Runaway

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“Mas você estava vivendo em um outro mundoTentando passar sua mensagemNinguém ouviu uma única palavra que você disseEles deveriam ter visto nos seus olhosO que se passava pela sua cabeça”

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“Mas você estava vivendo em um outro mundo
Tentando passar sua mensagem
Ninguém ouviu uma única palavra que você disse
Eles deveriam ter visto nos seus olhos
O que se passava pela sua cabeça”

Bon Jovi - Runaway

Lenora Hills, Califórnia.
1986, Casa dos Vckeen.
[Tyler]

Com a respiração ofegante, pijama grudando e os olhos saltados, encaro o reflexo de uma casca vazia no espelho do banheiro. É tudo que ainda resta de mim mesmo.

Pela milésima vez no mês, eu tive o mesmo pesadelo infernal. Um tipo de paralisia do sono onde eu me encontro preso por tentáculos e tudo a minha volta se torna vermelho, badaladas de relógio explodem meus ouvidos e uma voz, quase um sussurro, chama por mim.

Uma voz que eu nem sequer reconheço.

Por dois miseráveis anos eu sonho com isso, sonho com a destruição, sonho com a minha morte. Uma morte que eu não sei quando e nem como evitar.

Eu tentei fazer parar. Remédios, orações, sessões de terapia….nada resolve.

Mamãe diz que são apenas demônios tentando fazer a minha cabeça, mas eu sei, eu sei que é muito mais que isso.

É como se fosse um alerta, um presságio. Como se essa voz tentasse me salvar, mas eles não acreditam. Como os bons religiosos que meus pais são, gostam de culpar o diabo.

Apenas Sam, minha irmã mais velha e confidente, consegue entender como eu me sinto. Dizem que ligação de irmãos é apenas um mito, que um ter as dores do outro é impossível, mas de algum jeito nós dois temos isso.

Assim como eu, Samantha tem tido os mesmos sonhos, com as mesmas cenas, a única coisa que nos diferencia é que ao invés de uma voz, ela vê o borrão de alguém.

Tentamos criar teorias, resolver esse quebra-cabeça, descobrir o porquê desses pesadelos. Infelizmente, nós falhamos.

Sem conseguirmos identificar a voz ou a pessoa que seria o borrão, não podemos fazer muita coisa. Nem mesmo os desenhos que fizemos do lugar em que estamos presos nos ajudou a entender.

Ficamos tão obcecados , que em um momento, nossos pais simplesmente se cansaram e resolveram mudar de cidade para nos fazer esquecer de tudo isso. Na concepção deles, ares novos nos fariam recobrar a sanidade e afastar o mal.

Eles erraram, nós ainda temos nossos "demônios", mas o que mudou, foi que dessa vez escondemos deles.

— Sam, Tyler, o café está na mesa! —Ouvi a mamãe gritar no andar de baixo, desviando da visão deplorável no espelho, encarei o relógio marcando 6:00 em ponto.

Pelo menos hoje não é um daqueles dias em que eu acordo no meio da madrugada, e eu agradeço internamente, afinal é segunda-feira.

Jogo água gelada no rosto, volto para o quarto e agarro minha toalha. Eu não estou com fome de qualquer jeito, então para não estragar meu disfarce de quem teve uma ótima noite de sono, opto por tomar banho e tirar a camada espessa de suor que gruda no meu pijama.

A Maldição De Vecna - 𝑾𝒊𝒍𝒍 𝑩𝒚𝒆𝒓𝒔 Onde histórias criam vida. Descubra agora