23.

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CHRISTOPHER

Naquela noite, enquanto eu dirigia pela cidade cheia de cores até o restaurante depois de receber uma mensagem de texto de Alfonso  me dizendo onde poderia encontrá-los, eu ainda estava repassando a reunião que tivera com minha advogada na minha cabeça.
O vídeo íntimo vazado ― o suposto vídeo íntimo ― aparentemente era real.

Quem tinha a cópia da gravação estava tentando conseguir a melhor oferta por ela e, para levar os interessados a fazer lances mais altos, eles estavam liberando fotos do vídeo... fotos que mostravam claramente Adeline seminua com um pau na mão e chupando, como se ela tivesse sido capturada no meio do ato de engoli-lo.
Não era a foto mais perfeita do seu rosto bonito, mas deixou toda a imprensa em polvorosa para saber quem tinha o vídeo completo.

— Podemos usar isso — disse Laura, minha advogada.
Ela deve ter visto minha cara porque nem sequer parou antes de continuar.
— É um golpe baixo, eu sei, mas, se você quer mesmo guarda exclusiva, podemos usar isso a nosso favor.

Veja os carimbos de data; se isso não foi alterado, significa que ela estava te traindo.
E se isso aconteceu uma vez, provavelmente podemos encontrar outros indícios.
Mesmo se não houver outros vídeos, vamos encontrar outra coisa.
Deveríamos usar isso, Christopher.
Vai facilitar nosso trabalho, confie em mim.

— Não.
Não quero arrastá-la na lama.
Ela vai ter dificuldade para se recuperar disso, muita dificuldade.
Não quero cavar e encontrar mais coisa. Não estou fazendo isso para destruí-la, Laura. Quero que você tenha isso em mente ao prosseguir.
Eu só quero meu filho.
Encontre outro caminho.
Pesquise algo mais, converse com os advogados dela, encontre outro caminho.
As fotos não foram alteradas.
Ela me traiu enquanto ainda estávamos casados.
Eu sabia disso porque nas fotos dava para ver a mão dela, e eu vi uma pequena erupção em seu pulso, uma vermelhidão causada por uma irritação inesperada de uma pulseira de cobre que ela usou durante uma gravação.
A data correspondia a quando ela teve aquela erupção cutânea.
Fiquei surpreso quando soube que havia um vídeo íntimo?
Não posso mentir; sim, fiquei.

Adeline...
Adeline, apesar de todos os defeitos, tinha sido leal, ou assim eu pensava. Mas eu não sentia raiva da existência da fita. Não poderia voltar e corrigir o passado, mudar os erros que cometemos juntos.
Aquilo não me afetava mais.
Ela não tinha mais importância na minha vida. Era um problema dela, e só dela.
Eu já tinha instruído minha equipe de relações públicas a fazer o melhor que pudesse para me manter de fora disso.
Não haveria comentários feitos por mim.
Nem citações.
Ainda assim, passei o dia inteiro ignorando todas as ligações de Adeline e seus assistentes.

Com a mente ocupada pensando em Aiden e no que essa nova situação significaria para ele, deixei meu carro com o manobrista e entrei no restaurante exatamente às 19h10.
Eu estava dez minutos atrasado graças ao trânsito de Los Angeles.

A princípio, quando não vi Dulce sentada ao lado de Anahi, não pensei em nada, mas, quanto mais me aproximava da mesa parcialmente escondida nos fundos, a possibilidade de ela ainda estar com aquele Jameson me ocorreu.
Eu havia cometido um erro ao deixá-la com ele?
Eu havia perdido minha chance?

A cabeça de Alfonso se afastou do pescoço de Anahi e ele gesticulou para mim.
Anahi me notou também e me deu um sorriso tímido. Meus passos vacilaram antes que eu pudesse chegar à mesa deles e perguntar onde Dulce estava porque ela surgiu no corredor um pouco à direita de onde seus amigos estavam sentados.
Ela abriu um sorriso lindo e inseguro para mim. Ela estava deslumbrante ― como sempre. Usava salto alto preto com um vestido da mesma cor que descia até um pouco antes do joelho, e o decote deixava que eu visse a deliciosa curva dos seus seios.
Foi tudo o que pude ver quando mudei de direção e fui até ela, meus passos mais leves agora que sabia que ela estava lá. Com um pequeno sorriso no rosto, ela esfregou as palmas das mãos no vestido, puxando-o sutilmente para baixo, e andou na minha direção.
Uma garçonete veio até a mesa, que ficava bem entre nós, quase me fazendo tropeçar Dulce sorriu.
Eu ri.
Segurando a garçonete, pedi desculpas a ela e rapidamente contornei a mesa.
Assim que parei na frente de Dulce, segurei o rosto dela e soltei um suspiro profundo.

Te odeio, Uckermann | Vondy - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora