Dezembro trouxe uma quantidade de neve inesperada para as duas pequenas cidades locais, mesclando com uns poucos dias de chuva e frio intenso. O período de aulas estava quase terminando, uns poucos dias a mais e entraríamos em recesso de inverno.
Embora eu estivesse com um pé atrás em relação a questão do namoro, resolvi seguir os conselhos que meu irmão havia me dado antes e com um sorriso carregado de incertezas aceitei a proposta. E como prometido, meu irmão se arrependeu um segundo depois quando se deparou comigo sendo tomada pelos lábios do garoto que ele odiava.
Voltamos a nossa rotina anterior, onde eu comecei a passar um pouco mais tempo na casa de Finnegan e até mesmo conheci a senhora Jenkins que insistiu que deveríamos jantar na casa dela uma noite qualquer.
Frequentemente eu era pega por beijos em meu pescoço, mãos firmes que invadiam o espaço por baixo das minhas roupas e até mesmo palavras sussurradas tão próximas ao meu ouvido que faziam todos os pelos de meu corpo se eriçarem. E sendo honesta, eu amava aquela proximidade quente e carinhosa.
Em uma conversa rotineira deixei escapar uma pequena informação que poderia fazer minha cidadania canadense evaporar: eu não sabia patinar. Finn estava perplexo, não conseguia acreditar. Era a segunda coisa que descobria que sobre mim onde eu não era boa. Chegava a ser humilhante vê-lo descobrir que meus talentos eram limitados a ciências, matemática e computadores. Por isso ele criou um plano para me ensinar.
— Não é tão difícil assim. — Disse enquanto amarrava o cadarço dos patins que havíamos alugado para mim. — As crianças aprendem bem rápido.
Encarei a pinta da direita onde um pequeno grupo de crianças estava tendo sua primeira aula de hóquei e meu rosto queimou envergonhado com a situação.
— Primeiro vamos praticar aqui no corredor mesmo. — Ele comentou, estendendo sua mão para me levantar. — Você primeiro precisa aprender a marchar.
Estava me sentindo uma boba, tentando fazer algo que a maioria que estava no centro comunitário sabia. Depois que explicou o básico com um treino que não passava de uma demonstração da teoria, resolvemos botar em prática e o resultado foram três tombos que só não me deixaram mais roxa porque estava usando equipamentos de segurança.
— Posso pegar o suporte se você preferir. — Disse apontando para uma criança que se apoiava em um objeto que se assemelhava a um andador.
Respirei fundo, fazendo uma careta. Meu orgulho jamais permitiria passar por uma situação tão constrangedora como aquela. Tinha certeza que se me vissem com aquilo, eu seria um alvo fácil para comentários ácidos que apenas criaturas pequenas e cruéis eram capazes de fazer sem sentir remorso.
Quando eu finalmente parecia ter pegado o jeito da marcha, começando a deslizar com um pouco mais de suavidade pelo gelo, Finn decidiu que estava na hora de aprender o movimento de freio. Não era para ser tão difícil, mas perdi as contas de quantas vezes ele precisou me agarrar antes que eu fosse ao encontro das placas de acrílico que circundam o rinque.
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C'est la Vie
Romance━━ 𝐂'𝐄𝐒𝐓 𝐋𝐀 𝐕𝐈𝐄 © 2022 ㅤㅤNinguém tem uma crise de meia-idade aos vinte e um anos, exceto uma mente brilhante que dedicou sua vida aos estudos e um seleto grupo de ex-crianças prodígio. Reconhecendo ter perdido todo tempo de sua vida tentan...