Capítulo 19: ISSO É O QUE ACONTECE QUANDO NÃO SE PAGA A LUZ.

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Subi os corredores a passos largo acompanhando Thomas Cortez na difícil tarefa de não quebrar qualquer amostra das raspagem da rocha da Excalibur.

-Sério que nenhum laudo foi conclusivo?-perguntei ofegante pela corrida-Tipo não é possível que o Edu não identificou o reagente dessa rocha?

-Eu e ele desconfiamos que não seja bem uma rocha-Thomas parou na parte de descanso que ligava o corredor do primeiro andar para o segundo. 

O por do sol de sábado se desenhava no horizonte, parecia um jogo de ilusão, as nuvens se misturavam ao vento e escondiam os tons de vermelho vivo ate azul turquesa mais longínquo. 

Era lindo, apesar de ser a constatação de que não tínhamos tanto tempo, afinal de contas era inicio de nosso turno e o tempo urgia contra nós. Precisávamos deixar as coisas encaminhadas para o segundo turno que iria vir no domingo pela manha e ate segunda feira a resposta deveria esta nas vistas do Mr. Robinson.

-Você acha que o professor nos deu uma falsa rocha?-continuei o rumo da conversa-Porque ela parece bem firme!

-Olha eu não sou expecte de materiais mas desconfio que seja uma mistura concretizada.

-Cimento?-perguntei

-Talvez sim-suspirou-talvez não.

Ele repousou os potinhos com o pó  cinza escuro na borda do descanso. Seus dedos magricelos começaram a dançar nervosamente. Desde que conheci o cara loiro de Arquitetura e Urbanismo percebi que o seu tamborilar dos dedos eram um código Morse inexplicável...e  eu não precisava ser especialista para saber que ele estava inseguro e ao mesmo tempo tentando uma brecha para me falar algo.

-O que foi cara?-perguntei me aproximando dele cuidadosamente- Você esta estranho...quer me falar algo?

De relance ele olhou pra mim e desviou para o horizonte alaranjado, que agora via a noite como destino.

-Só queria te agradecer pelas palavras de hoje, isso me fez pensar que estamos juntos nessa apesar de tudo. Ele continuava com os olhos fixos no céu.

-Magina, acho que todos ali-fiz uma pausa- inclusive eu, precisávamos de motivação.

-Ninguém acredita em mim Manu, todos da minha sala me acham um zero a esquerda!!!

Do meu lado senti agora um garoto deprimido em nada combinava com o rapaz piadista e determinado que vi se pendurar hoje de manha na espada do rei Arthur.

-Por que acha isso Thomas?-minha voz falhou.

-Eu nunca fui o melhor da turma, apesar de ser o banana que tenta estudar direito, olha pra todos eles-ele ergueu os braços em direção as salas-Eduardo é um gênio da química, Vivian resolve problemas de engenharia, Alice é bonita e organizada e  você e Ítalo são os caras que sempre tem algo para contribuir, sempre possuem uma carta na manga-ele olhou pra mim e de seu rosto escapou uma lágrima- e eu sou o que?? Onde entro nessa história???

Não pude me conter e automaticamente abracei o cientista louco que se degradava em minha frente.

-Você é meu amigo, Thomas!!! Você foi brilhante com o desafio do corredor  e é o cara que vai ajudar eu e Edu a  decifrar esse novo desafio!!!

Rapidamente ele se soltou de mim, seus olhos ainda margeavam um rio de sentimentos trancados.

-Escuta, no nosso time não tem espaço para pessoas perfeitas- continuei- Se você conversar 5 minutos com cada um de nos vai perceber que temos mais defeitos do que se imagina, acho até que 50% de nós sejam defeitos.

-Até do Ítalo?

Eu sorri secamente.

-Ele tem 90% de defeito.

O JOGO DO IMPOSSÍVELOnde histórias criam vida. Descubra agora