

- Ele sempre fica assim? - Perguntei pro Rafael enquanto ele dirigia.

- Ele nunca fica assim... - Respondeu.

- Acha que meu tio vai ficar bravo?

- Provavelmente sim, mais prefiro que ele receba um carão do que continuar lá.

- Me leva pra sua casa... - Murmurou Bryan.

- Você pode me deixar em casa e levar ele pra sua casa. Assim meu tio não vai ficar tão preocupado... Garanto que vai ser melhor, caso contrário ele não vai mais confiar que eu saía com Bryan.

- Não sei. Não gosto de mentir pro seu tio! - Rafael estava sério olhando pra estrada enquanto dirigia. Parecia bravo com o que tinha acontecido.

- É só essa vez... Só hoje.

Foi difícil convencê-lo, mais consegui. Ele me deixou em frente de casa e saiu com Bryan dentro do carro... Combinamos dele trazê-lo na manhã seguinte.

A porta da frente estava só encostada, nunca ficava fechado nada ali?

- Tio? - Falei enquanto entrava e tirava a sandália cheia de areia na praia.

- Já chegaram? - Perguntou ele descendo as escadas.

- Só eu... Bryan ficou mais um pouco.

- Ele te trouxe?

- Sim... - Falei me sentando no sofá.

- Então... Não gostou? - Perguntou ele enquanto armava uma rede bem no meio da sala. E se deitando nela.

- Gostei... Mas quis voltar cedo.

- Ah... Seu pai ligou quando vive saiu. Eu disse que você tinha ido a uma festa, ele gostou da ideia.

Sorri... Claro que meu pai ia ficar feliz. Um dos motivos de me mandar pra longe era também pra isso, pra que eu me divertisse.

- Porque nunca foi nos visitar? - Perguntei de repente.

- Porque vocês nunca vieram aqui? - Perguntou ele rindo. - Eu e seu pai seguimos caminhos diferentes, discutimos muito na adolescência. E depois que ele se casou, quis se mudar pra longe. Acha que não tem um motivo exato pra dizer o porquê que nós afastamos.

- E minha mãe... Você conheceu ela?

- Não muito... Seu pai tinha bastante ciúmes dela, desde o início. Antes mesmo deles começarem a namorar... Ele via ela passando e dizia que ela seria a esposa dele. E não é que foi mesmo! - Falou ele rindo.

Sorri enquanto escutava aquilo. Ela bom ouvir histórias da minha mãe. Eu também não sabia muita coisa sobre seu passado.

- Você acha que quem fez aquilo com ela? - Perguntei. Eu não queria entrar nesse assunto, mais eu precisava... Meu pai estava investigando o assassinato junto dos melhores detetives, e o que eu pudesse fazer mesmo de longe, eu iria fazer!

- Eu não sei... - Respondeu ele mudando a expressão.

- Porque fariam isso com ela? Minha mãe nunca fez mal pra ninguém... Ela era uma mulher incrível, todos gostavam dela. - Falei já enchendo os olhos de lágrimas.

Meu tio se sentou na rede e apoiou seus cotovelos nos joelhos.

- Eu também me faço a mesma pergunta desde que fiquei sabendo disso...

- Não tem lógica... Já era pra terem encontrado os assassinos, parece que ninguém faz nada. Tá tudo igual. - Falei enquanto enxugava as lágrimas.

- É só questão de tempo... Logo logo eles estarão atrás das grades.