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DULCE

Deitada ao lado de Aiden enquanto ele dormia, meus olhos começaram a se fechar enquanto eu esperava por Christopher.

Eu não sabia exatamente se falaríamos sobre nós quando ele voltasse e, sinceramente, essa devia ser a última coisa em que ele estava pensando, mas, ainda assim, falando ou não, eu sabia que me sentiria muito melhor quando ele voltasse para perto de nós.

Aiden adormeceu dez minutos depois de construirmos nosso forte improvisado, que era grande o suficiente para acomodar nós dois. Ele se aconchegou mais perto de mim enquanto dormia, e eu sorri olhando para ele. Ele era a criança perfeita.

— Você pode guardar um segredo, Lucy? — ele me perguntou momentos antes de seus olhos perderem a luta contra o sono.
— Claro.
Eu amo segredos.
Pode me contar.
Ele desviou o olhar da TV e brincou com a calça do pijama.
— Eu chorei hoje.
— O que aconteceu? — sussurrei tão baixinho quanto ele.
Ele olhou nos meus olhos, seus dedos ainda torcendo e puxando o tecido.
— Mas você não pode contar ao meu pai, está bem?
Concordando com a cabeça, esperei que ele continuasse.
— Minha mãe estava ao telefone hoje e estava chorando, então eu pensei que poderia dar um abraço nela e deixar tudo bem, como fiz com você quando você chorou assistindo a O Rei Leão, mas, quando tentei chamar a atenção dela, ela gritou comigo e me disse para voltar para o meu quarto.
Minha babá correu atrás de mim e disse que minha mãe estava triste e não queria gritar comigo, mas eu ainda chorei um pouco porque não quero que ela fique triste.
Eu só queria dar um abraço nela.

Que vaca!

— Tenho certeza de que ela não quis gritar com você, Aiden.
Eu acho que ela estava tendo um dia ruim hoje, por isso seu pai saiu para poder ajudá-la.
Ela vai ficar bem.
— Eu sei — ele murmurou. — Mas isso me fez chorar, de qualquer maneira.
Eu sempre sinto falta do meu pai quando ela grita comigo porque ela nunca grita quando o papai está lá.
Tentei encontrar algo para dizer, mas não encontrei nada.
Merda.
— Amo você, Lucy — Aiden murmurou, seus olhos já fechados.

Meu coração derreteu no peito, e eu secretamente planejei maneiras de matar a cadela tão cheia de pose.
Talvez uma câmera pesada pudesse cair na cabeça dela.
Isso seria divertido.
Quem gritaria com uma criança que oferecia um abraço só para fazer você se sentir melhor?
Quem, porra?

— Eu também te amo, pequeno humano — murmurei em resposta e dei um leve beijo em sua bochecha.
Senti meus olhos lentamente começarem a se fechar, então me acomodei e fiquei um pouco mais confortável sem acordar Aiden.

Não sei se aconteceu segundos ou minutos depois, mas algo me acordou.

Grogue e sem saber o que estava acontecendo, olhei em volta e prestei atenção para tentar ouvir Christopher.
A porta não se abriu.
Não ouvi barulho de carro.
Não vi Christopher.

Eu tinha silenciado a TV antes de fechar os olhos, mas a luz do filme era suficiente para que eu pudesse ver ao redor claramente. Quando a sensação estranha não desapareceu, esfreguei os olhos e me sentei lentamente.
Foi então que ouvi o som agudo de um galho quebrando.

Meu coração bateu forte, eu puxei os lençóis e espiei do nosso pequeno esconderijo o quintal. Estava escuro lá fora e, mais do que isso, o sofá em frente às janelas tornava impossível ver o lado de fora, de onde eu estava.
De joelhos, saí do forte e esperei.
Prestei atenção.
Nada.
Mas então, alguma coisa surgiu.

Eu vi alguém passando pela janela quando a sombra dele se estendeu sobre o piso de madeira à minha frente. Prendendo a respiração, eu me arrastei para trás e comecei a sacudir Aiden.

Te odeio, Uckermann | Vondy - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora