Capítulo 16

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Fred

  - Daphne!

Eu corria com toda minha vida tentando alcançar Daphne. Ela estava há alguns passos de mim, mas eu não conseguia alcançar. O chão se movia, as paredes pareciam se afastar.

Ela estava ali, mas eu não conseguia chegar até ela.

Não conseguia salva-la.

O Demônio negro também estava lá. Ao contrário de mim, ele conseguia andar até ela sem problema algum. Estava quase chegando. Eu corria ofegante, o desespero era como a lâmina do Demônio rasgando meu peito. Não conseguia gritar, estava sufocando.

Queria berrar, queria que ela se movesse, mas ele chegou até ela eventualmente.

O sangue escarlate espirrou contra mim e finalmente consegui gritar, abrindo os olhos.

Acordei no quarto vazio, iluminado pela luz do dia lá fora. Meu grito morreu na garganta assim que abri os olhos, e me sentei na cama. Esfreguei o rosto suado com as mãos tremendo.

Fiquei ali por um tempo, tentando me acalmar. Quando finalmente consegui, peguei meu celular e liguei para Daphne.

Eram seis e meia, mas não consegui evitar. E ela não atendeu.

Uma onda de preocupação me invadiu, mas me forcei levantar e ir pro chuveiro. Fiquei debaixo da água por um tempo, toda vez que fechava os olhos sentia que ele estava ali, me olhando.

Esperando eu vacilar.

Desliguei o chuveiro, e assim que cheguei no quarto, vi uma chamada de Daphne. Corri até o telefone e atendi.

  - Oi, Daph.

  - Oi, Freddie.

Tinha algo em sua voz, que não consegui identificar, mas sabia que algo não estava certo.

  - Você está bem? - perguntei.

Por um tempo, Daphne não disse nada, mas ouvi um soluço.

  - Estou indo.

Desliguei o telefone e troquei de roupa voando. Agarrei minha mochila, a chave da Máquina de Mistérios e corri escada abaixo, logo dirigindo para casa de Daphne.

Estacionei em frente ao portão e fui até o porteiro.

- Ela não está respondendo. - Ele disse. A mansão Blake era uma das únicas casas cercadas por muros de Baía Cristal, a parte da frente coberta por uma grande grade e um porteiro que eu sabia que era segurança também.

A casa de Tabitha também era assim, e nada impediu o Demônio.

  - Os pais dela não estão aí?

Negou.

  - Eu falei com ela. Ela está me esperando.

  - A madame Blake me disse que vocês não podem entrar.

- Eu estou preocupado com ela. Seria terrível se algo acontecesse no seu turno, não é?

O homem ficou pálido, mas já levantou a bunda de sua cadeira e abriu o portão automático para mim. Eu entrei na mansão vazia, sempre achei aquele lugar gelado, triste.

E acho que no fundo era mesmo.

Subi as escadas correndo, já procurando Daphne. Quando cheguei perto de seu quarto, vi que estava sem porta, povavelmente seu pai tirou, depois de uma discussão. Eu sabia que ele estava na França, e a mãe deve ter ido fazer as unhas algo assim.

O quarto de Daphne estava uma bagunça, cheio de lixo no chão, batatinhas, caixas de hambúrguer do McDonald's, pacotes de doce. Suspirei, entendendo o que tinha acontecido.

Scooby-Doo: Você vai morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora