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Meus fones de ouvido ainda tocavam, mas mesmo no último volume era impossível deixar de ouvir meus próprios pensamentos discutindo entre si dentro da minha cabeça.
Enquanto uma parte minha pensava sobre meus problemas pessoais – e todos os surtos que me levaram até aquele momento -, outra parte implorava por mais atos impulsivos. Havia algo prazeroso na confusão que eu estava gerando na minha vida, algo que jamais havia sentido antes.
Respirei fundo e...
— Qual parte da sua história é mentira? — Finnegan perguntou, quebrando o silêncio entre nós dois.
— O quê?
Droga, resmunguei mentalmente.
— Todo mundo mente para tentar fazer parte de um grupinho popular, mesmo na faculdade. — Explicou, aliviando todo o peso que estava em meu coração por ter sido supostamente descoberta. — Qual é a sua mentira?
Uma risada quase escapou.
— Eu não contei nada que não fosse verdade. — E lá estava eu mentindo outra vez.
— E quanto ao tesla?
Droga.
Era óbvio que ele havia visto enquanto eu estacionava próximo a cafeteria naquele dia. Que outro tipo de garoto não pararia seu trabalho por um momento para admirar um carro bonito como aquele?
— É uma história engraçada.
— Tenho tempo para ouvir.
Então uma ideia surgiu em minha mente como uma grande descoberta. Eu iria reverter a conversa de modo que ficasse a meu favor, um blefe social que minha vózinha teria aprovado.
— Posso te contar, se você explicar o motivo dessa sua perseguição repentina comigo... — Estalei a língua, sentindo o sabor da reviravolta.
— Perseguição? — Questionou, tentando trazer um tom de incredulidade para a conversa. — É assim que os jovens chamam hoje em dia?
— Na cafeteria você parecia me odiar.
— Eu estava trabalhando. — Protestou. — Não posso flertar com clientes.
Holzmann estava confessando que estava flertando comigo – ainda que indiretamente -, fazendo meu coração disparar ainda que eu tentasse dizer a mim mesma que estava entendendo tudo errado.
Precisava me controlar, colocar em minha mente avisos para não me envolver demais. Não deveria deixar minhas emoções terem poder sobre mim. Eu tinha limites, padrões... E ele tinha uma ex-namorada, cheiro de bagels e aquele jeito de quem não se importava com muita coisa na vida.
— E por quê na frente de Jackie?
— Espera. — Finnegan parou de caminhar, segurando meu braço para evitar o distanciamento. — O que?
