2.

433 24 5
                                    

DULCE

— Shhh, silêncio — sussurrei depressa.
— Shhh, você! Não fiz nada.
— Eu não disse que você fez alguma coisa.
Eu pedi silêncio.

Você vai estragar tudo antes de conseguirmos ver alguma coisa — sibilei para Anahí.

Ela resmungou, provavelmente irritada comigo, mas ficou quieta enquanto levávamos a enorme escada em direção ao muro de pedra da propriedade deles. Muitas horas haviam se passado desde que tínhamos deixado o apartamento de Jameson, e que eu tinha oficialmente me mudado para a sala de visita da minha amiga. Como prometido, já tínhamos comemorado a mudança e o rompimento com muitas doses de tequila e várias margaritas cada. Talvez também já tivéssemos usado a sala de projeção como nosso karaokê e assassinado umas músicas pelo caminho, mas atribuímos a péssima performance ao tempo ruim porque normalmente arrasávamos cantando todas as canções.

Enquanto estávamos deitadas olhando para o teto, Anahí recebeu uma mensagem de texto de Alfonso dizendo que se atrasaria para a nossa fossa, e foi exatamente quando me lembrei de que não era uma boa ideia deixar Anahí beber mais do que quatro doses de tequila. Depois que a consolei, já que ela estava chorando porque Alfonso se atrasaria, ela decidiu que seria ótimo pegar a escada que tínhamos visto os jardineiros usarem mais cedo e conferir o lado do muro de Christopher Uckermann ― o astro bonitão de cinema que tinha se mudado para lá alguns meses antes.

Como eu poderia dizer "não" a um plano tão bom? Nosso plano não incluía espiá-lo nem nada assim.
Bom, claro que não éramos de perseguir, só queríamos ver como era a casa dele, sabe? Afinal, casas são muito importantes. É sempre uma conquista na vida ter um teto sobre a cabeça da gente. E se por pura sorte o víssemos andando meio pelado pela casa ― ou, quem sabe?, totalmente pelado ―, bom, não seria nossa culpa estarmos olhando, né?
A culpa seria única e exclusivamente dele.

Então, esse foi o motivo de termos ido parar no quintal de Anahí , levando aquela maldita escada.

— E se ele estiver pelado, Dulce ?
O que a gente vai fazer?
— Hum... ver se ele está nu por vontade própria?
É praticamente atentado ao pudor, mas não vamos chamar a polícia, eu acho.
— Está falando sério?
— Claro que não!
Cuidado por onde anda, tem uma árvore atrás de você.
Depois de me olhar de cara feia, ela olhou para trás e quase bateu no tronco da árvore. — Ah, valeu.
Sorri e balancei a cabeça.

Alfonso se surpreenderia muito quando encontrasse a esposa caindo de bêbada.

Quando já estávamos bem perto, lentamente abaixei a ponta da escada que eu estava segurando.

— Não solte, tá? Precisamos apoiá-la no muro. — Sei o que precisamos fazer, pare de me dar ordens.
E, por favor, pare de bater no meu arbusto!
— Meu Deus, Anahí , estou sendo arranhada nesse arbusto idiota aqui, e você não está nem um pouco preocupada com a possibilidade de eu morrer de hemorragia.
— Não se preocupe, você não vai morrer por causa de uns arranhões.

Sem contar que isso tudo foi ideia sua.
Vou ficar repetindo isso quando o Alfonso  chegar em casa e nos pegar aqui.

— Ela cantarolou a última frase enquanto eu fazia o melhor que podia para me afastar do arbusto mortal.
— Ideia minha?
Resmungando, eu a ajudei a encostar aquela porcaria pesada no muro.
Quando ouvi um barulho alto de batida, fiz uma careta e caí sentada no chão entre o arbusto e o muro de pedra.
— Merda — Anahí  sussurrou e abraçou a escada.
— Você acha que ele escutou?
— Quem?
— Christopher Uckermann.
— Acho que a vizinhança toda escutou isso, mas vamos torcer para Christopher ter problemas auditivos.
— Então vamos, levante-se.
Quero dar uma olhada.
— Ela deu a ordem enquanto pulava com uma perna só e depois com a outra e tentava alcançar além do muro.
— Vamos só dar uma olhadinha, tá?
— Tá, tá.
Você já falou.

Te odeio, Uckermann | Vondy - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora