capítulo três

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Gus esfregou as mãos em sua barriga e abriu um sorriso quando entreguei a comanda

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Gus esfregou as mãos em sua barriga e abriu um sorriso quando entreguei a comanda. Um rabisco no canto que deveria ser uma borboleta ao invés de um oito, era o sinal obrigatório que precisávamos colocar na comanda para que ele entendesse que o pedido era para sua cliente favorita, a qual costumava chamar de borboletinha, e que talvez fosse a mais velha daquela antiga cafeteria.

— Ela está com uma amiga. — Avisei.

De volta ao balcão, percebi os pequenos cachos volumosos que espreitavam pela porta da cozinha. Como de costume quando ficava entediada o suficiente para não querer cumprir suas obrigações, Heather estava espionando com o pano em seu ombro.

— Quem é a bonitinha?

— O que? — Perguntei confuso.

Se aquilo era um teste, eu tinha acabado de falhar.

— Com a Leo. — Explicou, apontando com o rosto em direção as garotas que conversavam no lugar de onde eu havia acabado de retornar. — Rosto arredondado, olhos pequenos e um tom de cabelo achocolatado que me lembra alguém... Sério que você não reparou?

Encarei a garota por alguns minutos, pensando se deveria insultá-la por sua baixa estatura ou a aparência quase infantil que frequentemente deixava as pessoas confusas se realmente tinha idade para trabalhar naquele lugar. Heather estava determinada a acabar com toda paciência que eu tinha.

— Você acha que eu tenho tempo para reparar nisso? — Questionei, erguendo a sobrancelha.

— É muito mais produtivo que ficar encarando as fotos da sua ex-namorada no celular. — E lá estava minha consciência irritante de carne e ossos usando aquele maldito tom inocente de novo para me cutucar. — Você não vai morrer se olhar para outras garotas, sabe?

Respirei fundo.

— Ela não faz o meu tipo.

Um sorriso travesso surgiu em seus lábios, acompanhado de um tom malicioso e acusatório. — Então quer dizer que você olhou.

Estava ficando cada vez mais difícil me conter diante daquela criatura irritante e, conhecendo cada traço de sua personalidade, sabia que as coisas iriam apenas piorar de agora em diante. Heather sossegaria apenas quando eu estivesse ocupado com uma outra garota.

— Podemos apenas voltar ao trabalho?

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Pilotar em direção ao litoral parecia ter refrescado minha cabeça depois de um turno tão estressante na companhia energética da garota que surgia a cada dois segundos para me convencer a criar um perfil em um aplicativo de relacionamento.

Meu avô saberia exatamente o que dizer sobre aquela situação, embora eu tivesse certeza que ele encontraria o pior uso de palavras para isso e tentaria me convencer que tudo que eu precisava era assistir um jogo de hóquei e encher a cara – coisa que ele próprio fez quando minha avó pediu divórcio trinta e cinco anos atrás.

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