Capítulo 9

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Fred

  - Se alguém te agarrar por trás, faça esse movimento.

O auditório do colégio observou a mulher especialista em segurança pessoal que trouxeram da capital fazer um movimento meio confuso com seu assistente que tinha o dobro de sua altura.

Era uma iniciativa do colégio para nos ensinar autodefesa, como se isso fosse funcionar contra um Demônio Negro segurando um facão.

Baía Cristal sendo Baía Cristal, já havia criado todo um folclore por trás do Demônio Negro, diziam que era um espírito raivoso que veio levar os jovens da cidade, um demônio vindo do inferno para espalhar o caos de Satanás.

Outros diziam que era apenas mais um maluco mascarado, como os outros que atormentam Baía Cristal esporadicamente.

Mas agora, achávamos que talvez ele fosse apenas Brad Taylor.

Ele jogava no time comigo, e embora eu achasse que o conhecia, nunca conhecemos verdadeiramente as pessoas.

O microfone da palestrante estava alto demais e isso me incomodava, tanto quanto Velma batendo os pés ao meu lado.

  - Velma, relaxa, Brad Taylor está sentadinho na primeira fileira, não precisa ficar nervosa.

  - Estou com um mal pressentimento - respondeu.

Eram seis da tarde quando a palestra acabou e as pessoas começaram a se levantar. Aquela tortura não tinha acabado ainda, o diretor tinha organizado uma exposição sobre segurança no ginásio, e teriam lanchinhos, como Salsicha já tinha procurado saber.

Por ser um evento fora da aula, deixaram Salsicha levar Scooby pro ginásio, o diretor gostava muito de cachorros. Assim que Brad levantou, nós fomos atrás dele e seguimos com todos até o ginásio.

  - Vamos nos separar para ficar de olho nele.

Cada um foi para um lado, Salsicha e Scooby para o lado das barraquinhas. Umas garotas foram acariciar Scooby, e eu me sentei nas arquibancadas para observar Brad lendo com Tony uns folhetos da exposição.

Tinham cartazes, folhetos e baraquinhas de comida com etiquetas que diziam coisas como "não ande sozinho no escuro". Além de cachorros, o diretor adorava feirinhas e tínhamos umas vinte por ano.

Vi Daphne em uma barraquinha de docinhos, discretamente enfiando milhões de brigadeiros na boca de uma vez, ela parecia nervosa. Ia até ela, mas Daphne se virou e começou a andar para fora do ginásio, me deixando confuso. Antes de segui-la, vi Salsicha na barraquinha do lado.

  - Salsicha, já volto! - Apontei pra Brad com cabeça, e ele fez um joinha. Corri atrás de Daphne e a vi entrar no banheiro feminino.

  - Daph? - gritei, abrindo a porta e ouvi o inconfundível som de alguém vomitando. Eu entrei no banheiro e a vi ajoelhada no chão. - Hum, achei.

Eu segurei seus cabelos, fazendo-a respirar fundo e olhar para mim.

  - Fred?

  - Tá tudo bem? - Perguntei, e ela assentiu se levantando. Dei espaço para ela respirar, Daphne deu descarga e foi até a pia. Após limpar a boca, Daphne apoiou os cotovelos na pia e fechou os olhos.

Eu fui até ela, acariciando suas costas e abri a torneira.

  - O que tem de errado?

Molhei sua nuca e a testa, esperando que ajudasse com o mal estar e ela suspirou.

  - Acho que... Só fiquei nervosa. Já está melhor.

Não consegui disfarçar minha preocupação, Daphne não parecia bem. Antes que eu pudesse dizer mais qualquer coisa, as luzes se apagaram.

Scooby-Doo: Você vai morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora