Voltamos para o ginásio de esportes aquáticos, tudo parecia calmo por lá. As mesmas arquibancadas, mesmo reflexo no teto, mesma garota implicante, vulgo Vivian...
Encontramos ela com um rascunho e uma folha de papel , Thomas ao seu redor. Ele parecia um pintinho que ciscava ao redor da choca, não que estivesse comparando a garota com uma...ah você entendeu.
-Onde esta ítalo?-perguntou Maria Alice com autoridade.
Um conselho que dou a vocês caros leitores é de que se algum dia uma ruiva lhe pedir algo com uma voz curta e grossa favor responder. É um gesto de educação e sobrevivência ao mesmo tempo.
-Ele esta no jardim dos estudantes, está com o sangramento do nariz estancado, sem fraturas, sem riscos...eu quis ficar com ele, mas sabe como ele é. Queria ficar sozinho.- Explicou Thomas Cortez.
Alice assentiu.
Desde que eu cheguei tinha notado que tanto ela quanto Thomas eram as pessoas que mais entendiam os surtos do barba rasa, digo, dava para notar que eles não sabiam muito de sua vida(ou queriam guardar segredo) mas eles entendiam e respeitavam o fato de ele agir assim.
Eu não sabia se achava isso um ato de amizade genuína ou uma amizade que prejudicava o grupo todo, não dava pra passar o pano pra sempre. O cara era um traste sim.
-Que ótimo!!! Nem sinto a falta dele mesmo-falei em tom de amargor.
-Como esta se sentindo Manu?-Disse o futuro arquiteto.
Ele também estava preocupado comigo, acho que entendi porque ele e Eduardo se deram tão bem...ambos eram um mar de simpatia e empatia. Eles sentiam a dor do outro e tentavam ameniza-la. Coisa rara entre as pessoas, principalmente entre os homens.
-Relaxa cara. -tranquilizei- Estou bem, nem que ele me derrubasse de todo o lance de escadas eu perderia a oportunidade de ajudar vocês.
Minhas costas latejaram em resposta. Em verdade me sentia como se um caminhão tivesse me atropelado e dado ré, mas a gente tinha um desafio a cumprir e minas dores corporais podiam ser tratadas ao longo da semana.
-Conseguiu andar com o projeto Vivian?-esperdigou Edu, ele estava inquieto.
Ela olhou o relógio de parede do outro lado da quadra.
-Porque que gente não sai pra comer alguma coisa...explico no caminho...-sugeriu a acadêmica de engenharia.
Minha barriga roncou em resposta, realmente precisávamos de um almoço.
***
Eu e Thomas estavamos fazia 5 minutos na porta da cantina. Esse era o único lugar do campus inteiro que oferecia o famoso almoço a R$ 2,50 (era um real mas com a inflação o valor subiu, valeu presidente). Edu, Vivian e Alice se encarregaram de ligar para o telefone de emergência do bandejão, visto que a cantina estava vazia e visto que não podíamos ficar sem almoço. Tudo estava quieto, estranhamente organizado. Aquilo poderia ser um palco para um filme de terror. Só faltava os fantasmas...falando em fantasma. Onde estava o sumido?
-Cadê o barba rasa?-perguntei a Thomas.
-Barba rasa????- disse ele sem entender.
-Ítalo, desculpe eu...
-Criou um apelido para ele??? Espera até ele saber disso...
-Você não respondeu minha pergunta. -Cortei, já incomodada.
Eu não estava muito afim de discutir apelidos com o cara loiro...devia ser a fome que me atingia, estava ficando aborrecida.
-Eu mandei uma mensagem convidando ele, mas é o que eu falei pra Alice antes. -Ele ergueu as pestanas evidenciando o fato- Meu brother gosta de ficar sozinho e se quiser pode pegar o SUV e comer no restaurante mais caro do centro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O JOGO DO IMPOSSÍVEL
RomanceAté onde você conseguiria ir para passar em uma disciplina na faculdade? Quando o professor de cálculo de Manu lhe deu a proposta de ter uma segunda chance de passar na disciplina que ela mais odiava, ela não pensou duas vezes. Agora ela e mais 5...