5.

354 20 17
                                    

DULCE

Como meus pés estavam me matando por ter ficado na escada por quase uma hora, quando vi Christopher entrando, eu estava prestes a descer e entrar para fazer uns cookies com gotas de chocolate para Anahí e Alfonso antes de eles chegarem ― ou pelo menos tentar ―, como um agradecimento por terem me permitido ficar com eles.

Mas em vez de seguir o pai, a criança ficou para trás, então imaginei que Christopher voltaria também.
No entanto, isso não aconteceu.

No lugar de Christopher, a moça que eu tinha visto algumas vezes ― supostamente a babá ― chamou o menino e voltou a entrar.

Certa de que as emoções do dia tinham terminado, desci um degrau.
Quando vi o menino olhando para a casa e depois de volta para a piscina, hesitei.
Por que eles o deixaram ali sozinho? Pensando que mais alguns minutos não faria mal algum ao processo de fazer cookies, decidi esperar.

De repente, o menino sorriu e pegou as boias de braço que Christopher tinha tirado dele.
Por falar em tirar coisas, posso ter imaginado Christopher tirando algo ― qualquer coisa ― de mim algumas vezes aqui e ali. Sou sem-vergonha, eu sei. Não tenho como evitar; o cara parecia lambível demais para o meu gosto quando o vi seminu. Depois de algumas tentativas, o menino conseguiu colocar uma delas, deixando-a ao redor do cotovelo. Mas a segunda... apesar de muito tentar, não conseguiu vesti-la. Então, como qualquer criança de sua idade teria feito, ele desistiu e a jogou longe. Quando deu o primeiro passo na piscina, na parte rasa, comecei a ficar nervosa.

Com certeza ele sabe nadar, certo? Sei lá, ele estava usando boias de braço sempre que o vi entrando na água, mas eles deviam ter ensinado o menino a nadar, não é? Provavelmente tinham uma piscina olímpica na casa deles ― aquela na qual a esposa dele vivia agora ―, não que eu estivesse me mantendo informada a respeito.

Quando a água chegou à altura do peito dele, comecei a entrar em pânico de verdade. Aquela boia não parecia nada presa ao braço, e se ele não soubesse nadar, uma só boia de braço o manteria acima da água? Para piorar, o menino não parecia saber muito bem o que estava fazendo. Correndo o risco de ser flagrada, tentei chamar a atenção dele.

— Psssiu! Ei, menino! Oi! Por fim, ele me escutou e olhou para mim.

Será que ele sabia que eu tinha passado dias pendurada no muro?

Sorrindo, ele acenou para mim.

Merda!

Antes que eu tivesse tempo de entrar em pânico e descer da maldita escada, o menino foi com tudo e pulou, de cara, batendo os braços e as pernas. Pelo que eu tinha visto nos últimos dias, era esse o estilo dele, mas quando a boia escorregou do seu braço por causa dos movimentos... meu coração meio que parou.

A princípio, ele parecia estar bem e eu consegui voltar a respirar; afinal, ele sabia nadar... mas depois, tudo deu errado. Ele entrou em pânico, sua cabeça foi encoberta pela água, e tudo ficou em silêncio por um segundo... um silêncio que foi demais para mim. Então, ele emergiu, ou melhor, a cabeça dele emergiu enquanto ele batia os braços, com os olhos arregalados de medo.

— Merda. — Xingando, subi os últimos dois degraus e olhei ao redor.
Não, ninguém estava saindo da casa.
Porra, ninguém nem sequer sabia que havia algo ruim acontecendo.
— Porra! Merda! Porra! — Fazendo questão de xingar sem parar, porque, acredite, a situação exigia isso, eu subi no muro o mais depressa que pude e basicamente me joguei dele. Caí de quatro, com o celular a poucos metros de mim, meu rosto a centímetros do chão, e antes que conseguisse me levantar, o menino desapareceu dentro da água de novo.
— Jesus — gemi antes de me levantar e sair correndo na direção dele, sem pensar duas vezes.

Te odeio, Uckermann | Vondy - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora