[XXVII] O Balanço Errante

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           | O Balanço Errante |

Desde o desastroso episódio com os diabretes, o Prof. Lockhart não trouxe mais seres vivos para a aula. Em vez disso, lia trechos dos seus livros para os alunos, e, por vezes, dramatizava algumas passagens mais pitorescas. Em geral ele escolhia Harry para ajudá-lo nessas dramatizações; até aquele momento o garoto foi obrigado a representar um camponês simplório da Transilvânia, de quem Lockhart curara um feitiço de gagueira, um iéti com um resfriado na cabeça e um vampiro que se tornara incapaz de comer outra coisa a não ser alface, depois que Lockhart deu um jeito nele. Haley não conseguia não rir de Harry toda vez que Lockhart o chamava para ajudá-lo.

Desta vez Harry foi chamado à frente da classe na aula seguinte de Defesa Contra as Artes das Trevas, para representar um lobisomem. Harry até teria recusado, mas Haley e Hermione insistiram para ele ir, já que tinham que ter Lockhart de bom humor. Mas Haley insistiu também, para poder rir mais um pouco da cara do irmão.

— Um belo uivo, Harry, exato, e então, queiram acreditar, eu saltei sobre ele, assim, joguei-o contra a porta, assim, consegui contê-lo com uma das mãos, com a outra apontei a varinha para o pescoço dele, e então reuni toda a força que me restava e lancei o Feitiço Homorfo, muitíssimo complicado, e ele soltou um gemido de dar pena... vamos, Harry, mais alto, bom, o pelo dele desapareceu, as presas encurtaram, e ele voltou a virar homem. Simples, mas eficiente, e mais uma aldeia que se lembrará de mim para sempre como o herói que os salvou do terror mensal dos ataques de lobisomem.

Haley não aguentou e começou a ter uma crise de riso, mas foi abafada pela sineta que tocou.

Lockhart ficou em pé.

— Dever de casa… compor um poema sobre a minha vitória sobre o lobisomem de Wagga Wagga! Exemplares autografados de O meu eu mágico para o autor do melhor trabalho!

Os alunos começaram a sair. Haley, Hermione e Rony esperavam Harry no fundo da sala.

— Prontos? — murmurou Harry quando voltou para perto.

— Espere até todos saírem — pediu Hermione nervosa. — Certo…

— Eu não acredito que realmente concordei com isso — murmurou Haley para si própria.

Hermione se aproximou da mesa de Lockhart, um papelzinho seguro firmemente na mão, Haley, Harry e Rony logo atrás.

— Ah... Prof. Lockhart? — gaguejou Hermione. — Eu queria... retirar este livro da biblioteca. Só para ter uma ideia geral do assunto. — Ela estendeu o papelzinho, a mão ligeiramente trêmula. — Mas o problema é que ele é guardado na Seção Reservada da biblioteca, então preciso que um professor autorize, tenho certeza de que o livro me ajudaria a entender o que o senhor diz em Como se divertir com vampiros sobre os venenos de ação retardada...

— Ah, Como se divertir com vampiros! — exclamou Lockhart apanhando o papelzinho de Hermione e lhe dando um grande sorriso. — Possivelmente é o livro de que mais gosto. Você gostou?

— Gostei — disse Hermione depressa. — Muito esperto o modo com que o senhor apanhou aquele último, com o coador de chá...

— Bem, tenho certeza de que ninguém vai se importar que eu dê à melhor aluna do ano uma ajudinha extra – disse Lockhart calorosamente, logo depois olhando para a Haley, rindo. — Você também é uma das melhores alunas, Haley. Não precisa ficar enciumada — e puxou uma enorme pena de pavão, enquanto Haley estava com a testa franzida de indignação, já Harry e Rony davam risadinhas abafadas. — Bonita, não é? — disse Lockhart novamente, se referindo a pena de pavão, interpretando mal a expressão de indignação no rosto de Haley. — Em geral eu a uso para autografar livros.

𝚃𝙷𝙴 𝙿𝙾𝚃𝚃𝙴𝚁, 𝙷𝙰𝚁𝚁𝚈 𝙿𝙾𝚃𝚃𝙴𝚁 [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora