Daphne
Eu segurava a mão de Fred enquanto ele levava pontos no peito, perto do ombro direito, onde ele literalmente tinha levado uma facada.
Eu não conseguia olhar, apenas foquei em sua mão apertando a minha e notei o sangue seco debaixo das minhas unhas. No sofázinho no canto do quarto, Velma ainda não tinha parado de chorar, e tinha os ombros acariciados por Salsicha.
A noite passou como um borrão no segundo em que a polícia entrou no ginásio, um batalhão deles, que chegou tarde demais. Eu conseguia ver a cabeça de Cassie rolando pelo ginásio se fechasse os olhos. Podia ouvir o grito de Fred quando aquele monstro o esfaqueou, ou o choro de Scooby quando o Demônio o chutou.
Conseguia ver tudo, mesmo que não quisesse, e parecia um pesadelo. Olhei para Fred, que estava imóvel enquanto o médico terminava o curativo em seu ombro.
Ele me olhava também, com os olhos sombrios e tristes. Eu apertei sua mão de leve, lembrando que eu estava ali.
- Fred!
Olhei para trás ao ver o prefeito Jones correndo para dentro da sala.
- Oh, meu Deus.
- Está tudo bem, pai - Fred disse, e me levantei para dar espaço a ele. Jones abraçou o filho com lágrimas nos olhos.
- Disseram que você lutou com aquela coisa? - Ele perguntou. - Você perdeu o juízo?
- Acho que sim. - Fred respondeu.
- Fiquei tão assustado - Jones negou, segurando o rosto de Fred. - Não posso te perder, Frederick, fiquei com tanto medo. Eu te amo tanto, filho.
Fred parecia meio surpreso, mas forçou um sorriso.
- Também te amo, pai.
- Pobre garota. - O prefeito disse, olhando para nós agora. - Nem imagino o que passaram. Eu sinto muito.
- Daphne acertou uma cadeira nele para me salvar. - Fred contou, e senti minhas bochechas queimarem.
- Estão fazendo mais que a polícia. - Jones negou. - Não quero nenhum de vocês envolvidos com isso, nunca mais.
Olhei para Velma, que mal conseguia levantar a cabeça de tão abalada, talvez ele estivesse certo, talvez meus pais estivessem certos.
Talvez fosse perigoso demais para nós dessa vez.
(...)
- Velma?
Era depois do almoço no dia seguinte àquela noite, eu não tinha ido ver ninguém ainda. Não nos reunimos, não conversamos por mensagem. Apenas perguntei a Fred se ele estava bem, e não recebi resposta. Salsich tinha usado o grupo para avisar que levou Scooby no veterinário e está tudo bem com ele, e só.
Mas em especial, eu estava preocupada com Velma. Ela estava segurando a mão de Cassie quando o Demônio literalmente a decapitou, e isso a deixou muito abalada. Por isso fui até sua casa, e sua mãe me deixou subir.
Velma estava encolhida debaixo dos edredons, sem seus óculos quadrados e encarando a parede. Quando me viu, ela forçou um sorriso e espremeu os olhos.
- Oi.
Ela se sentou, colocando os óculos, e eu a abracei. Ela me abraçou de volta, e ficamos assim um tempo.
- Não quero mais resolver mistérios.
Me afastei dela para olhar para seu rosto.
- Velma, mistérios são sua paixão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Scooby-Doo: Você vai morrer
Misteri / ThrillerVelma costumava dizer que um bom mistério sempre tinha um pouco de perigo. Mas, o que eles não sabiam é que, quando um serial killer chamado de Demônio Negro chega em Baía Cristal, uma tempestade se recairia pela cidade. Com as mortes, pistas chegam...