Capítulo 23

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Fred

Meu coração palpitava tão rápido dentro do meu peito que era o único som que eu conseguia ouvir. Não ouvi quando avancei o sinal vermelho e um carro businou para mim, ou o som pesado das gotas de chuva caíndo no teto da Máquina de Mistérios.

Eu não conseguia me mover, não conseguia falar. O terror me dominou e era como se eu nunca mais fosse respirar. O velocímetro da Máquina de Mistérios marcava 120 quilômetros por hora quando freei bruscamente na frente da casa dela.

Velma e Salsicha desciam do carro do pai dele, vindo ao me encontro.

- Fred! - Velma gritou. - Fred, nós temos que salvar a Daphne!

- Liga pra polícia! - berrei.

- Já liguei!

Vi lágrimas em seus olhos. Eu corri até o portão, com as mãos tremendo e rezando para ter chegado a tempo, mas quando vi o portão pintado de roxo escuro semi aberto e uma mancha de sangue na cabine do segurança, eu sabia que não tinha. Minhas mãos tremiam quando entrei, abrindo a porta da cabine.

- Puta merda - Salsicha resmungou.

- DAPHNE!

Dei as costas para o corpo degolado do segurança e comecei a correr como se minha vida dependesse disso.

E dependia.

Meu grito ecoou pela mansão vazia dos Blake. Meu coração martelava com tanta força em meu peito que era difícil ouvir qualquer coisa que Velma ou Salsicha diziam atrás de mim.

Era como se eu fosse morrer.

Como se meu mundo estivesse desabando.

Eu não conseguia respirar, não conseguia pensar em nada que não fosse "eu não posso perder ela".

A porta da frente estava toda estilhaçada, seguida de um grande rastro de água surgia em direção as escadas. Eu corri até elas, sem pensar em mais nada. Eu tinha que chegar a tempo. Eu precisava.

Porque, quem matou o segurança ainda estava aqui.

E sabíamos muito bem quem era.

- Daphne! - Velma gritou também. Eu corria pela casa entrando e saído de cômodos, procurando Daphne no escuro iluminado apenas pela luz da lua que entrava nas janelas.

- Daphne, responde! - gritei, me sentindo perdido naquele labirinto escuro e vazio. Eu não conseguia respirar.

- As luzes foram cortadas. - Velma tentou um interruptor.

Olhei ao redor, com as mãos na cabeça. O desespero tomava conta do meu corpo, eu sentia as lágrimas quentes acumulando em meus olhos. Pensei em Daphne, sozinha nessa casa, ela deve ter ficado tão assustada. E então...

Deixei as lágrimas escorrerem, eu nunca devia ter deixado ela sozinha. Desabei contra o corrimão da escada, deixando tudo que segurava sair.

- Fred - Salsicha segurou meus ombros, e eu pude ver o quanto ele também estava com medo. - Sai dessa cara. Nós vamos achar Daphne!

- Eu não posso perder ela, Salsicha, eu não posso - neguei, as lágrimas rolavam sem controle dos meus olhos.

Eu não conseguiria. Eu não conseguiria encontrar Daphne, sem vida, morta como os outros, enquanto eu não consegui fazer nada para impedir. Não suportaria ir a seu funeral, não suportaria o mundo sem seu sorriso.

Não suportaria não abraça-la todo dia, não segurar sua mão ou nunca mais vê-la usando roxo. Ela fica tão bem de roxo. Eu não suportaria viver sem ver seus olhos violetas novamente.

Scooby-Doo: Você vai morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora