Curiosidade

58 11 0
                                    

- Eu acho que tô gostando do Rafael... - Falei pra Bryan.

Eu tinha acabado de chegar em casa, meu tio já tinha ido dormir. Bryan tinha preparado uma bacia de pipoca pra assistir um filme, eu não tava com tanto sono depois de tudo que aconteceu. E resolvi ficar ali com ele.

- Tipo... Pra valer? Ou só gostando mesmo? - Perguntou ele.

Bryan estava jogado no sofá atacando sua pipoca, e eu tava sentada no outro. Eu precisava desabafar aquilo com alguém, queria alguma opinião. E preferia falar isso com meu primo e não meu tio.

- Aí que tá o problema... Eu não sei exatamente.

- Claro que sabe Hannah. Você é a única pessoa que sabe o que realmente está sentindo.

- O que você acha disso? Digo... Tem tudo pra dá errado. Entende?

- Discordo com você. - Falou ele enquanto enchia sua mão de pipoca e jogava na boca. - Tem tudo pra dá certo se os dois quiserem.

- Bryan... Eu não moro aqui. Vivo a mais de mil quilômetros dessa cidade, como pode algo dá certo com um cara que vive aqui?

- Você só está pensando nos obstáculos Hannah. Está com medo de se envolver e acabar se machucando... Mais isso vai depender de você. Eu conheço o Rafael há muito tempo, ele não se aproxima de qualquer garota só pra dá uns pega. Ele está interessado em você de verdade, qualquer um vê isso quando vê vocês dois juntos... Pensa no que você quer, o que realmente seu coração deseja. Se quer tentar algo com ele, vai enfrente... Relacionamentos a distância também dá certo, quando os dois se gostam de verdade. Nenhum obstáculo interfere.

- É cedo demais pra algo tão sério... Não o conheço muito bem.

- Mais esta conhecendo, e pelo que vejo está gostando... Aliás, como foi a noite hoje? - Perguntou ele olhando pra mim.

Escorei minhas costas no sofá e sorri olhando pro nada... A noite tinha sido incrível, e eu estava torcendo pra uma segunda vez.

- Não precisa nem responder. - Falou ele rindo alto.

- Ei... Não é isso que você imagina. A gente só se divertiu, foi legal.

- Tá bom então! - Disse ele ainda rindo.

- Você não presta! - Falei enquanto me levantava. - Boa noite.

- Boa noite... Bons sonhos com o Rafa. - Respondeu ele rindo enquanto eu subia as escadas.

    Na manhã seguinte, acordei sorrindo. Eu tinha tido um sonho maravilhoso com o Rafael... E nele a gente tinha tido uma relação de verdade.

Desci pra tomar café, e Laura já estava lá. Tirando as coisas da mesa.

Já era mais de oito da manhã... Meu tio e meu primo já devia ter saído.

-Bom dia Hannah! - Falou ela sorrindo. - Achei que ia acordar mais tarde, já estava guardando as coisas.

- Bom dia! - Respondi sorrindo. - Vou comer agora, pode deixar que guardo. O que teremos hoje pro almoço?

- Estava pensando em panquecas. Seu primo deu a ideia ontem, acho que foi mais uma indireta pra mim fazer. - Falou ela rindo.

- O Bryan é muito folgado. - Respondi sorrindo enquanto me servia.

- Então... Quanto tempo pretende ficar aqui no seu tio? Espero que muito tempo, assim ficarei com o emprego por mais um tempo. - Falou ela enquanto se sentava na minha frente a mesa.

- Ainda não sei. - Respondi. - Mais te garanto que meu tio vai querer que você continue aqui quando eu for embora. Todos nós adoramos a sua comida. E olha que ele é bem difícil de ser conquistado em!

Laura riu.

- E seus pais? Não quiseram vim?

Eu sabia que ela ia querer saber dos meus pais...

- Só tenho pai... Perdi minha mãe há alguns meses, mais não quero falar sobre. - Falei um pouco mais séria, eu queria que ela entendesse que eu não queria entrar nesse assunto. Assim ela não ia tocar nele outras vezes.

- Sinto muito Hannah. - Respondeu ela com a voz de pena. Eu odiava aquilo, ao queria que ninguém tivesse pena de mim, mais era difícil evitar a reação das pessoas.

- Mais e você? - Perguntei de repente. - O que veio fazer aqui na cidade? Tem familiares por aqui?

- Não não. - Respondeu sorrindo. - Me divórciei há alguns meses, e resolvi começar tudo em um lugar novo, diferente. Uma vida nova entende?

- Entendo... Pretende começar sua vida aqui? Nessa cidade? - Perguntei. - Não me leva a mal, mais aqui não tem muitas oportunidades eu acho. É uma cidade bem pequena...

- Eu sei... É isso que eu tava precisando sabe? Um lugar pequeno, acolhedor... Simples!

Sorri... Laura queria coisas simples e não luxo. Eu não sabia o que ela tinha passado na vida, mais ela parecia saber o que era bom pra si mesmo.

Deixei ela preparando a comida e resolvi dar uma volta na cidade. Fui até o mercado da outra vez, eu ainda não tinha agradecido ao menino por ter indicado Laura ao trabalho.

- Ele foi dar uma volta na praia. - Falou um senhorzinho enquanto arrumava umas prateleiras, certamente era o avô do menino, o dono do mercado... E era ele quem eu queria falar sobre minha mãe.

- O sr deve ser o dono daqui... - Falei indo até ele. - Quer ajuda?

- Não precisa garotinha, já estou terminando. - Respondeu ele sorrindo. Mais eu ajudei mesmo assim, me abaixei e fui entregando os potes de manteiga enquanto ele colocava na pratileira.

- Posso fazer uma pergunta?

- Claro.

- O sr conhece o Sam? Ele é professor de surf.

- Mais é lógico. Ele é meu freguês desde sempre... - Respondeu ele enquanto ia até o caixa. - Você deve ser a sobrinha dele não é?

- Sou eu mesma. - Respondi sorrindo.

- Meu neto é muito amigo do seu primo.

- Isso eu não sabia...

- Mais o que você realmente quer perguntar? Creio que não é sobre meu neto ou seu tio.

- É sobre minha mãe... Não sei se o sr chegou a conhecê-la.

- Só de vista... Aliás, eu fiquei sabendo o que aconteceu. Sinto muito, você deve está muito triste. Mais me diga... Conseguiriam prender os bandidos?

Bandidos? Eu já havia entendido tudo. Alguém contou pra ele que minha mãe morreu em uma tentativa de assalto.

- Ainda não... Quem falou pro sr? - Perguntri.

- Seu tio... Ele me contou que você ia chegar em breve.

- Ah... - Respondi me virando de costas com o braços cruzados. Ele só conheceu minha mãe de vista, isso não ia adiantar muita coisa.

- Sinto muito por não saber nada a respeito da sua mãe... - Falou ele, parecia que estava lendo meus pensamentos. - Ela morou aqui por pouco tempo, era uma garotinha fechada. Tímida.

Olhei pra ele.

- Aqui nessa cidade, você não vai saber muito sobre ela. É mais fácil sobre seu pai, tenho muitas histórias dele e posso te contar qualquer dia. - Falou ele rindo.

- Eu vou querer saber em! - Respondi sorrindo.

Realmente eu não iria descobrir nada sobre a minha mãe naquela cidade. Tinha algum mistério nesse assassinato, tinha coisas que eu sentia que precisava descobrir.
Tudo que havia acontecido era meio sem lógica alguma. Como que alguém mata uma mulher que não tem passagem pela polícia, que não tem inimigos, e depois vem perseguir a filha dela?
Era tudo sem muita lógica... Mais eu iria descobrir tudo, nem que eu precisasse voltar pra casa, me colocar em perigo. Mais eu ia descobri o porque daquilo ter acontecido.

FUGA Onde histórias criam vida. Descubra agora