Demorou um pouco mais que meia-hora para conseguir me livrar do velho rabugento – mais cinco minutos tentando convencê-lo que não era preciso chamar a polícia para me advertir sobre o barulho – e quando finalmente retornei para casa, todo calor havia se dissipado e o cansaço daquele longo dia havia me atingido como um carro em alta velocidade.
— Eu sinto mui-... — Tentei dizer, mas era tarde demais.
Ela estava adormecida em meu sofá.
Com cuidado, me aproximei e toquei seu rosto. Não houve movimento em resposta, nem mesmo quando a chamei pelo nome. Havia subestimado o nível de álcool em seu corpo, acreditando que ela não tinha tomado nada além daquilo que eu havia ofertado.
Melhor assim, pensei.
Procurei no armário um lençol limpo, algo que pudesse usar para cobri-la. Ainda havia um que minha avó havia enviado de presente, guardado em sua embalagem original.
Estendi o pano florido sobre o corpo dela e então me sentei na velha poltrona de meu avô, a observando em seu sono profundo.
Sob a fraca luz amarelada do abajur, se tornava fácil admitir que Susan era bonita – como Heather havia dito na primeira vez que a vimos. Ela tinha cabelos castanhos-chocolate na altura dos ombros e uma franja quase sutil.
Era engraçado para mim que Susan não se parecia tanto com seu irmão quando a vi pela primeira vez, mas agora estava ficando mais claro. Era evidente os traços em comum, como as sobrancelhas grossas e o nariz pequeno.
Deixei uma risada nasal escapar e peguei meu celular no bolso da jaqueta que estava jogada no chão. Havia poucas mensagens, sendo a maioria de Heather.
Hesitei em responder, considerando se deveria contar a verdade ou mentir. Em ambos os casos, eu tinha certeza que ela me infernizaria por uma semana.
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C'est la Vie
Romance━━ 𝐂'𝐄𝐒𝐓 𝐋𝐀 𝐕𝐈𝐄 © 2022 ㅤㅤNinguém tem uma crise de meia-idade aos vinte e um anos, exceto uma mente brilhante que dedicou sua vida aos estudos e um seleto grupo de ex-crianças prodígio. Reconhecendo ter perdido todo tempo de sua vida tentan...