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CHRISTOPHER

Nossa viagem a Paris não mudou nada.
Todo ano, levávamos Aiden conosco, apesar das objeções de Adeline, e todo ano eu fazia as mesmas perguntas, com medo de que as respostas mudassem. Além do fato de Adeline não ter nos acompanhado nessa viagem, nada havia mudado.
Nem as respostas.
Nem a cidade.
Nem as pessoas nela.
Nada.

— Papai?
Posso ir ver meu amigo primeiro?
Eu sei que eles sentiram minha falta.
— Você conversou com Henry algumas horas atrás, Aiden.
Tenho certeza de que ele vai sobreviver por um dia até você encontrá-lo na aula.
— Mas não são apenas Henry ou Isabel. Isabel, certo.
Como eu poderia ter esquecido de Isabel?
— Você falou com a Isabel ontem, pelo FaceTime.
— Sim, mas não são apenas eles.
Eu tenho mais amigos, sabe.
E a Dulce? E a Anahi?
Até Alfonso deve ter sentido minha falta.

Nós ficamos fora durante dias.
Diga a ele, Dan.
Olhei nos olhos de Dan pelo espelho retrovisor e ele balançou a cabeça.

— Diga a ele — pressionou Aiden.
— Tenho certeza de que eles sentiram sua falta, amigo.
— Viu, papai?
Até Dan sentiu minha falta por ter ficado um dia inteiro sem me ver.
Dan tem que me ver, eles também precisam me ver.
— Você não está esquecendo de outra pessoa?
Ele olhou para mim silenciosamente, os olhos ainda implorando.
— Sua mãe.
Ela também sentiu sua falta, amigo.
— Sentiu?
Uma pergunta tão inocente.
Olhei nos olhos de Dan novamente quando ele virou à esquerda, chegando mais perto da casa de Adeline.
— Claro, carinha.
Ele assentiu solenemente e virou a cabeça para olhar para fora, abraçando o iPad contra o peito.
— Eu vou ficar com Aiden — Dan interrompeu meus pensamentos sombrios.
— Você pega o carro e vai à sua reunião com o agente.
Levo Adeline para onde ela quiser de carro.
— Obrigado.
Tenho certeza de que ela vai gostar disso.
— Quando você vai voltar para me pegar? — Aiden perguntou, seus dedos passando na tela do iPad, apesar de o dispositivo estar sem bateria.
Baguncei seu cabelo.
— Sua mãe fica com você por uma semana, amigo, lembra?
Aí então eu vou te buscar pra te levar para casa.

Nada além de um meneio rápido.
Tudo estava encaminhado, mas levaria tempo para eu conseguir a guarda total, e foi por isso que tive que aderir às regras que tínhamos estabelecido antes, após o divórcio.

Até que desse certo, até que Aiden ficasse comigo em tempo integral, eu o visitava com mais frequência. Se para isso eu acabasse vendo mais Adeline ou se tivesse que jantar algumas vezes com ela, tudo bem. Depois de deixar Aiden e Dan na casa de Adeline e vê-la dar um abraço rápido em Aiden, não consegui entender por que ela não era capaz de estabelecer um vínculo com ele de mãe e filho. Na gravidez, ela o havia desejado mais do que eu.
Ela lutou por ele mais do que eu.
Ele era o garoto perfeito.
Ele era perfeito e era meu.

Christopher: Por que você está se escondendo de mim?

Dulce: Quem disse que estou me escondendo?

Christopher: Você não atende minhas ligações.

Dulce: Estou respondendo sua mensagem, não estou?
Talvez eu não queira ouvir sua voz.
Talvez eu não goste dela.
Seja um pouco humilde.

Christopher: Você ama minha voz, Dulce.
Você amou quando estava me implorando para eu falar pra você gozar no meu pau.
E você gozou demais.

Dulce: Eu te odeio.

Christopher: Precisamos conversar.

***

Te odeio, Uckermann | Vondy - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora