Capítulo 24

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Daphne

Abri os olhos lentamente, e a primeira coisa que vi, foi Velma. Ela estava sentada na poltrona do meu lado lendo um livro, como sempre. Ela usava um suéter de pelinhos laranja, sua franja estava meio de lado. E eu estava um pouco grogue.

Olhei para o lado, e vi Fred, dormindo esparramado na poltrona. Eu sorri, olhando para ele. Mas meu sorriso murchou quando vi o hematoma em sua bochecha, e então lembrei de todos os acontecimentos dessa noite que eram o motivo para eu estar no hospital.

- Ei - Velma sussurrou. - Você acordou.

Olhei para ela, com os olhos cheios de lágrimas. Sem dizer nada, ela me abraçou.

- Estou tão feliz que esteja bem.

- Eu também - respondi.

Olhei para a porta fechada, pelas persianas eu conseguia ver um policial parado do lado de fora. De repente, eu pensei nos policiais mortos na casa do Delegado Sato, nada e nem ninguém era capaz de parar o Demônio Negro.

Somente nós.

- Daph, você está segura. - Velma acariciou meus cabelos. - Nós o pegamos. Acabou.

Eu assenti, engolindo em seco.

- Acabou.

A palavra parecia estranha saíndo da minha boca, acho que todos nós chegamos a pensar que esse pesadelo não acabaria. Mas... Estávamos errados? Algum de nós iria conseguir olhar para o escuro, e não imaginar que ele está nos esperando? Como um fantasma dos nossos traumas. Velma conseguiria seguir com o estado nervoso que tomou conta de seu cérebro brilhante? Salsicha iria alguma vez mexer uma panela sem sentir dor no braço? Freddie conseguiria dormir uma noite tranquila?

E eu, será que conseguiria algum dia parar de fugir?

Olhei para Fred.

- Salsicha está na cantina, para variar. Você dormiu por doze horas. Fred ficou nessa cadeira o tempo todo.

Olhei para Velma, com as sobrancelhas erguidas, e então para ele novamente.

- Daphne, meu amor!

Ouvi a voz da minha mãe ecoar pelo quarto, acordando Fred de supetão e fazendo Velma pular no lugar. Olhei para minha mãe vindo correndo até mim, ela me abraçou, beijou, com lágrimas no rosto. Eu a abracei de volta, me sentindo aliviada.

Por cima do seu ombro, olhei para Fred, e ele já me olhava com seus olhos cansados.

- Me perdoa - Nan Blake chorou. - Você passou por tudo isso e eu estava dormindo!

- Tudo bem, mãe, não foi culpa sua - sorri.

- Estou tão aliviada que está bem, minha princesa, fiquei com tanto medo. Seu pai e suas irmãs estão vindo da Europa.

- Caramba - resmunguei. - Quando foi a última vez que todo mundo se reuniu?

- Por você, nós fazemos tudo, minha princesa - acariciou meu rosto. - Você foi tão corajosa. Os anos de karatê valeram a pena.

Eu ri, negando com a cabeça. Acho que ela estava um pouco em choque, porque parecia mais grogue que eu. Ela me abraçou tantas vezes que de repente me senti completamente segura.

- Fred, se não fosse você, eu não sei o que teria sido da minha garota.

- Senhora Blake, eu, Velma, Salsicha e Scooby só demos uma ajudinha, mas sua filha acabou com ele.

Eu retribuí o sorriso de Fred, sentindo minhas bochechas esquentarem. Minha mãe e Velma se olharam.

- Velma, quer um café? - perguntou, se fazendo de boba. Fiquei com mais vergonha ainda.

Scooby-Doo: Você vai morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora