Capítulo 4

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Salsicha

Eu tinha muito medo de funerais. Mas os piores eram os de caixão aberto, que não era o caso desse, já que cortaram tão fundo a garganta da garota que sua cabeça estava descolando do pescoço.

Mas não que o caixão precisasse estar aberto para me dar pesadelos, já que eu me lembrava perfeitamente da menina morta e toda degolada. Eu nunca esqueceria isso.

Pior ainda, aquele Demônio que matou ela, eu nunca senti tanto medo na minha vida.

Velma dizia que não era Demônio nenhum, mas eu não me importava. Ele era a coisa mais assustadora que já vi.

Fred segueava a mão de Daphne a minha frente, esses dois estavam muito fofinhos juntos, eu nunca vi o Fred tão preocupado com alguém como ontem e hoje.

Mas eu também estava preocupado com Velma. Ela era muito forte, muito focada e queria muito apenas resolver esse mistério para acabar com isso, mas eu sabia de seu passado, e sabia como funerais afetam ela mais do que afetam a mim.

Passei um braço em seus ombros, fazendo-a olhar para mim. Por um segundo congelei, me perguntando abismado o que eu tinha acabado de fazer. Salsicha, seu jumento, espaço pessoal! Velma não gosta que a toquem, ela iria me empurrar e seria bem constrangedor, mas antes que pudesse tirar o braço e me desculpar, ela deitou a cabeça contra mim.

Eu era muito mais alto que Velma, por isso ela encostou a cabeça nas minhas costelas e soltei o ar que segurava.

Olhei para Scooby, na coleira ao meu lado, e tenho certeza de que ele estaria fazendo beleza pra mim se eu estivesse chapado!

Acalme sua felicidade, Salsicha, estamos em um funeral.

Pessoas choravam por todos os lados, a maioria jovens. As amigas dela se debruçavam em cima dos próprios saltos e namorados populares. A maioria deles já tinha me derrubado pelos corredores ou me dado cuecões na sexta série, mas não importava.

Nenhum deles merecia essa morte terrível.

Por causa do Scooby, estávamos mais afastados, mas sei que ninguém iria querer se aproximar muito mais. Eu não via a hora de meter o pé daqui, além de caixões abertos, meu top medos são cemitérios, não importa a situação. E eu estava com muita fome, Fred prometeu que passaríamos numa lanchonete depois.

Então quando o padre falou umas palavras em latim e o caixão começou a descer, eu achei que ficaria aliviado, mas foi horrível. As pessoas chorando desesperadamente, a existência acima do solo de uma garota da minha idade chegando ao fim.

Nem sei como formei um pensamento tão reflexivo, mas Daphne largou Fred e deu meia volta, com a mão na boca parecendo prestes a vomitar. Corremos atrás da menina ruiva, que se debruçou em um arbusto distante e colocou tudo pra fora.

Fred segurou seus cabelos e acariciou suas costas, mantendo-a erguida e olhei para Velma.

- Isso é tão triste - sussurrou ela. Assenti. Tinha perdido a fome.

Daphne se ergueu, pálida e trêmula e limpou a boca.

- Podemos ir embora? - Implorou, e todos nós não pensamos duas vezes. Fomos andando para fora do cemitério e do nada um microfone bateu no meu nariz.

- Ai! - reclamei.

Flashes começaram a piscar do lado de fora dos portões, coloquei a mão no rosto para me proteger da luz.

- Mistério SA! - Os gritos ecoaram. - Vocês viram o Demônio Negro? Ele é real? Vocês conheciam Tabitha Adonell? Já sabem quem é o Demônio Negro? É verdade que eles não tem pistas? Foi um demônio de verdade?

Scooby-Doo: Você vai morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora