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DULCE

— Desculpa, Dulce.
— Vocês dois podem, por favor, parar de pedir desculpas? Já disse que está tudo bem.
Meu Deus, vocês estão me deixando em um palácio.

Tenho certeza de que vou sobreviver sem vocês dois — garanti a Anahí pela décima vez, enquanto me sentava de pernas cruzadas no meio da cama deles.

Anahí me lançou um olhar penalizado e olhou para Alfonso enquanto continuava a enfiar roupas dentro de uma mala grande, aleatoriamente. Ir para Londres para a divulgação não estava nos planos daquela semana. Por que eles mudaram a programação em cima da hora desse jeito?

Bem... vocês se lembram que eu disse que minha amiga talentosa tinha escrito um livro que foi parar na lista de mais vendidos num piscar de olhos?
Bem, esse livro, Dor na Alma, também virou filme.
O protagonista?
Alfonso Herrera, claro.

Como vocês acham que eles voltaram a se encontrar depois de tantos anos?
Ela escreveu um bendito livro inspirado nele e voilà! Ela conseguiu o cara dos sonhos com seu emprego dos sonhos.

— Não precisa ter pressa, Anahí  — Alfonso disse ao interrompê-la, segurando e beijando sua mão. — Ainda temos duas horas até eles virem nos buscar.
— Você acha que duas horas é tempo suficiente para decidir o que levar na mala para uma viagem de uma semana?
Eles vão nos seguir o tempo todo; não quero que escrevam uma matéria inteira dizendo que ando desleixada ao seu lado, e que talvez eu devesse largar um pouco os livros se não quiser perder você.
— Eles já escreveram isso, Anahí — eu me intrometi, só tentando ajudar.
— É exatamente o que estou dizendo! — ela exclamou quando começou a tirar as roupas da mala. — Não quero ler isso de novo.

Alfonso chamou a atenção dela enquanto fechava a pequena mala de viagem, que tinha feito em dez minutos.

— Adoro quando você anda desleixada.
Faz com que eu me lembre de como você fica linda depois de eu te amar um pouco.
— Ah... — resmunguei, tentando esconder meu sorriso, sem sucesso. — A filha de vocês está no quarto. Que nojo.
Ele beijou os cabelos de Anahí , e notei que ela ficou um pouco mais relaxada.
— Mas — ele continuou — acho que vou esperar você na sala de estar.
Preciso ligar para o Tom.

Tom era o agente dele, e apesar de provavelmente precisar mesmo falar com ele, eu apostaria mil dólares que ele estava mais interessado em fugir dali do que em discutir seu possível próximo projeto com o agente.

— Medroso — murmurei.
Ele piscou para mim antes de sair do quarto. — Me ajuda? — Anahí  perguntou, olhando para mim com esperança.
— Ah, acho que posso ajudar — respondi.
— Mas você não vai levar esse vestido preto. Não vai a um enterro.
É seu filme, mais do que dele, na verdade. E não é a estreia, certo? — Saí da cama e fui até o closet gigantesco.
Anahí estava bem atrás de mim.
— A estreia em Londres vai acontecer, mas só depois das estreias em Los Angeles e em Nova York. Essa viagem para Londres é apenas para algumas entrevistas e participações em programas de TV.
— Você também vai participar dos programas? Ela balançou a cabeça.
— Por mais que Megan fosse adorar, eu disse não aos programas ao vivo.
Vamos fazer algumas das entrevistas gravadas juntos, mas só. Não quero ser tão vista. É o trabalho dele, e eu não sei lidar com muita emoção.
— Bem, certo. Então você não precisa desse vestido longo — falei, pescando outro vestido preto do qual ela não precisaria para nada.
Meia hora depois, saímos do quarto dela com roupas em quantidade suficiente na mala para mais de um mês, pelo menos.
— O carro chegou — Alfonso avisou assim que nos viu puxando duas malas de rodinha em direção à porta da frente.
— Já? — Anahí  e eu perguntamos ao mesmo tempo.
— Sim — Alfonso disse, esticando o braço para pegar a mala de Anahí.
— Houve uma mudança na programação.
— Ah, vou sentir saudades de você.
— Ela me deu um abraço apertado e saiu com Alfonso.
— Sinto muito por te deixar desse jeito.
Juro que assim que voltar...
— Você vai compensar essa ausência — falei, terminando a frase antes que ela começasse a se desculpar de novo.
— É só uma semana, Anahí.
Enquanto estiver lá, reze para que eu consiga um emprego antes de vocês voltarem.
— Em relação a isso — ela murmurou quando se sentou no banco ao lado da porta para calçar os sapatos —, eu te enviei um e-mail com alguns contatos.
Enquanto estivermos indo para o aeroporto, vou te encaminhar uns e-mails também.
— E o que você quer que eu faça com esses e-mails, mesmo?
— Nada de mais.
Quero que você banque minha agente.
Depois de calçar os sapatos, ela se levantou e parou à minha frente.
— Bancar sua agente? — perguntei, confusa. — Olha, você não quer ser administradora. Pronto, falei.
Você pode ser boa com números, mas não é sua vocação.
E antes que diga não...
— Anahí ? — Alfonso chamou, segurando a porta do passageiro aberta para ela.
Anahí  olhou para trás.
— Precisamos ir.
Você pode telefonar para a Dulce a caminho do aeroporto.
— Estou indo, só um segundo.
Quando ela se virou para mim de novo, eu estava franzindo a testa.
— Anahí ...
— Não estou fazendo isso por você, Dulce. Estou pedindo sua ajuda.

Te odeio, Uckermann | Vondy - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora