Capítulo 3

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Velma

O medo é engraçado.

Teoricamente, o medo é uma sensação provocada pela liberação de hormônios como adrenalina, que causam imediato aumento nos batimentos cardíacos.

Era para ser apenas uma estimulação do organismo a situações aversivas físicas ou mentais, mas na realidade, é muito mais que isso.

É como morrer e voltar a viver quando vai embora.

E ele ainda não tinha passado.

Minha mão acariciava a mão de Daphne, que estava agarrada a Fred como se sua vida dependesse disso. Minha outra mão estava envolta pela de Salsicha, que encarava o chão em silêncio.

Scooby estava quietinho, apenas observando as pessoas passando de um lado ao outro.

Já eu, olhava ao redor, vendo o fluxo de policiais e peritos andando pelo jardim agora iluminado. O senhor e a senhora Adonell já tinham sido chamados. A senhora Adonell desmaiou depois de chorar em completo terror e tristeza, enquanto o senhor Adonell foi obrigado a ver eles colocando o corpo de sua filha em um saco preto.

Depois de uns segundos que a figura sumiu, Daphne entrou em um estado catatônico de terror e berrou até o jardim se encher de pessoas, que, por sua vez, gritaram tambem.

Em minutos a polícia já estava ali.

Fred não tinha sequer se mexido até tirarem ele do caminho, já Salsicha, vomitou numa moita e não levantou mais. Talvez eu estivesse em choque demais, mas no segundo em que consegui, voltei com minha mente racional.

Ela era tudo que eu tinha.

Acompanhei com o olhar os peritos e antes da polícia chegar, mapeei e fotografei exatamente onde estava cada mancha de sangue.

Procurei outros sinais, pegadas, arma, mas não encontrei nada. Analisei também o corpo de Tabitha, estava completamente limpo se não fôsse o rasgo profundo em sua garganta, provavelmente feito por um facão.

Ela morreu no chão, onde tinha uma grande mancha de sangue, seu corpo foi colocado em exibição no chafariz. O assassino definitivamente estava cheio de sangue e mesmo assim não deixou vestígios. Não hesitou nem tinha preocupações. Era um profissional.

Sem sinal de luta, ou ela foi pega muito de surpresa, ou conhecia o agressor. Quem faria isso? Minhas perguntas se fundiam com a mensagem que recebemos.

Era alguém querendo que descubramos algo pelo qual Thomas Adonell era culpado.

E Tabitha parecia uma vingança.

- Foi uma alucinação? - Daphne sussurrou.

Olhamos para ela.

- Aquela coisa. Estava mesmo aqui?

Ninguém respondeu. Só de pensar na terrível figura do Demônio Negro segurando um facão ensanguentado, eu sentia alguma coisa terrível dentro de mim.

- Alucinações coletivas são muito raras, Daph, e acho que todos nós vimos.

- Vimos - Salsicha balançou a cabeça, ainda verde e muito abalado. - E eu nunca mais vou comer.

- Por que mandaram a mensagem para gente? - Daphne perguntou, olhando para o chão.

- Querem que resolvamos esse mistério. - Fred respondeu. Era a primeira vez que eu ouvia a voz dele em uma hora.

- Não faz sentido, quem mandou a mensagem provavelmente matou Tabitha, ele quer que descubramos quem ele é? - Salsicha disse.

- Acho que ele, quem quer que seja, matou Tabitha para chamar atenção para algo que Thomas Adonell é culpado. Mandou para nós porque somos capazes de descobrir o que é. - Eu disse.

Scooby-Doo: Você vai morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora