[XXXIV] O Herdeiro de Slytherin

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     | O Herdeiro de Slytherin |

Haley e Harry se viram parados no fim de uma câmara muito comprida e mal iluminada. Altas colunas de pedra entrelaçadas com cobras em relevo sustentavam um teto que se perdia na escuridão, projetando longas sombras negras na luz estranha e esverdeada que iluminava o lugar.

Com o coração disparado, Haley e Harry ficaram escutando o silêncio hostil. Aonde será que o basilisco estaria? atrás de uma coluna? E onde estaria Ginny?

Harry puxou a varinha e fez a menção de avançar por entre as colunas serpentinas e finalmente Haley também puxou a sua varinha e o seguiu. Cada passo cauteloso ecoava alto nas paredes sombreadas. Eles mantiveram os olhos semicerrados, pronto para fechá-los depressa ao menor sinal de movimento. As órbitas ocas das cobras de pedra pareciam segui-lo. Haley engoliu seco, tentando se convencer que era coisa da sua cabeça, mas a garota sabia que não era. Então, quando chegaram no último par de colunas, uma estátua alta como a própria Câmara apareceu contra a parede do fundo.

Eles tiveram que esticar o pescoço para ver o rosto gigantesco lá no alto. Era antigo e simiesco, com uma barba longa e rala que caía quase até a barra das vestes esvoaçantes de um bruxo de pedra, onde havia dois pés cinzentos enormes apoiados no chão liso da Câmara. E entre os pés, de bruços, jazia um pequeno vulto de cabelos flamejantes vestido de negro.

— Ginny! — murmurou Harry, correndo para ela e se ajoelhando, enquanto Haley estava paralisada, ela sentia algo um negócio… parecia uma energia forte, uma energia muito forte — Ginny… não esteja morta... por favor não esteja morta... — Ele largou a varinha de lado, segurou Ginny pelos ombros e virou-a. Seu rosto estava branco e frio como o mármore, mas tinha os olhos fechados, portanto não estava petrificada. Então devia estar…

— Harry — começou Haley com a voz falha — Pegue a sua varinha.

Harry não deu atenção e Haley sentiu vontade de chorar. A garota estava sentindo uma energia grande demais, forte demais. Havia alguém com eles, ela sabia, mas essa pessoa com certeza não estava ali para ajudá-los.

“Ginny por favor acorde”, murmurou Harry desesperado, sacudindo-a. A cabeça de Ginny balançou desamparada de um lado para outro.

— Ela não vai acordar — disse uma voz indulgente, Haley prendeu a respiração.

Harry se sobressaltou e se virou ainda de joelhos, já Haley estava com medo demais para ver o que estava atrás de si própria, mas reuniu toda a coragem que conseguiu e se virou, lentamente.

Um garoto alto, de cabelos negros, os observava encostado à coluna mais próxima. Extremamente lindo. Mas ele tinha os contornos estranhamente borrados, como se eles o estivessem vendo através de uma janela embaçada. Mas não havia como se enganar…

— Tom... Tom Riddle? — Harry perguntou.

Riddle confirmou com a cabeça, sem tirar os olhos de Haley e Harry.

— Que é que você quer dizer com “ela não vai acordar”? — perguntou desesperado. — Ela não está... não está...?

— Ainda está viva — disse Riddle. — Mas por um fio.

Tanto Haley quanto Harry estavam de olhos arregalados para ele. Tom Riddle estivera em Hogwarts cinquenta anos atrás, contudo achava-se ali parado, envolto por uma luz estranha e enevoada, com os seus exatos dezesseis anos.

— Você é o que? — Haley perguntou em voz baixa.

— Um fantasma? — Harry também perguntou. 

— Uma lembrança — disse Riddle com suavidade. — Conservada em um diário durante cinquenta anos.

E apontou para o chão perto dos enormes pés da estátua. Caído ali encontrava-se o pequeno diário preto que eles encontraram no banheiro da Murta Que Geme. Haley se perguntava como o diário havia chegado ali.

𝚃𝙷𝙴 𝙿𝙾𝚃𝚃𝙴𝚁, 𝙷𝙰𝚁𝚁𝚈 𝙿𝙾𝚃𝚃𝙴𝚁 [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora