Susan estava visivelmente triste durante a semana seguinte.
Embora o tratamento para o câncer de seu cachorro houvesse custado uma fortuna, não se importou ou pensou duas vezes. Estava determinada a fazer o que fosse possível para estender a vida dele e isso incluía se afastar um pouco de mim. Dessa vez estava mais tranquilo, ciente que seu motivo envolvia forças maiores – e não significava que não iriamos nos ver mais.
Poderia passar em seu apartamento duas a três vezes na semana, tentar aproveitar o pouco tempo que tínhamos restante. Também a acompanhei para a primeira sessão de quimioterapia. E mantínhamos nosso relacionamento da melhor forma que conseguíamos.
Em meu dia de folga, estava combinado que iríamos ao cemitério e mesmo eu dizendo que poderíamos deixar para outra oportunidade, ela fez questão de me acompanhar.
— Você pode levá-lo para minha casa. — Ofereci.
Eu estava surpreendendo a mim mesmo por estar indo contra todas as vontades de meu avô ao oferecer estadia a um cachorro e, contente por eu aceitar tão bem seu pequeno demônio, foi o que ela fez.
Darth ficou no carro enquanto caminhávamos por entre as lápides de diferentes tons cinzentos, com um aviso no celular informando que o ar estava ligado e que voltaríamos em quinze minutos – para garantir que ninguém tentaria quebrar o vidro para salvá-lo de uma possível morte dolorosa.
Apontei a direção do jazigo de meu avô e a garota ao meu lado pegou em minha mão. Embora meu coração ainda estivesse despedaçado com a ausência daquele homem, era como se ela fosse capaz de pegar os pedaços e mantê-los juntos.
Sorri para ela, tentado a roubar um beijo.
Ficamos em silêncio assim que nos aproximamos da lápide que trazia as informações de meu avô – seu nome, ano de nascimento e falecimento. Abaixei para depositar uma flor em seu túmulo e soltei um suspiro pesado. Esperava que se houvesse um mundo pós vida, ele estivesse descansando como meus pais e vendo que estava tudo bem comigo naquele momento.
— Ces't la vie? — Perguntou a garota ao meu lado.
— Meu avô costumava dizer isso para mim sempre que alguma coisa dava errado. — Comentei. — Não exatamente assim. Sempre era acompanhado por um ou dois palavrões.
Susan deixou uma risada escapar, logo pedindo desculpas, e eu soube naquele momento que meu avô teria adorado aquela garota quase tanto quanto eu.
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Deitada sobre meu peito desnudo, ela respirava suavemente enquanto meus dedos deslizavam por seu cabelo castanho. Estávamos chegando ao final do dia, mesmo que a escuridão houvesse tomado as ruas muitas horas antes.
— Três. — Sua voz saiu levemente rouca, ainda se recuperando dos gemidos altos que havia soltado minutos antes.
— O que? — Perguntei.
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C'est la Vie
Romance━━ 𝐂'𝐄𝐒𝐓 𝐋𝐀 𝐕𝐈𝐄 © 2022 ㅤㅤNinguém tem uma crise de meia-idade aos vinte e um anos, exceto uma mente brilhante que dedicou sua vida aos estudos e um seleto grupo de ex-crianças prodígio. Reconhecendo ter perdido todo tempo de sua vida tentan...