Sinto o meu rosto ser acariciado gentilmente pelas mãos quentes de Ella. Estávamos em silêncio, apenas com os barulhos de sucção que eu fazia para tomar o meu leite.
Já havia se passado um tempo desde a nossa conversa. Ella se encontrava totalmente perdida em seus próprios pensamentos, ela demonstrava isso com facilidade.
Eu não ousei dizer mais nada sobre aquela conversa, eu já estava carregado em culpa, e sentia medo de onde aquela conversa poderia chegar.
Mesmo que fosse necessário.
Eu temia tanto pela verdade, e piorava toda a situação por eu ainda mentir para Ella. Mesmo que minha intenção tenha sido para protegê-la.
Talvez protegê-la de mim.
Eu era calmo quando se tratava dela, mas com todo esse caos que estão fazendo Ella passar, tem me deixado mais transtornado.
Eu jamais tivera a chance de sentir pena, remorso ou culpa por quem eu era, mas mentir para a minha mulher soava desmerecedor do seu amor.
Estava numa encruzilhada entre dizer a verdade, e correr o risco de perdê-la para sempre, ou mentir para tê-la.
Eu nunca suportaria viver ser a minha Ella.
— Um beijo pelo os seus pensamentos. — Arrisco tendo seu mamilo em meus lábios.
Ella levou sua atenção para mim, e sorrio encantada por me encontrar mamando o meu leite. Isso sempre parecia lhe aquecer.
— Em você.
Franzo o cenho surpreso com a sua confissão, mas logo um sorrisinho sacana brota em meus lábios, e a puxo para se sentar em meu colo.
— Prossiga. — Encorajo-a que suspira antes de cruzar seus braços fazendo os seus peitos espremerem.
Porra.
— Ella! — Advirto-a tentando não me desconcentrar.
— Eu sinto algo.
Ingiro suas palavras com muito cuidado, e levo minha mão até o seu rosto desferindo uma carícia enquanto encarava os seus olhos com cuidado.
— Sobre o que exatamente, pequena? — Indago aéreo tendo os seus olhos fixos nos meus.
— Que você está me escondendo algo. — Sussurra um tanto dolorosa com aquilo.
Meu rosto volta a estar totalmente neutro, e minha única demonstração era o vazio. O que eu poderia dizer? Eu já não suportava mais mentir.
Respiro fundo, e tento abaixar a alça de sua blusa para que eu me acalmasse com o meu leite, mas isso que eu pudera conseguir, Ella me impede.
Choramingo me sentindo de alguma forma rejeitado com aquela atitude de ter me negado, eu queria o meu leitinho.
Sinto Ella segurar as minhas mãos delicadamente, sendo-as apertadas tentando de alguma forma me transmitir coragem.
Ella me conhecia tão bem?
Eu era um assassino frio, mas ela realmente me conhecia o suficiente para saber quando eu estava mentindo ou omitindo?
— Seja verdadeiro comigo. — Fala firme, mas sua voz ainda era serena.
Ella estava calma, apesar de transparecer uma certa tristeza, mas eu totalmente consumido pela culpa. Eu estava me sentindo mal por tudo ter mudado em tão poucas horas.
Rodeio sua cintura, e abraço o seu corpo apoiando o meu queixo em seu ombro. Não demora até que eu sinta as suas mãos em meu cabelo.
Eu não queria perder a minha menina.
— Eu sou um assassino.
Sinto Ella arfar de imediato, e o seu carinho em meu cabelo cessar. Meus olhos agora estavam fechados fortemente, eu não tinha coragem de encarar a expressão que havia em seu rosto.
As mãos de Ella escorregam para longe de mim, mas ela ainda estava em meu colo, e eu ainda rodeava a sua cintura com medo.
Ella não havia dito uma palavra sequer, e eu temia tanto por isso. Eu precisava escutar algo, mesmo que fosse a rejeição.
— Diga alguma coisa, neném. — Suplico apertando-a em meus braços, tentando de alguma forma ter o seu toque de novo sob mim.
Me desvencilho dela ainda de olhos fechados, buscando coragem de encarar a verdade em seus olhos.
Conto diversas vezes antes de abrir os meus olhos e encontrar os olhos perdidos de Ella. Parecia horrorizada.
Com medo.
— Está com medo de mim? — Indago em angústia.
Ella sai de seu transe torturante, e leva a sua atenção para mim, fixando os seus olhos nos meus. E antes que eu pudesse tocá-la de novo, a mesma se afasta de mim.
Um bico se forma em meus lábios.
Ella estava de costas para mim e agora cobria os seus seios com as mãos, e seu ato havia me acertado como um tiro.
Um tiro certeiro em meu coração, ocasionado pela única pessoa que tivera poder o suficiente para me causar dor.
— Ella, não se esconda de mim. — Falo baixo tentando me aproximar, mas a mesma se encolhe.
E mais um tiro.
— Eu preciso pensar. — É tudo o que ela diz antes de sair correndo em direção as escadas.
Ainda atordoado, me jogo no sofá esfregando o meu rosto com brutalidade sentindo a culpa me consumir cada vez mais.
Eu precisava respeitar o seu espaço agora.
Sinto uma lágrima escorrer do meu rosto, e caminho com dificuldade até as escadas, subindo-as até o nosso quarto, onde eu achei que ela estaria.
Mas não estava.
Suspiro triste, e caminho rapidamente até o quarto de hóspedes tentando de alguma forma saber onde ela poderia estar.
Trancada.
Escorrego as minhas costas sob a porta, e encosto minha cabeça na parede sentindo cada vez mais lágrimas caírem dos meus olhos.
Eu estava com tanto medo de perdê-la.
Eu conseguia escutar o seu chorinho baixo o que me deixava ainda mais angustiado com a situação. Eu só queria abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem, mas agora ela temia a mim.
Minha boca salivava querendo mais do que tudo tê-la, me dando carinho enquanto eu mamava o meu leite docinho.
Abraço os meus joelhos, e acomodo o meu corpo no batente da porta tentando de alguma forma me consolar da dor que eu sentia.
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Com amor, Ettore
RomansaElla é uma moça simples. Atenciosa e um tanto tímida. Sua ingenuidade fazia a realidade ser menos dura, mas nada apagava o sombrio de sua vida. De seus dias mórbidos, e da solidão que a mesma sempre esteve, mas que jamais foi capaz de se acomodar. E...