Ella é uma moça simples. Atenciosa e um tanto tímida. Sua ingenuidade fazia a realidade ser menos dura, mas nada apagava o sombrio de sua vida. De seus dias mórbidos, e da solidão que a mesma sempre esteve, mas que jamais foi capaz de se acomodar.
E...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Um dia antes.
Abro os meus olhos cuidadosamente, na tentativa de me acostumar com a claridade do meu quarto pequenininho.
Ett não estava aqui. Eu não sentia o seu valor, ao contrário, sentia muito frio.
E era tão raro acordar e não vê-lo aqui. E acabo de descobrir que não quero sentir isso nunca mais.
Eu sempre era a primeira ao acordar. Ele sempre esperava por mim, antes de sair de casa. Eu gostava dessa companhia.
Hoje a cafeteria permaneceria fechada, o que indicava que eu passaria o resto do dia sozinha, e com saudades.
Era inacreditável o tamanho da falta que Ettore me fazia.
Suspiro me retirando da cama. E ainda meio zonza, caminho até a minha sala para logo me jogar no sofá.
O sol era tão ausente por aqui. Clima gélido costumeiramente, e o céu num absoluto breu e névoa.
Eu amava o frio, mas o calor me fazia falta.
O dia já estava triste, não tinha motivos para sair de casa. Afinal, sem trabalho, e sem o Ett.
Eu precisava estar paciente, e esperar que o Ettore voltasse. Eu deveria me acostumar rápido com a sua ausência, eu não poderia perdê-lo por eu ser tão dependente dele.
O seu carinho, beijo e o cuidado comigo era tão incrível. Apesar dele dizer que tudo aquilo era o mínimo, soava como o máximo.
Ettore me preencheu tudo com o que ele tinha, até o que o não tinha. Ocupou o espaço vazio do meu coração, e me amou.
Ele foi a minha esperança. Me salvou para que eu não morresse sem ter tido a chance de descobrir o que era se sentir verdadeiramente amada.
Saio do meu sofá após ouvir a minha barriga rugir, indicando a minha fome.
Abro a minha geladeira, e sorrio boba ao encontrar um pedaço generoso de torta de morango. Analiso a embalagem com cuidado, e levo até a mesa ansiando para experimentá-la.
Logo noto a presença de um bilhete escrito à mão em cima do jogo de porcelana que eu deduzi ser do Ettore.
"Acordei mais cedo para lhe agradar antes que acordasse. Espero que esteja divino tanto quanto a sua. Se cuida, minha pequena."
Com amor: Ettore.
Levo um pedaço até a boca e me permito suspirar em apreciação. Estava divino, a mistura de sabores era maravilhosa.
A atitude do Ettore havia me deixado feliz. Ele ter se dado o trabalho de ir até a cafeteria para me comprar um pedaço de torta era um gesto gentil.
