6.

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CHRISTOPHER

Já fazia quase uma semana desde aquilo que tínhamos começado a chamar de incidente, e eu ainda estava irritado.
Irritado por Aiden não ter me ouvido.
Irritado por Dan não ter cuidado da nossa segurança.

Droga, eu tinha demitido a Anne naquela noite depois de conseguir tirar toda a história de Aiden, mas ainda estava irritado com ela.

Porém, mais do que com qualquer pessoa, eu estava irritado comigo mesmo. Por ter sido tão descuidado a ponto de tirar os olhos de cima do meu filho; por mais que ele fosse uma boa criança, eu era responsável por ele.
Tinha que ter cuidado dele.

Deveria ter... acho que deveria ter agido melhor.

Os portões se abriram, e eu caminhei de mãos dadas com meu filho.
Seus dedinhos apertaram minha mão, então olhei para ele.

— Está pronto, papai?
Esbocei um sorriso e assenti.
— Você está?
Ele assentiu com seriedade e olhou para mim depressa.
— Você acha que ela me odeia?
— Por que ela odiaria você? — perguntei, distraído, quando nos aproximamos da casa. — Porque causei um problemão, então acho que ela me odeia.
Acho que ela não quer me ver de novo.
— Duvido, amigão, mas pergunte você mesmo para ter certeza, está bem?
— Ela era bem bonita — acrescentou baixinho. — Espero que ela não me odeie.

Fiquei em silêncio.

Não queria nem um pouco ir me desculpar com aquela mulher enfurecida, mas pelo que Aiden tinha me contado e, depois, Alfonso  Herrera, ela havia salvado meu filho. Mas se Aiden não tivesse insistido em vê-la de novo, eu nunca teria pisado naquela casa onde ela estava hospedada.

Retirar a acusação seria mais do que suficiente para a tal invasora.

Meu Deus, pensar nela estava me deixando maluco.

Sempre que alguém falava do nome dela ― e Aiden falava muito dela ―, eu voltava àquele dia no quintal, morrendo de medo de que um invasor ou jornalista estivesse machucando Aiden.

Eu ainda me lembrava dos olhos acinzentados dela arregalados para mim enquanto eu segurava seu pulso com força. Lembro que senti vontade de apertar o pescocinho dela com minhas próprias mãos sempre que ela abria a boca para falar.

Percebendo como minha pulsação aumentava, vê-la de novo não seria tão fácil quanto pensei.
Antes que eu pudesse bater, Alfonso  abriu a porta.

— E aí? O que os dois cavalheiros vieram fazer aqui?
— Você é um astro do cinema? — Aiden perguntou antes que eu pudesse explicar o que estávamos fazendo na casa dele.
O rosto de Alfonso suavizou, e ele se ajoelhou na frente de Aiden.
— Sou um ator, igual ao seu pai. E você deve ser o Aiden.
Aiden arregalou os olhos e olhou para mim.
— Ele sabe quem eu sou, papai — sussurrou. Alfonso riu e estendeu a mão.
— Ouvi muito sobre você, Aiden, que bom que finalmente te conheci.

Aiden olhou para a mão estendida e para mim: — Posso, papai? — Pode, amigão.
Ele abriu um sorrisão e apertou a mão de Alfonso.
— Prazer em conhecê-lo, senhor. Meu pai é um grande astro de cinema. Ele assina muitas coisas. Você também participou de muitos filmes?
— Participei.
E pode me chamar de Alfonso.
— Você é meu amigo?
— Gostaria que eu fosse?
Outro olhar para mim.
— Posso ser amigo do Alfonso, papai? Gosto dele, e ele mora muito perto da gente, então podemos brincar.
Assenti para ele.
— Por que não conta ao seu novo amigo por que está aqui antes de fazer planos para brincar?
— Quer brincar comigo, Alfonso?
Às vezes, meu pai não pode.
Ah, Aiden... — Aiden...

Por fim, olhando para os pés, ele murmurou:
— Viemos ver a Dulce porque eu não quero que ela me odeie.
Alfonso se endireitou, abriu mais a porta e nos convidou a entrar.
Enquanto passávamos pelo corredor estreito, os olhos de Aiden absorviam tudo ao nosso redor e eu tive que arrastá-lo comigo.
— Dulce, você tem visita — Alfonso anunciou. — O quê? — Quem? Duas vozes diferentes de mulheres responderam ao mesmo tempo.

Te odeio, Uckermann | Vondy - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora