Esfrego minha têmpora sentindo pontadas em minha cabeça. Estava insuportável, e eu tentava inutilmente ignorar aquilo.
Porra!
Me sinto tão vulnerável.
Eu tinha cinco malas cheias, cada uma com 100 mil dentro, e apesar da quantidade absurda de dinheiro, eu não estava nada preocupada.
Era indiferente na minha vida. Ella era muito mais importante e essencial para mim, o resto seria apenas detalhes.
Eu tentava ignorar a raiva por enquanto, precisava ser racional, e não poderia jamais agir por medo. Quanto mais perverso eu estivesse, menos árduo seria o trabalho.
E essa era eu de verdade. O assassino cruel e sádico que jamais devera ter cogitado em ser bom algum dia. Admito, eu errei, mas foi pensando em ser bom para Ella.
Só ela merece o meu melhor.
— Ella tinha que estar comigo! — Soco o volante me sentindo atordoado.
"Acalme-se, Ettore. Sua hora irá chegar."
Quem eu queria enganar? Estava tentando me acalmar, mas isso só me frustrava cada vez mais e mais.
Eu não me perdoaria se algo grave tivera acontecido com ela.
Prenso minha língua no céu da boca, e sinto a trava bruta em meu maxilar. Estava encucado e raivoso com todo esse mistério fodido e desnecessário.
Quem?
Quem poderia ter levado-a de mim?
Inimigos?
Meus ou dela?
Sua família voltando para atormentar?
Talvez, isso era quase uma certeza.
Observo o local totalmente coberto por breu. O sol já havia partido, apenas a luminosidade dos postes estava presente, o que não servia de porra nenhuma.
O local era úmido e pouco arejado. Estava cheio de árvores podres e quase todas caídas pelo barro do chão.
Um lugar fodido, onde Ella jamais devera ter estado antes.
"Eu vejo você."
Com o celular ainda em mãos, analiso o gramado com cuidado tentando enxergar algo que chamasse a minha atenção.
Nada.
"Desça do carro. Eu quero ver o dinheiro em suas mãos. E eu acho que não preciso avisar sobre suas armas, Lachance."
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Com amor, Ettore
RomanceElla é uma moça simples. Atenciosa e um tanto tímida. Sua ingenuidade fazia a realidade ser menos dura, mas nada apagava o sombrio de sua vida. De seus dias mórbidos, e da solidão que a mesma sempre esteve, mas que jamais foi capaz de se acomodar. E...