22.

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DULCE

Então eu disse "sim".

Então eu quebrei minhas próprias regras e cedi a ele.
Regras são feitas para serem quebradas, não são?

E desta vez eu não diria aquelas palavras.
Eu não mostraria a ele o quanto eu me importava, o quanto estava me apaixonando.
Eu fingiria.

Ele não veria, então não poderia me machucar.

Eu estava namorando Christopher  Uckermann, dava para acreditar?

Com o coração inquieto e preso no meu peito, saí do quarto com Christopher logo atrás de mim. Encontrei Jameson em pé na frente da porta aberta, olhando para fora. Suas mãos estavam dentro dos bolsos, e seus ombros estavam tensos.
Parei e o observei parado ali, mas não encontrei Anahi e Alfonso. Olhei para trás e vi Christopher parado alguns passos atrás, me dando algum espaço, imaginei.

Ele abriu um sorriso tranquilizador e encostou-se na parede, claramente me dizendo que não tinha intenção de sair da sala. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Jameson chamou meu nome e tive que desviar dos olhos hipnotizadores de Christopher.

— Dulce.  — A voz de Jameson era suave, e eu pensei ter notado um toque de... arrependimento?
Ou talvez fosse cansaço da viagem e eu estivesse imaginando coisas. Respirei fundo e me aproximei dele.

Sentindo os olhos de Christopher fixos atrás de mim, deixei Jameson dar um beijo suave no meu pescoço, logo abaixo da orelha ― seu lugar favorito, que também era meu lugar favorito até pouco tempo.
Por um breve momento, fechei os olhos e esperei me emocionar com o toque, mas não aconteceu.
Não senti nada.
Nem amor.
Nem mesmo raiva.
Surpresa, dei um passo para trás.

— O que você está fazendo aqui, Jameson? — perguntei, minha voz um pouco rouca.
— Sinto muito pelo que disse ao telefone, Dulce. — Ele soltou um suspiro profundo e passou a mão pelo cabelo, parecendo perdido.
— Eu não sabia o que pensar e disse as palavras erradas.
— Tudo bem.
Talvez, se eu realmente estivesse grávida, ficaria chateada com ele por suas palavras, mas como não estava, não vi necessidade de fingir.
— Não. — Ele agarrou minhas mãos e apertou. — Não, não está tudo bem, e eu senti sua falta, Dulce.
— Eu sei... Os olhos de Jameson se moveram sobre o meu ombro e ele parou de falar.
— Você poderia nos dar um minuto, por favor? — ele pediu a Christopher.
— Acho que não posso.
Com minhas mãos ainda firmes nas dele, os olhos de Jameson se voltaram para os meus e ele franziu a testa.
Então, senti a mão de Christopher nas minhas costas e fiquei tensa.
— Você pode soltá-la agora — Christopher  demandou.
— Dulce?
Pigarreei e pensei em apresentá-los.

Seria uma bobagem a se fazer, pois um obviamente estava ciente sobre o outro, mas eu não conseguia pensar em nada a dizer ou fazer.
Delicadamente, afastei as mãos das de Jameson.

— Jameson, este é Christopher Uckermann. Ele é... vizinho da Anahi e do Alfonso. Christopher abaixou a mão, e a temperatura da sala caiu muito rapidamente depois disso. — Christopher ... — eu me arrisquei e olhei para cima e para trás, meio esperando não encontrá-lo. Mas não, ele não tinha saído.
Ele ainda estava lá.
Seu cheiro ainda estava em mim, mas não... seu toque.
Não havia calor
. Merda.
Como eu apresentaria Jameson a ele?
"Meu ex" parecia tão... estúpido.
— Christopher, este é meu amigo Jameson. Não houve aperto de mão, apenas meneios de cabeça.
Estranho.
— Vou perguntar novamente: você pode nos dar um minuto?
— E eu vou responder novamente: receio que não.
Ah, pelo amor de Deus...
Não dando a Jameson a chance de responder, agarrei seu braço para chamar sua atenção. Sua carranca se virou para mim assim que o toquei.
— Jameson, eu não estou grávida — despejei. Eu nunca fui de gostar de drama.

Te odeio, Uckermann | Vondy - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora