Capítulo 1

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Era impossível não se lembrar da primeira vez em que a turma se reuniu.

Foi na sexta série.

Eles, claro, já tinham se visto pelos corredores, mas nunca falaram um com o outro. Eram diferentes demais para tal.

Cada um estava na diretoria naquela manhã por um motivo diferente, Salsicha tinha levado um soco dentro do ônibus escolar e não queria dedurar quem foi o valentão. Fred estava ali de testemunha visual, assim como Velma, ambos sentados na parte de trás do ônibus.

Fred não queria dedurar o amigo valentão, mas Velma não tinha problema algum com isso, e aquela foi a primeira de muitas discussões deles. Daphne era a garota nova, e só precisava de seu horário.

No momento em que se viram, também foi o momento em que o diretor voltou de sabe-se lá onde, pronto para atendê-los, e deu falta de seu bem mais precioso: seu troféu de bocha.

- Troféu de brocha? - Fred perguntou, e isso o fez ficar ainda mais bravo.

Resumindo, os quatro foram acusados de roubo, mesmo o troféu já tendo sumido quando chegaram. Ninguém obviamente acreditou em quatro crianças. O diretor chamou a polícia, ele aparentemente tinha muito apreço pelo troféu.

E aquele foi o momento em que todos eles entenderam que, quando os adultos viravam as costas para eles, eles tinham que se virar.

E o Mistério do Troféu Roubado foi o primeiro caso da Mistério SA. Demorou uma semana para investigarem e Fred teve que invadir a casa de Henry Smith para tirar uma foto e provar que o troféu estava em sua cabeceira. Quando foram inocentados, ele levou uma bronca por isso.

Mas eles nunca mais se separaram, e também nunca precisaram de mais ninguém para resolver seus problemas, porque tinham um ao outro.

E eles eram muito bons em resolver problemas.

(...)

Daphne

Meus olhos estavam no vestido de gala roxo a minha frente. Não me entendam mal, ele era simplesmente espetacular. Tinha um corpete com pano na cor da minha pele, flores roxas e linhas marcadas. A saia era de tule rodado, com o tom de roxo mais lindo que já vi.

Mas eu não gostava dele.

Não quando significava que mais tarde eu seria como um pássaro enjaulado: presa nessa mansão, cercada de pessoas que não têm piedade ou compreensão na hora de fazer julgamentos, obrigada a ser tudo que esperam de mim.

Linda. Perfeita. Sem falhas.

Desviei os olhos do vestido e coloquei na cabeça um arquinho roxo que combinava com minha saia xadrez, também roxa.

Acho que desde que me entendo por gente, eu sempre estava de roxo.

Peguei minha mochila e desci as escadas, já ouvindo vozes lá embaixo.

- Barty, a marca de roupas de Down vai estar na Milão Fashion Week, dá pra acreditar? - Ouvi a voz estridente de Nan Blake na cozinha.

- Isso é incrível. Ela é genial.

- E o casamento de Dayse, Barty, já é em um mês!

Daphne respirou fundo, e terminou de descer as escadas.

- Bom dia.

- Minhas meninas estão crescendo. Ouvi dizer que Dorothy e Dalila estão escaladas para um filme juntas.

- Tão talentosas.

- Bom dia - Daphne repetiu, finalmente atraindo a atenção dos dois.

- Oh, querida, não vi você aí! - Minha mãe sorriu. - Está linda.

Scooby-Doo: Você vai morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora