Capítulo 10

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Daphne

Eu segurava a mão de Fred enquanto ele levava pontos no peito, perto do ombro direito, onde ele literalmente tinha levado uma facada.

Eu não conseguia olhar, apenas foquei em sua mão apertando a minha e notei o sangue seco debaixo das minhas unhas. No sofázinho no canto do quarto, Velma ainda não tinha parado de chorar, e tinha os ombros acariciados por Salsicha.

A noite passou como um borrão no segundo em que a polícia entrou no ginásio, um batalhão deles, que chegou tarde demais. Eu conseguia ver a cabeça de Cassie rolando pelo ginásio se fechasse os olhos. Podia ouvir o grito de Fred quando aquele monstro o esfaqueou, ou o choro de Scooby quando o Demônio o chutou.

Conseguia ver tudo, mesmo que não quisesse, e parecia um pesadelo. Olhei para Fred, que estava imóvel enquanto o médico terminava o curativo em seu ombro.

Ele me olhava também, com os olhos sombrios e tristes. Eu apertei sua mão de leve, lembrando que eu estava ali.

- Fred!

Olhei para trás ao ver o prefeito Jones correndo para dentro da sala.

- Oh, meu Deus.

- Está tudo bem, pai - Fred disse, e me levantei para dar espaço a ele. Jones abraçou o filho com lágrimas nos olhos.

- Disseram que você lutou com aquela coisa? - Ele perguntou. - Você perdeu o juízo?

- Acho que sim. - Fred respondeu.

- Fiquei tão assustado - Jones negou, segurando o rosto de Fred. - Não posso te perder, Frederick, fiquei com tanto medo. Eu te amo tanto, filho.

Fred parecia meio surpreso, mas forçou um sorriso.

- Também te amo, pai.

- Pobre garota. - O prefeito disse, olhando para nós agora. - Nem imagino o que passaram. Eu sinto muito.

- Daphne acertou uma cadeira nele para me salvar. - Fred contou, e senti minhas bochechas queimarem.

- Estão fazendo mais que a polícia. - Jones negou. - Não quero nenhum de vocês envolvidos com isso, nunca mais.

Olhei para Velma, que mal conseguia levantar a cabeça de tão abalada, talvez ele estivesse certo, talvez meus pais estivessem certos.

Talvez fosse perigoso demais para nós dessa vez.

(...)

- Velma?

Era depois do almoço no dia seguinte àquela noite, eu não tinha ido ver ninguém ainda. Não nos reunimos, não conversamos por mensagem. Apenas perguntei a Fred se ele estava bem, e não recebi resposta. Salsich tinha usado o grupo para avisar que levou Scooby no veterinário e está tudo bem com ele, e só.

Mas em especial, eu estava preocupada com Velma. Ela estava segurando a mão de Cassie quando o Demônio literalmente a decapitou, e isso a deixou muito abalada. Por isso fui até sua casa, e sua mãe me deixou subir.

Velma estava encolhida debaixo dos edredons, sem seus óculos quadrados e encarando a parede. Quando me viu, ela forçou um sorriso e espremeu os olhos.

- Oi.

Ela se sentou, colocando os óculos, e eu a abracei. Ela me abraçou de volta, e ficamos assim um tempo.

- Não quero mais resolver mistérios.

Me afastei dela para olhar para seu rosto.

- Velma, mistérios são sua paixão.

Scooby-Doo: Você vai morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora