capítulo um

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Aquela merda era real

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Aquela merda era real.

Não dava para acreditar que mesmo bêbada e chorando por causa de um babaca que me considerava um fracasso – ainda que eu soubesse que tinha mais troféus em minha estante do que ele teria na vida dele -, meu abençoado intelecto foi capaz de redigir uma carta perfeita para uma universidade mediana.

Até o momento em que El Maximo - o pior colega de profissão que qualquer pessoa poderia ter - ousou enfiar seu nariz pontudo em minha vida, meu precioso ego jamais havia sido ferido. Eu poderia aceitar uma derrota acadêmica, uma nota ruim por conta de um pequeno erro de pontuação... Meu orgulho poderia ter engolido qualquer situação que apontasse minhas falhas. Nunca escondi minha capacidade humana de errar.

Mas ele sabia que para me tirar de seu caminho, precisaria ser extremamente baixo para atingir meu frágil ego e bastou poucas palavras para conseguir a vitória.

— Como você poderia gerenciar uma equipe sozinha quando o máximo de habilidade social que você tem é com um cachorro raivoso? — Perguntou repleto de satisfação, quando nossa coordenadora declarou que iríamos trabalhar juntos como gerentes do mesmo projeto. — Estamos trabalhando para jovens universitários e você sabe que não tem como uma garota que entrou na faculdade aos catorze anos saber sobre a necessidade de nossos clientes, principalmente quando seus pais te buscavam todo dia na porta da biblioteca do campus, não é? E como foram as palavras do chefe mesmo? Você tem a mente e eu tenho todo o resto.

— Essas não foram as palavras dele. — Tentei protestar, atrasada demais porque os minutos seguintes se foram ouvindo um monólogo sobre as aventuras de El Maximo em Harvard.

Depois daquela conversa ofensiva, descobri que minha capacidade de gritar palavrões era maior do que esperava. Comprei uma pizza e algumas bebidas a caminho de casa, disposta a esquecer todos os problemas no sofá, mas a raiva mudou todos meus planos.

E agora eu estava segurando o resultado, depois de três semanas em agonia: uma carta de aceitação.

Minhas mãos tremiam enquanto meus olhos deslizavam pelo texto com choque e admiração. Como eu consegui ser aceita em uma instituição de ensino superior estando tão instável quanto a internet da minha vó? Puta que pariu! Eu conseguia ser uma vadia extremamente inteligente até mesmo com a cabeça bagunçada pelo álcool.

Passei a toalha em meu rosto, secando o suor causado pelos vinte minutos de esteira. Minhas pernas tremiam, minha respiração estava fora de ritmo. Precisei me sentar antes que pudesse terminar de ler a carta.

Bastou um longo gole de água e uns poucos segundos encarando a televisão muda para que eu tivesse certeza que havia perdido completamente o juízo.

Como eu iria contar para meu chefe que estava largando minha promissora carreira e o maior projeto em que já estive envolvida para fazer uma segunda faculdade – onde meu intuito era apenas ter a experiência de como é ser uma pessoa normal para poder esfregar na cara de um imbecil que eu poderia ser tão divertida quanto ele com pessoas da minha idade?

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