Capítulo 20: "MANU NÃO ME FAÇA PIRAR"

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-ARGHH-Gritei frustrada-Que med#, por que logo agora???

Depois de isistivamente bater dezenas de vezes na porta, sem sucesso , eu agora choramingava  agachava com as costas para a porta fechada.

Edu também parecia inquieto, andando pra lá e pra ca...não o via, mas escutava seus passos no piso.

-Pensa Eduardo!!!-ele resmungou depois de um tempo- Já sei!!!

Como um luz no final do tunel visualizei o mundo a minha volta novamente...era uma luz fraca porém  vi meus olhos pretos profundos a me observar atentamente.

-Manu, ta tudo bem!!! Toma...pegue a lanterna do meu celular!!!-Edu orientou.

Eu peguei  o Iphone, mas minha mente estava longe, estava preocupada com o resfriamento do ácido, com a possibilidade de gerar alguma intoxicação e morrermos trancados ali...e além disso tinha o beijo, céus tinha o beijo...o que foi aquilo um delírio?

-EDU!!!-Gritei pra ele angustiada

Ele olhou pra mim, a penumbra da luz fazia ele parecer um fantasma da ópera, versão cientista.

-O ácido, cuide do ácido!!!-Ressaltei, olhando para as minhas inúteis mãos.

Nunca tinha passado por um apagão universitário, na verdade era rídiculo pensar que uma faculdade como a do Vale Europeu não tivesse um gerador ou algo assim para casos de falta de energia, e olha que eles do financeiro deveriam ter dinheiro suficiente para instalar um...

Edu assentiu e acatou minha ordem: colocou o ácido em uma caixa de isopor, limpou toda  a bancada 

e se certificou de que nada iria pelos ares...afinal de contas aquilo era um laboratório. Depois disso ele veio em minha direção ainda apreensivo com minha postura.

Não me leve a mal caro leitor, eu até queria ter ajudado ele, tipo eu sabia o que precisava ser feito mas meu corpo não respondia. Minhas pernas pareciam gelatina, aquela noite parecia ser demais pra mim, tinha achado a resposta, tinha achado um admirador, e tinha perdido a luz.

Muitas emoções, meu coração tava tendo um treco.

-Beba!!!-ele me entregou um copo descartavel com um liquido gelado dentro.

-é veneno?-perguntei sem forças.

-Você acha mesmo que eu ia te dar veneno?-perguntou ele incrédulo.

Olhei com uma cara de boba.

-AH cala a boca e beba MANUELA FERNANDA!!!

Eu bebi, era nada mais nada menos que água, mas estava começando a me sentir melhor, ainda que ali naquelas condições exaustivas e sem luz.

Eduardo se encostou do meu lado e colocou seu braço direito sob meu ombro, eu deixei, era bom me sentir protegida, sentir seu perfume amadeirado...
Ele como meu velho amigo sabia a hora certa de se aproximar...

-Tá tudo bem, eu to aqui com você!-gesticulou enquanto fazia cafuné em meus cabelos castanhos.

-Obrigada por existir!-retribui o gesto em fala.

-Obrigado você por existir-retrucou ele- Se não fosse você eu não sei o que seria da minha vida...

-Ah uma vida muito mais tranquila, sem jogos, sem emoção, sem apagão...

-Sem beijo?- ele riu.

Abaixei a cabeça focando nos seus tenis adidas agora em tons azuis escuros devido a pouca claridade.

-Sei lá...eu te botei nessa-falei sem jeito-Tipo você ia passar naquele teste, se não tivesse me passado cola...

Senti seu abraço me preencher, ele me apertou e  sua pressão me fez parar o raciocinio.

-Sinceramente eu não me importo de estar no jogo, não me importo de ter que vir pra faculdade nas férias e não me importo de estar justamente com você nessa escuridão-confessou edu.

-Edu, eu..

-Tudo que eu fiz eu faria mil vezes se fosse preciso! Eu só queria ter te falado em um lugar mais apropriado e não em um sala cheia de ácidos e bases! 

-Tipo a onde?-perguntei curiosa.

-Tipo no restaurante caro da cidade...aquele que eu tinha reservado pra hoje a noite!

Sua confissão fez meu estomago borbulhar, saber que ele planejava gastar o dinheiro que não tinha pra fazer  o encontro valer apena  fez crescer algo dentro de mim que antes não existia.

-Mas a  gente esta aqui-Carinhosamente olhei pra ele-E trancados no escuro, sem testemunhas para que ocorra um crime...

-Manuuu, não me faça pirar!

Rapidamente tasquei  um beijo agitado em sua boca, era como se quanto mais quisesse beija-lo mais tivesse vontade de estender o beijo. Estavamos perto demais, colados o suficiente para eu sentir seu folego, sentir sua roupa. Mas então em fração de segundos senti sua mão a se afastar de mim.

E ele meio sem jeito pegou seu casaco e sentou na parede oposta a que  eu estava.

-Manuu, não me faça pirar!-repetiu agora sem ar e agitado.

Soltei um leve sorriso.

Quer dizer, Eduardo sempre foi um cara reservado, não é do tipo que saía com muitas garotas e muito menos o que dava em cima sem contexto algum (como certas pessoas por ai). Sua postura sem jeito alegava que ele talvez não estivesse pronto pra encarar toda a intensidade que sentia, nem eu...não sei por que fiz aquilo.

-Desculpa-falei- Não quero pular as etapas, só me deu vontade...

-Ta tudo bem- Garden olhou pro teto- Eu também tenho vontade é so que aqui nessas condições nao dá...

Isso para mim só comprovava que Eduardo tinha valores a zelar, talvez fosse provalecimento de minha parte se aproveitar do apagão para...bem esquece.

-Bom , com sorte essa luz volta logo e com sorte Thomas vem nos libertar!-falei desviando o foco.

-éh...ao menos a gente tem o segredo desse desafio e o professor Brown ter que negolir nosso sucesso Manu.

-Sabe Edu-supirei pensando longe-eu ainda acho esse jogo muito estranho.

-Pode ser uma nova didática, pra deixar os alunos loucos-Riu ele de nervoso.

Eu  fiz sinal de negativo.

-Tem coisas que são estranhas...aquele simbolo com os triangulos com iniciais wcee, aquilo de longe é misterioso demais.

-Aquele que aparece no thoten?-perguntou ele confuso.

-Não só no thoten, hoje vi na excalibur...so não falei nada pra não assustar.

-Você acha que é uma charada?-perguntou  desconfiado.

Eduardo era estremamente fofo quando encarnava  um investigador.

-Eu não sei, mas tenho a impressão que se descobrimos vamos entender mais do professor e se entendermos o professor saberemos seus proximos passos...

-De qualquer forma nós podemos ver isso amanha...eu te ajudo com a investigação, mas amanha-enfatizou ele.

-Ta bom, boa noite Eduardo Felipe.

-Boa noite Manuela Fernanda.

Depois disso deitei de lado e enquanto apagava podia jurar que escutei alguem balbuciar "boa noite, te amo, fica bem".



O JOGO DO IMPOSSÍVELOnde histórias criam vida. Descubra agora