Decisões

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Eu não sabia o que falar, ele ainda estava me olhando. Pensei em sair dali depressa, mais não tinha como... Eu estava dentro do mar.
Mas, também não queria sair. Queria ficar ali nos seus braços.

- Eu... - Falei olhando pra ele.

- Não precisa falar nada se não quiser. - Falou ele rindo, me deixando pra aliviada. - Vamos nadar?

- Vamos!

Nadamos um pouco, era difícil acompanhar ele. Rafael nadava rápido demais... As vezes ele parava um pouco e me esperava.

A praia estava cada vez mais vazia, o sol já não estava mais quente como antes. O frio estava aumentando muito, então disse que ia sair... Eu já estava congelando ali.

Ele saiu comigo e me acompanhou, fomos em direção a sua lancha. O menino que estava ali antes já havia ido embora, e lembrei... Eu não tinha trazido toalha. Era o mais importante... Merda!

Eu esfregava meus braços um no outro, e o vento estava me matando.

Rafael pegou sua toalha, que estava pendurada em uma cadeira de praia ao lado da prancha. Antes dele se enxugar, olhou pra mim.

- Você trouxe algo pra se enxugar?

- Esqueci... - Falei rindo enquanto tremia.

- Toma, pode usar! - Respondeu ele me entregando a toalha.

Me enxuguei e entreguei a ele, pra que também se enxugasse. Mais ele fez questão que eu ficasse coberta com ela, até o frio passar.

Nos sentamos nas cadeirinha de praia e ficamos olhando pro mar. Estava um silêncio constrangedor, eu ainda não sabia o que falar.

- Sobre o que eu disse... - Falou ele me olhando. - Sei que é tudo cedo demais, sei que você vai embora depois. Mais quero aproveitar enquanto vc estiver aqui... Se você quiser, claro. Não quero te obrigar a nada.

Eu queria também. Queria aproveitar cada segundo com ele... Aquela viagem ficou mais interessante quando eu o conheci. Mais e se desse errado? E se eu me apaixonasse e me arrependesse depois?
Meu último namorado foi um babaca, me abandonou em um momento que eu mais precisava. E se o Rafael fosse como todos os outros homens? Eu não queria sofrer por alguém de novo.

- Não sei se estou pronta pra conhecer alguém no momento... - Falei olhando pra ele. - Não em relação a meu antigo namoro, ou outra pessoa que tenha passado pela minha vida. Mais em relação a minha vida, a forma que as coisas estão. Tá tudo bagunçado e não quero me envolver com ninguém agora.

- Não levamos tão adiante como uma relação... - Falou ele. - Creio que não daria tão certo assim, já que você vai embora.

- Como um "fica?" - Perguntei.

- Acho que sim. - Falou ele rindo. - Não sei bem como funciona isso entre os jovens. Mais eu quero ficar perto de você, quero te ver enquanto estiver aqui. Mais tenho consciência de que não vai tão a fundo, que não posso me envolver tanto em relação a sentimentos.

Rafael falou aquilo de uma forma diferente, como se não fosse aquilo que ele quisesse. Eu sentia que ele queria mais... Talvez uma relação de verdade.

- Quanto tempo que está sozinho? - Perguntei.

- Dois anos e meio...

- Será que seria inconveniente se eu perguntasse o motivo do término?

- Sim. - Falou ele rindo. - Mais não me importo em dizer... Ela não gostava muito do meu trabalho, do mar... Não me apoiava no que eu queria. Brigávamos muito por conta disso, e é isso! Acho que seria justo você me falar também não acha?

- Bom... - Respondi rindo. - Acho que meu término foi parecido com o seu... Ele só estava comigo pelo que eu tinha, pelas empresas do meu pai, pelo dinheiro. Quando minha mãe morreu, ele não esperou muito tempo e me deu um fora... Não me apoiou em nada. Quando viu que o perigo podia atingi-lo, ele me deixou sozinha. - Merda... Eu tinha falado demais, fui longe demais. Eu não queria contar ao Rafael sobre o perigo que eu corria, sobre o motivo daquela viagem.

- Como assim perigo? - Perguntou ele confuso.

Dei de ombros... O que eu ia falar? Talvez eu pudesse resumir e encerrar o assunto, eu tinha certeza de que Rafael não ia insistir.

- Minha mãe foi assassinada... E ele achou que seria perigoso ficar comigo depois do ocorrido. - Meus olhos já estava enchendo de lágrimas, quando eu ia conseguir me desabafar com alguém sobre aquilo? Ainda doía tanto...

- Eu sinto muito Hannah... - Falou ele pegando minha mão e apertando. - Ele não te merecia, creio que não gostasse de você de verdade. Caso contrário, não tinha te abandonado.

Ele levou minha mão a sua boca e deu um beijo.

- Obrigada. - Respondi sorrindo.

- Isso com a sua mãe, foi assalto? Conseguiram prender os bandidos?

Neguei com a cabeça. Eu não queria me aprofundar naquilo agora.

- Não queria falar sobre isso.

- Sem problemas! - Respondeu ele sorrindo.

Conversamos mais um pouco sobre outros assuntos, Rafael conseguiu reverter o clima tenso e me fez rir bastante com suas histórias. Aquilo estava fazendo eu gostar ainda mais dele...

Quando olhei a hora, já estava perto do almoço. Minha barriga já estava roncando... Pensei em convidar ele pra almoçar com a gente, mais não podia sair convidando todo mundo pra almoçar na casa do meu tio. Não sabia se ele gostava ou não.

Rafael fez questão de me levar em casa, mais eu insisti que queria ir andando. Eu não queria abusar da sorte!

Apertei os passos e cheguei rapidinho em casa.
O carro do meu tio já estava estacionado na frente, ele havia chegado mais cedo.

Assim que abri a porta, um cheiro maravilhoso de comida me recebeu.

- Parece que alguém está aproveitando bem a cidade. - Falou Bryan deitado no sofá. Ele tava mexendo no celular.

Peguei uma das almofadas e joguei em cima dele enquanto ria.

- Ela chegou! - Falou meu tio da cozinha.

- O cheiro parece bom. - Falei enquanto ia até ele.

Laura estava terminando de lavar os pratos e meu tio já estava terminando de almoçar.
Ele parecia feliz.

- Realmente Hannah, estávamos mesmo precisando de uma cozinheira. - Falou ele sorrindo enquanto cortava um pedaço de carne.

A mesa estava farda! Ela havia feito algumas opções diferentes pro almoço. Minha barriga roncou só de vê a comida.

- Eu disse! - Respondi enquanto me sentava

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- Eu disse! - Respondi enquanto me sentava. Eu ia tomar um banho antes de almoçar, mais aquele cheiro tava tão bom que resolvi comer logo!

A comida da Laura era realmente incrível... Eu tinha tido sorte de encontrar ela naquele dia. Finalmente íamos nos alimentar melhor.
Pedi que ela almoçasse com a gente, foi difícil convencê-la, mais ela aceitou.
Comemos todos juntos e conversamos bastante... Por um momento, lembrei dos meus pais. Do nosso almoço junto todos os dias, as conversas fiadas, as risadas... Não era a mesma coisa esta ali com meu tio, em uma casa diferente, com pessoas novas. Mais eu tava me sentindo bem...

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