capítulo 18: MANU A MENINA-LOBA

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Depois da divisão dos turnos decidi ir no banheiro pois o trono me aguardava ( o almoço não tinja me feito bem). O que você espera de mim? Também sou gente!!!

De relance me olhei no espelho, um olhar cansado, de quem serviu a muitas guerras e perdeu tantas outras também. O vidro dos meus óculos estavam tão sujos que eu enxergava tudo envelhecido. Meus olhos âmbar vacilaram por um momento e desfiz a pose.

-É Manu, você é uma ótima mentirosa!-falei para o espelho.

-Vale tudo pra fazer o Cortez se acalmar!!!

Uma voz afável conhecida me responde ao entrar no banheiro. A princípio levei um susto.

-Desculpe Manu-disse a ruiva tocando no meu ombro- escutei algo que não devia?

Maria Alice continuava radiante apesar das sucessivas pressões que " O Jogo do Impossível" a empunhava. Ela era madura o suficiente para ficar quieta mas falar a verdade quando achava necessário.

-Sabe, eu queria ser melhor pra ajudar vocês-falei baixando a cabeça- não sei se fiz o certo em nos separar, só queria diminuir a angustia do Thomas.

Ela abriu a torneira para lavar as mãos (seu esmalte pink combinava com sua personalidade, forte e carismática). Depois da limpeza secou e pelo reflexo do vidro falou:

- As vezes nos precisamos usar a tática do "separar para conquistar".

- Mas  e se mesmo assim a gente não conquistar Alice?-falei preocupada- Eu não sei se aguento a barra...minha decisão pode nos levar ao fracasso.

-É o risco que um líder corre, flor.

-Líder?

Essa palavra não era bem desenvolvida no meu vocabulário, tipo eu não gostava de holofotes, odiava olhares acusadores, odiava oposição nos meus ouvidos...eu só queria me formar. Quanto a diplomacia talvez eu deixasse de lado.

Maria Alice se apoiou na pia de mármore, sua pose poderia ser interpretada como autoconfiança.

-Certa vez uma garota deixou de se declarar pq ficou com medo do inevitável.-disse ela absorta em seus pensamentos.

-Como assim?

-O medo é normal Manuela, mas se ele te impedir de ser quem você é então deve ignora-lo.- Ela saiu do banheiro e foi em direção a porta- Se essa garota tivesse falado que amava aquele garoto, talvez ele não tivesse ido embora...

-Alice eu...

Ela se virou, seus cabelos movimentaram juntamente com seu queixo.

-Eu era a garota. E proibo você de ter medo!!! Medo de ser quem você é!!! 

-E quem eu sou???-perguntei confusa

Ela abriu um sorriso de canto de boca e disse:

-A líder desse grupo. A detentora da sensatez e da justiça, a voz da soberania, aquela que eu admiro!!!


***


Talvez  o fato de receber o ultimato de Alice me fez sair da minha depressiva incerteza. Apenas senti vontade de sair do andar dos laboratório e voltar na área externa. No meio do caminho encontrei duas figuras masculinas conversando.

- Você vai mesmo cara?-perguntou Thomas.

Ele estava com o look cientista louco, jaleco branco, óculos de proteção e três recipientes para coleta de material. O qual estava preenchido de algo escuro, talvez amostra de raspagem da rocha da excalibur.

-Vou cara...-ítalo falou.

Pelo tom de voz aquilo parecia algo normal pra ele.

Encarei os dois e Thomas logo me conheceu.


- Manuuuuuuuu!!!!!!

Ele correu me dar um abraço, o que foi um pouco constrangedor visto que não  tinha constume de abraçar homens (exceto Edu quando estava muito carente).

-opaah-falei mesmo aceitando o gesto- cuidado com as amostras velho!!!

-Certo, perdão!-ele  espedregou-se

-Relaxa gatinha, ele só está feliz que você assumiu a "matilha"- ele fez com os dedos os aspas da frase.

-Alguém precisa levar a culpa se tudo der errado e  se seu sacrifício for em vão barba rasa.

Ítalo sorriu, não sei se foi pelo meu olhar amigável ou por chama -lo pelo apelido personalizado.

-Diga pra ele Manu, diga que vai dar m#rd8 esse encontro-suplicou o cientista loiro.

-Vai dar merd9  ítalo!!!

-Ouviu Ítaaa???

-Sou maior de idade , logo -ele arqueou as sombrancelhas- Eu vou!!!

-Você nem gosta dela seu banaca!!!-Thomas soltou fogo pelas ventas.

-Olha na boa, deixa eu tentar...ao menos me divirto-Ele comfessou.

-Diversão você encontra na Disney. Mulher não  é objeto Ítalo, a gente tem sentimentos!!!-meu tom de foz vacilou. 

Eu estava começando a ficar incomodada pelos rumos da conversa.
Ele sorriu sarcasticamente pra mim e disse:

- Sentimentos Manu?- fez biquinho, encenando choro -Nem você  acredita nisso, fala sério???

Ele saiu e foi em direção ao estacionamento. Hoje o bad boy estava com uma Hilux branca, o SUV devia ter ficado na garagem do Romanovisck. Ao menos ele tinha um encontro. E eu  e Edu que tínhamos trabalho a fazer e perderíamos a cerveja.

-O que eu vou fazer com ele hein?-Thomas não pode conter sua frustração.

-Por que não começa ajudando ele a respeitar mais as mulheres?-Ironizei

-Acho que a pessoa mais capacitada aqui é você, líder da alcateia.-Riu ele- Vem!!! bora fazer nosso turno!!!






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