— Posso ver seu portfólio?
Susan perguntou com curiosidade sincera, encostada ao batente do quarto enquanto eu terminava de desmontar a estrutura da cama. Meus olhos se ergueram por um momento, surpresos com suas palavras.
— Não. — Respondi, fazendo um esforço imenso para manter a seriedade.
— O que? — Espantou-se. — Por que?
— Você acha que não me lembro que zombou do meu curso?
— Eu estava brincando. — Protestou. — Não é como se eu odiasse todas as pessoas de humanas.
Deixei que ela implorasse um pouco mais enquanto soltava o último parafuso. Entre suas palavras, existia uma porção de pedidos de desculpas e justificativas por sua maneira constantemente arrogante. Precisei conter minha risada mais que uma única vez até que terminasse o que estava fazendo e finalmente pudesse levantar.
— Meu portfólio ainda não está pronto. — Confessei, colocando as peças da cama juntas em um canto do quarto. — E você tem meu instagram.
— Eu quero ver o mundo por seus olhos. — Disse ela. — Não apenas aquilo que você editou e pensou bem antes de postar.
Respirei fundo e caminhei em direção a sala.
Minha câmera estava ainda dentro de sua própria bolsa, mantida em segurança de possíveis quedas e poeira. Hesitei por um momento antes de retirá-la de seu esconderijo, mas não demorei para depositá-la nas mãos da garota que esperava com ansiedade no braço da poltrona.
Não estava certo sobre como agir. Caminhei em direção a geladeira à procura de uma garrafa com água gelada. Observei silenciosamente os dedos finos da garota pressionarem o botão para seguir para a próxima imagem e rezei para que não houvessem mais fotos de Jacqueline por ali.
— Você tirou uma foto minha. — Ela me encarou por um momento. — Eu tinha esquecido completamente dessa palhaçada.
— É uma boa foto.
— Quase tão boa quanto minha foto no anuário do ensino médio. — Resmungou. — Como faço para deletar?
— Você não vai apagar nada, Kiesler. — Ameacei. — Tire as mãos da minha câmera.
Os olhos de Susan me encararam de forma travessa e seus dedos começaram a se mover em direção a outro botão.
Sabendo que ela iria descobrir bem mais rápido que uma criança como usar aquela máquina fotográfica, avancei em sua direção para tomar de volta o aparelho antes, mas ela havia sido mais rápida pulando para longe de mim.
— Volte aqui, sua...
— Prenda-me se for capaz, bonitinho. — Disse ela, pronta para correr para longe mim.
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C'est la Vie
Romance━━ 𝐂'𝐄𝐒𝐓 𝐋𝐀 𝐕𝐈𝐄 © 2022 ㅤㅤNinguém tem uma crise de meia-idade aos vinte e um anos, exceto uma mente brilhante que dedicou sua vida aos estudos e um seleto grupo de ex-crianças prodígio. Reconhecendo ter perdido todo tempo de sua vida tentan...