Passei o restante do meu domingo em off dos acontecimentos do segundo turno. Um pouco porque fiquei ofendiada com a dispensa do "senhor helicoptero" e outro porque eu realmente achava que precisava de um tempo pra mim.
Pedi carona para a mãe de Thomas quando ela veio buscar o filho (sim ele não tem carteira), tipo não quero ser ingrata com o Edu mas eu não estava bem pra aguentar o caminho de volta com ele...
Tinha ficado com uma fama de "casal do escurinho" e estava poupando a todos de ter mais motivos para desconfiar.
Agora estava eu aqui na mesa de jantar com meus pais a conversar dos preços altos do mercado e a tatear os espaguete de macarrão a bolonhesa de minha mãe.
-E aí querida como esta a faculdade?-Pediu meu pai.
Ele devia ter percebido que não estava focada na conversa sobre "inflação das carnes" ( afinal de contas eu sempre gostava de debater sobre inflação e afins).
-Ah...mais ou menos.- Desviei o olhar para o prato- Não estou conseguindo pegar certos pontos do estágio.
Quando digo estágio entendam " jogo do impossível".
- Beth passa a salada por favor!-Pediu ele com um olhar de "ajuda aqui".
-Manuela você de devagarinho pega o jeito filha...-Incentivou minha mãe enquanto passava as leguminosas ao meu pai inquieto.
-Mãe por que eu quis fazer Relações Internacionais mesmo???Tipo eu podia ter feito algo mais fácil!!!
Meus pais se entre olharam e o senhor Antônio calmamente tirou seu óculos de armação retangular, ele com a mesma camisa de botão creme e com olhar simples de quem passou 30 anos de sua vida sendo marceneiro em uma empresa de moveis, gesticulou sério:
-Uma vez a minha garotinha tinha medo de subir em árvores-Suspirou ele se lembrando da cena- Ela não queria subir de jeito nenhum na árvore da praça por medo... lembra Elizabeth?
Minha mãe assentiu.
-E eu pacientemente disse a ela enquanto tremia amedrontada ao se aproximar do pé de jabuticaba... Se lembra Manu?
-PAI eu era nova, não sabia...
-E eu disse: " você é mais forte que o seu medo"- Me cortou ele- "se é impossível subir nessa árvore então faça ser possível"
Senti meu pai retroceder alguns anos no tempo e após isso sorriu para o nada.
-Subir em árvores é diferente de fazer faculdade PAI!
- Não minha filha, a lição é a mesma!-Sorriu ele calmamente- Você sabe que quis fazer esse curso porque é difícil e você...
Ele olhou para a minha mãe, que por ansiedade catava os pequenos pedaços de cebola do molho.
-Assim como sua mãe... gostam do difícil. Porque em suas mentes torna-se fácil.
-Sera que não seria teimosia continuar ?-falei amargurada.
-O que você quer dizer Manuela?-pediu Elizabeth preocupada
-NADA NÃO...
Sai da mesa apresada e fui alimentar Pink com ração balanceada.
Aquele não era o momento certo para confessar aos meus pais que meu estágio estava me atormentado psicologicamente e que de estágio não tinha nada...
Serio Manu, por que você gosta de coisas impossíveis? De escalar uma árvore para tirar uma espada da pedra tem diferença!!!De repente uma voz surgiu em minha mente: "você vê aquilo que eles não enxergam" " você é a lâmpada"
Em fração de segundos a voz do velho idoso de cinza me remeteu a pontos que nunca tinha parado para pensar antes...o símbolo... as letras...será que é um código?
-Pink do céu!!! É isso!!!-Gritei para minha gata mourisca.
-Miau?!-respondeu a bichana.
Corri para o computador e no restante do domingo me preocupei única e exclusivamente com o dossiê que revelaria sobre quem realmente era esse tal de jogo do impossível...ou melhor o que estava por trás de Mr. Robinson Podeski Brown!
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O JOGO DO IMPOSSÍVEL
RomansAté onde você conseguiria ir para passar em uma disciplina na faculdade? Quando o professor de cálculo de Manu lhe deu a proposta de ter uma segunda chance de passar na disciplina que ela mais odiava, ela não pensou duas vezes. Agora ela e mais 5...