15.

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DULCE

— Anahi.
— Anahi, acorde.
Nada.
Nem mesmo um gemido.

— Anahi.
Anahi.
Anahi.
Finalmente um gemido.
— Vá embora, Dulce.
— Você tem que acordar — eu disse quando comecei a afundar minhas duas mãos na cama para fazê-la balançar no colchão.
— Me dê uma boa razão e eu vou pensar se devo abrir os olhos — ela murmurou, se afastando de mim e abraçando o travesseiro com mais força.
— Porque eu acordei.
— Sei.
Acho que não.
Boa tentativa, agora vá embora.
— Anahi.
— Dulce.
Suspirei e subi na cama.
— Anahi, acorde.
— Dulce, vá embora.
Dessa vez, fui eu quem gemeu.
— Não é assim que se joga, Anahi.

Eu venho ao seu quarto para te acordar e você acorda. E eu não posso nem deitar nos seus peitos e me sentir confortável porque você está deitada em cima deles.
Apertando os dois.
Matando os dois.
Tenha piedade, mulher!

— O que você fez com o Alfonso?
— O que eu fiz com ele?
Você estava sonhando que fazíamos sexo a três? — Dei um tapinha nela e me sentei ao seu lado.
— Estou lisonjeada por você ter me escolhido para desempenhar um papel nas suas fantasias, minha Anahi querida.
Me dê todos os detalhes.
Ela soltou um longo suspiro.
— Você não vai embora, não é?
— Umm... — Puxei um dos travesseiros de debaixo da cabeça dela.
— Não.
— Foi o que eu pensei.
Tá. — Ela aceitou o inevitável e caiu de costas, deitando nas colchas um pouco entusiasmada demais para o meu gosto.
— Que horas são?
— Nove e alguma coisa.
— Sério? Bem, isso é novidade.
Você geralmente me acorda mais cedo.
— Viu? — Bati no ombro dela com o meu.
— Eu posso ser legal.
Sou uma boa amiga.
— Ok.
Agora que estou acordada... por que estou acordada mesmo?
— Porque eu tenho notícias.
— Boas ou más?

— Anahi perguntou enquanto levantava as cobertas para que eu pudesse entrar debaixo delas. Apesar de ela agir como me odiasse por eu tê-la acordado cedo, eu sabia que ela adorava minhas visitas ao quarto dela tanto quanto eu.

Ok, talvez não tanto quanto eu, claramente, mas ela amava mesmo assim. Pensei nas coisas que queria compartilhar com ela e não consegui decidir se eram más ou boas notícias.
Definitivamente algumas boas, mas talvez uma muito ruim que estragaria a boa?
Eu não pensaria nisso até ser forçada a pensar.

— Algumas boas, talvez algumas ruins também — comecei.
— Ok.
Pode mandar.
— Qual você quer primeiro?
— Quero todas as boas primeiro.
Balancei a cabeça em sinal afirmativo.
Boa escolha.
— A melhor de todas é que consegui para você... — Pausei apenas para criar mais tensão.
— Sim... você conseguiu para mim...?
— Eu consegui para você... um contrato para fazer um AUDIOLIVRO de Dor na Alma!
Ela se sentou na cama e olhou para mim com olhos arregalados.
— Nós conseguimos um contrato?
— Sim.
Nós conseguimos.
E essa nem é a melhor parte.

— Tendo problemas para conter minha energia, eu me sentei e cruzei as pernas.
— Conta logo!
— Você vai ser a narradora!
Ela pareceu desanimada.
— O quê?
A narradora? Por que eu seria a narradora?
— Porque quem leria seu livro melhor que você?
— Dulce.
Não.
Eu empurrei seu ombro, e ela tombou para trás.
— Anahi.
Sim.
Balançando a cabeça, ela saiu da cama.
— De jeito nenhum.
Eu não vou fazer isso.
Eu a observei andar ao lado da cama e soltei um longo suspiro.
— Sim, você vai.
E quer saber por que você vai fazer isso com o maior sorriso no rosto, minha Anahi querida? — Ah, por favor, me esclareça.
— Porque seu marido é o seu conarrador.
Ela parou de andar e eu tive problemas para conter meu sorriso tonto.
— Alfonso?
Ele vai ler comigo?
Você falou com ele sobre isso?
— Claro que sim.

Te odeio, Uckermann | Vondy - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora