Família

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- Obrigada pela carona. - Falei tirando o cinto de segurança.

- Você vai ficar bem? - Perguntou ele.

- Vou sim. - Respondi sorrindo. - Obrigada por hoje, me divertir muito.

Ele sorriu e se aproximou mais de mim, roubando um beijo.

Porque era tão difícil ficar longe dele? Eu tentava não me aproximar muito, mais parece que ele não entendia. E tudo era tão bom com ele...

- Se cuida tá? - Falou ele me olhando enquanto se afastava.

- Você também...

Me despedi dele e entrei dentro de casa. Eu precisava falar com meu tio...

- Tio? - Falei enquanto fechava a porta. Ele tava na cozinha cozinhando alguma coisa. Até que o cheiro não estava nada mal.

- Oi, achei que ia voltar mais tarde. Viu Bryan por lá? - Perguntou ele enquanto mexia algo na panela.

- Vi sim... Não só ele, eu acho que me encontraram. Tinha um cara suspeito me olhando e depois ele sumiu. - Comecei a falar enquanto andava de um lado pro outro da cozinha. - Ele tava com capuz preto, não dava pra vê seu rosto. Fiquei tão assustada que pedi pro Rafael me trazer em casa, e o pior... Rafael notou que eu tava assustada. Eu não quero falar pra ele sobre o que aconteceu comigo. Eu queria ser uma garota normal... Você acha que eu devo ir embora? Se eles realmente tiver me achado, isso significa que nenhum lugar é seguro.

- Calma Hannah... - Falou ele enquanto desligava o fogo da panela. Tio Sam pegou um copo de água e me entregou. Puxou uma cadeira da mesa e pediu pra que eu sentasse. - Respira fundo e se acalma tá?

Fiz o que ele pediu e tentei me acalmar um pouco.

- Olha... Não tem como eles descobrirem que você está aqui. Você tá em outro estado, em outra cidade. Seu pai foi muito cuidadoso no dia do seu voo, e tenho certeza de que ninguém viu você partir.

- É o que eu queria acreditar... Mais quem podia ser?

- Eu não sei... Você só precisa relaxar mais, sei que tem medo e deve ficar atenta. Mais precisa se controlar as vezes... Podemos inventar um sinal de alerta, o que acha?

- Como? - Perguntei.

- Se você vê algo suspeito, você tenta tirar uma foto sem a pessoa vê. Se aquela desconfiança persistir, você me manda mensagem de onde estiver e eu vou até você. O que acha?

- Isso vai ajudar?

- Só sabemos se tentar.

- Tio... - Falei olhando pra ele. - Essas pessoas deram um tiro em um dos meus seguranças, tentaram me matar. Se me acharem, eu não estou segura, nem você e nem Bryan. Como vamos nos defender?

- Não vão nos achar Hannah. Pensa dessa forma.

- Mais e se?

- Eu não sei, daremos um jeito tá? - Falou ele segurando minha mão tentando me acalmar.

- Porque me aceitou aqui? Você sabia que era um risco. Você mal me conhecia...

- Por que você é minha sobrinha. Filha do meu irmão... Sangue do meu sangue. Eu e seu pai não nos damos muito bem, mais ele me procurou pedindo ajuda... Eu sei que também não fui um irmão tão bom no passado, ele me ajudou muito em algumas coisas. Só estou retribuindo um favor. E eu também quis te conhecer, desde que você nasceu... Acho que se eu não aceitasse receber você aqui, eu nunca ia ter a oportunidade de conhecer minha sobrinha.

Me levantei da cadeira e abracei ele. Eu devia ter conhecido meu tio a muito tempo atrás...

Naquela noite eu não consegui dormir. Tive pesadelos duas vezes e acabei perdendo o sono... Olhei a hora no celular e ainda era duas da manhã.
Resolvi me levantar e ir até a cozinha preparar um leite quente.

Assim que cheguei lá, Bryan estava na beira do fogo.

- O que está fazendo? - Perguntei enquanto abria a geladeira.

- Chocolate quente, você quer?

- Sim... Eu vim beber um leite, mais com chocolate parece bem melhor.

- Vou acrescentar mais um pouco. - Falou ele enquanto coloca a mais leite. - Perdeu o sono? Meu pai falou sobre o que aconteceu no parque.

- Perdi sim... - Falei puxando a cadeira pra me sentar. - Você acha que eles podem ter me encontrado?

- Acho muito difícil, mais também não posso duvidar. Você quer muito ou pouco?

- Pouquinho.

Bryan colocou o chocolate quente nas xícaras e me entregou uma.

- Sei que você não gosta de falar nesse assunto... Mais você imagina o porquê disso ter acontecido? Digo, em relação ao assassinato ao seu sequestro.

- Passa algumas hipóteses na minha cabeça, mais nada faz sentido. - Falei enquanto assoprava o chocolate.

- Tipo? - Perguntou ele curioso.

- Tipo minha mãe não ser quem eu pensava que era, ter escondido algum segredo do meu pai e de mim... Mais isso não tem muita lógica, eles se conheceram na adolescência e meu pai sabe toda a história da minha mãe. Eu não quero acreditar nessa hipótese.

- Qual outra hipótese? - Perguntou ele.

- De que confundiram ela com outra pessoa... Acho que essa faz mais sentido não acha?

- Não conheci sua mãe, mais certamente sim.

- Acha que vão achar quem fez isso?

- Vão sim, e irão pagar pelo que fez.

Sorri enquanto Bryan falava. Era bom saber que eu tava cercada de pessoas que torcia pra que tudo corresse bem.

- Quero que você e seu pai vá nos visitar quando tudo isso acabar. Quero que sejamos uma família de verdade, que passe o Natal com a gente, datas comemorativas.

- Eu topo! - Falou ele sorrindo. - Sabe que eu achava que você era uma garota mimada?

- Porque? - Perguntei rindo.

- Sei lá... Pelo que meu pai contou. A vida da gente é bem diferente, sua casa cheia de empregados de segurança. Achei que nós não íamos nos da bem.

- Às aparência enganam. Você não deve achar ninguém assim sem conhecer a pessoa. Eu sou a prova viva disso. - Falei sorrindo.

- Agora eu sei. - Respondeu ele rindo.

Depois do chocolate quente, eu consegui pegar no sono tranquilamente.
Eu estava animada pro dia seguinte, seria o primeiro dia de Laura como nossa cozinheira!

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