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  CHRISTOPHER

Nadei até a outra ponta da piscina e subi para respirar. Os músculos do meu braço estavam queimando, e minha dor de cabeça piorava com o passar das horas. Tirei a água dos olhos e vi Aiden sentado exatamente no mesmo lugar onde ele estava há trinta minutos, com os olhos focados em seu iPad e o rosto feliz.

Olhei além de onde ele estava e vi sua babá, Anne, sentada perto da porta da casa. Tínhamos duas babás. A outra era Marta. Ela ficava com Adeline, meio babá e meio assistente de Adeline, e Anne permanecia conosco quando era minha semana com Aiden. Ela abriu um sorriso tímido para mim, e eu assenti para ela. Era bom saber que ela estava de olho em Aiden.

Tranquilamente, voltei nadando até meu filho, fazendo questão de espirrar um pouco de água perto de onde ele estava antes de sair da piscina. Ele estava olhando para trás e rindo de alguma coisa. Quando me notou, tirou os fones de ouvido e sorriu para mim. Só de olhar para ele, senti um aperto no peito.

— E aí, amigão? — perguntei, aproximando-me dele.
— Estou tomando sol, como a mamãe faz. Ri. — Ótimo.
— Está pronto para fazer flexões agora, pai?
— Hoje não, amigo — respondi quando cheguei ao lado dele e peguei minha toalha.
Ele parou de sorrir e deixou o iPad de lado.
— Não sou um bom professor?
— Não é professor, é treinador — eu disse a ele.
— Você encontrou um novo treinador?

Posso melhorar. Posso mesmo, papai.
Posso me esforçar mais como seu treinamento.

Dei risada e me sentei ao lado dele.
— Por que eu procuraria alguém novo se tenho você? Você está sendo intenso no meu treinamento, carinha. Mal consigo acompanhar.
A preocupação em seu olhar desapareceu, e ele me deu um tapinha no braço.
— Certo, você pode descansar hoje.
Faremos flexões amanhã, se você descansar hoje?
— Preciso te levar de volta para a sua mãe hoje, lembra?

Ele me imitou, sentou-se endireitando as costas e apoiou os cotovelos nos joelhos. Seus pés nem sequer alcançavam o chão. Depois de olhar para mim depressa, ele bateu a mão no joelho.

— Ah, não. Amanhã?
Pode me buscar amanhã para podermos fazer flexões?
— Você tem aula amanhã, Aiden.
— Ah — ele sussurrou, olhando para o chão.
— Você acha que a mamãe vai me deixar voltar para cá depois da aula pra te ajudar com as flexões?
— O que acha de treinarmos juntos quando você voltar semana que vem?
— Posso dizer aos meus amigos que sou seu profe... treinador?
— Claro.
Ele saiu da cadeira e começou a dar pulinhos de novo, tudo de volta ao normal em seu mundinho.
— Todo mundo vai morrer de inveja quando vir meus músculos!
— Ele levantou o braço e o flexionou, mostrando os músculos pequenos, pressionando e cutucando com o dedo indicador.

Quanto mais olhava para ele, mais insistente se tornava a dor no meu peito.

Meu Deus!

Por que Adeline fazia isso comigo?

Por que me machucar limitando meu tempo com o meu filho se não tinha interesse em passar tempo com ele? Quase seis meses atrás, ela havia se sentado comigo em um quarto de hotel para dizer que precisava se divorciar de mim. Foi totalmente inesperado; porra, eu tinha transado com ela de um jeito intenso e rápido vinte minutos antes. Pensando que ela estava tirando sarro da minha cara, fui idiota a ponto de rir, levantar e beijar sua testa.

Eu me lembro de ter dito em tom de brincadeira: — Você está acabando comigo, linda.
— Mas em seguida, ela se levantou e me encarou com seriedade, aquele olhar e aquele silêncio que duravam até pessoa entender o que ela queria, o que precisava e concordasse com ela, e eu soube que ela estava falando sério.
Conversamos até o sol nascer, e ela me disse que tornar-se mãe tão jovem tinha acabado com sua criatividade. Ela disse que não estava mais apaixonada por sua carreira como antes e que isso era culpa de Aiden, que ele estava dominando a vida dela. Explicou que queria voltar à época em que não tinha nem que fazer testes para os filmes nos quais queria trabalhar; queria receber o papel sem testes. Explicou em poucas palavras que estava começando a se arrepender da decisão tomada cinco anos antes, que tinha tomado a decisão errada, que não conseguia estabelecer um vínculo com Aiden. E então ela me lembrou, de novo em poucas palavras, que, apesar de estar feliz por nosso casamento aparentemente não ter um efeito negativo na minha carreira, estava na hora de ela voltar a ser a atriz mais requisitada de Hollywood.

Te odeio, Uckermann | Vondy - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora