capítulo dezoito

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Esfreguei meu rosto, tentando ter certeza do que estava lendo na placa que indicava a entrada do parque provincial

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Esfreguei meu rosto, tentando ter certeza do que estava lendo na placa que indicava a entrada do parque provincial. Estava começando a questionar se deveria fazer um novo exame de vista ou consultar um psicólogo. Não podia ser possível que eu estivesse realmente ali.

— Não venho aqui desde que éramos pequenos. — Comentei, sentindo uma ansiedade crescendo em meu estômago.

Naquele momento, era capaz de pular daquele carro e correr para o mar como se tivesse apenas cinco anos. Tudo estava exatamente a mesma coisa. A guarita amarelada onde deveríamos validar nossa entrada, a escultura de madeira em forma de urso e até mesmo o estacionamento que ficava próximo ao camping.

— É um problema?

Balancei a cabeça, me sentindo entusiasmada.

— Você se lembra quando fazíamos castelos de areia?

— Acho que foi nesse momento que decidi que queria estudar arquitetura. — Brincou.

Atravessamos a entrada com as boas vindas de uma mulher de meia-idade que trabalhava no Bloomside Beach Park e estacionamos próximo ao caminho que seguia por uma clareira até a praia. Nessa época do ano a água deveria ser congelante, capaz de fazer uma pessoa perder os dedos do pé.

O casebre onde ficavam os banheiros também parecia ser a mesma coisa que anos atrás, me fazendo pensar sobre a descendência das aranhas que se penduravam naquela construção.

— Depois que entrou na faculdade, você já tinha vindo aqui outras vezes? — Perguntei, saltando para fora do carro.

— Apenas uma vez. — Confessou, colocando a mão nos bolsos da calça. — Acho que eu sinto falta da época que meus maiores problemas eram dividir um quarto pequeno com você.

Deixei uma risada escapar, me lembrando de cada simples detalhe de nossa infância. Costumávamos brigar o tempo todo por conta do espaço pequeno. Mamãe frequentemente perdia a paciência com nossos momentos infantis.

Caminhamos lado a lado pela areia grossa e úmida, observando as poucas pessoas que aproveitavam o fim de tarde por ali. Não havia muito movimento – e a tendência era diminuir a cada minuto que a temperatura caia. E de repente, eu me sentia mais leve. Como se todo restante da minha vida não estivesse em um período de bagunça constante.

Por um tempo, apenas aproveitamos nosso pequeno passeio. Não trocamos muitas palavras, exceto as lembranças que vinham em nossas mentes. Falamos um pouco sobre mamãe, como ela estava indo bem em seu novo emprego e a teimosia de vovó que agora estava pensando em fazer uma tatuagem com nossos nomes.

Connor me fez rir até meu estômago começar a doer, como não fazia a muito tempo, e me senti culpada pela distância que havia surgido entre nós dois. Eu era a maior responsável por nossas brigas. Estava tentando fazer tudo funcionar ao meu jeito, ignorando que não era dona do universo.

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